Durante nuitos anos, as quarta-feiras de cinzas em Caxambu ficaram marcadas pelo cenário deprimente deixado após a folia descontrolada. As ruas nas ruas do centro da cidade expunham as marcas da depedração, além de exalar os odores residuais provenientes da transformação do local em uma espécie de cloaca máxima a céu aberto - uma sequela desagradável, que perdurava no ambiente durante vários dias.
A transferência do palco destinado ao carnaval de rua para o "Espaço Folia", localizado a dois quarteirões de distância, também teve o mérito de liberar o centro de Caxambu do jugo imposto pelo monopólio criado pela multidão concentrada no cruzamento das principais artérias do centro urbano e turístico da cidade, paralizando todas as demais atividades e colocando a cidade na condição de refém do carnaval.
Quem esteve em Caxambu durante o último carnaval pode assistir a cenas até então inimagináveis, como voltar a ver famílias, crianças e turistas desfrutando a liberdade de poder circular tranquilamente pelas ruas da cidade, além de poder optar por consumir tranquilamente no comércio local - que antes era constrangido a colocar barricadas em suas portas e trocar a venda de suas mercadorias originais por hot-dog, churrasquinnho e cerveja.
Por falar em aumento de consumo, colhemos informações de comerciantes locais sobre o aumento do faturamento, inclusive no setor de abastecimento - com o registro de um aumento de cerca de 20% sobre as vendas do ano passado. Logicamente, trata-se de uma conseqência da elevação do padrão de visitantes alojados em casas e apartamentos - alterando-se o perfil do grupo que trazia os próprios mantimentos de casa, consumindo na cidade apenas latinhas de cerveja, após esgotado o estoque trazido de fora.
Embora existam aspectos muito positivos, como o sucesso do "Carnaval da Saudade", o retorno dos desfiles das escolas de samba, e das melhorias realizadas no "Espaço Folia" ainda há muito que se pode melhorar em relação ao carnaval de Caxambu - que também teve seus pontos fracos. O amadorismo e a falta de planejamento ainda imperam na organização do evento, cronicamente obrigado a recorrer à improvisação, com a adoção de meias medidas e às correrias de última hora.
O carnaval de Caxambu mudou, mas faltou divulgação para informar a novidade aos turistas, além da antiga ausência do chamado Turismo Receptivo - deixando o visitante praticamente sem informações sobre as opções que a cidade lhe oferece. Ao turista que nunca esteve por aqui, resta apenas fazer suas descobertas ao acaso, ou confiar nas indicações dos moradores.
Improvisação e amadorismo também seguem inalterados na hora da contratação de bandas, palco, e estrutura para o carnaval, onde tudo é deixado para ser resolvido na última hora. Recebemos informações, ainda não confirmadas, que o carnaval 2010 teria custado cerca de R$ 300,000,00 ao município.
Esperamos que o gasto tenha sido bem menor - mas se a informação for confirmada, certamente o elevado custo pode ser atribuido ao açodamento e aos atropelos que acontecem quando se deixa tudo para a última hora. Não é de hoje que se diz que a pressa e a improvisação custam muito mais caro.
Enfim, esperamos que os erros e acertos do último carnaval sirvam para melhorar a realização dos próximos eventos em nossa cidade.
Fernando Victor