Circuito das Águas em busca de turistas
São Lourenço e Caxambu investem em infraestrutura e registram aumento no número de visitantes
Patrícia Rennó - Da Sucursal do Sul de Minas - 30/08/2010 - 18:17
VARGINHA – O Circuito das Águas, que hoje abriga as famosas fontes de águas minerais do Sul de Minas e que teve o seu auge como atração turística entre as décadas de 1940 a 1960, tenta agora retomar o crescimento. Municípios como Caxambu, Cambuquira, São Lourenço e Lambari investem em novas estratégias e na infraestrutura para atrair os turistas, que estão lotando os hotéis.
São Lourenço está entre as cidades que têm o turismo como principal fonte de renda. O setor representa cerca de 76% de toda arrecadação municipal e gera centenas de empregos. Com o intuito de manter os segmento em alta, o município tem apostado, nos últimos três anos, em atrações e produtos oferecidos na própria cidade e deixou de atuar gradativamente com a área de eventos.
A iniciativa já começou a gerar resultados. Segundo os dados do Serviço Autônomo de Turismo (Servtur), entre 2008 a 2010, houve um aumento de 23% no fluxo turístico, algo que não acontecia há 15 anos. Por ano, passam pela estância hidromineral cerca de 260 mil turistas.
O diretor de marketing do Servtur, Mauricio Gabriel Pereira, explica que o número positivo reflete o novo posicionamento da cidade em relação ao turismo. “Nosso foco é atuar na segmentação de natureza e bem-estar, e isso engloba as águas, o café e as montanhas. Deixamos um pouco de investir em eventos e focamos nos produtos locais ligados ao turismo, como a rota turística dos cafés especiais, para atividades do turismo rural, além de festivais culturais”, diz Pereira.
No quesito infraestrutura, São Lourenço possui um dos maiores parques hoteleiros de Minas Gerais, formado por 65 hotéis e pousadas, com capacidade para acomodar mais de 7 mil pessoas. De acordo com a Servtur, a ocupação das hospedagens durante os fins de semana e feriados chega a quase 100%. O aeroporto da cidade também é equipado para receber aeronaves de pequeno porte em pousos e decolagens diurnos. Já a rodoviária oferece linhas diárias aos principais grandes centros urbanos, inclusive com duas linhas diárias para o Distrito Federal.
A estância hidromineral de Caxambu tem encontrado na realização de grandes eventos uma maneira de movimentar o turismo, que corresponde a 28% do Produto Interno Bruto (PIB) do município, segundo dados de 2009. A secretária municipal de Turismo, Angela Aparecida Arantes, explica que, até o fim do ano, já estão agendados vários congressos e eventos na cidade, o que, segundo ela, ajuda a aumentar o número de visitantes e a aquecer a economia.
Ela afirma que, desde os investimentos feitos no Carnaval de 2009, quando foram oferecidos ambientes para todas as idades e gostos, o nome da estância hidromineral tem sido mais divulgado.
O Carnaval, afirma Angela, serviu de cartão de visitas para Caxambu, e agora os visitantes estão lotando os hotéis. “Temos estrutura para grandes congressos, tanto que entre setembro e outubro vamos receber cerca de 8 mil pessoas em um evento. Estamos resgatando o turista com atrações musicais, culturais e oferecendo festivais de gastronomia. Em breve, teremos o de Jazz. Todas essas ações estão transformando Caxambu num turismo diferenciado”, frisa. A cidade hoje oferece 12 hotéis e um centro de convenções.
Balneário de Caxambu passa por reforma
Conhecida pelas belezas naturais, bosques, jardins e pelo valor das águas minerais, Caxambu vem atraindo inúmeros visitantes desde a época do Brasil Colônia. Localizada entre as montanhas, a cidade de 25 mil habitantes também faz parte do Caminho Velho no roteiro da Estrada Real.
Atualmente, o maior atrativo do município é o balneário hidroterápico, que acaba de passar por uma grande reforma. As características arquitetônicas do local, que estava fechado há três anos, foram mantidas. Os vitrais franceses, azulejos e pisos vindos de Portugal e da Inglaterra, com mosaicos e desenhos, compõem o visual do prédio construído no início do século. O interior recebeu um toque de modernidade, onde o turista pode desfrutar de banhos, duchas, saunas e massagens terapêuticas.
O tradicional Parque das Águas, com uma área de 210 mil metros quadrados, também tem sido palco de apresentações musicais e culturais. O ambiente é reconhecido como o maior complexo hidromineral do mundo, por reunir em um só local 12 fontes de água mineral com propriedades químicas diferentes – e reconhecidas por suas atribuições curativas.
Cambuquira floresceu com o turismo nas décadas de 1930 e 1960, o que ocasionou o surgimento de inúmeros hotéis onde se hospedavam turistas de todo Brasil e do exterior. O Parque das Águas é o centro das atenções de Cambuquira, onde se pode passear e beber águas minerais, inclusive de fontes gasosas.
No local ainda há fontes de águas férreas, magnesiana, sulfurosa e gasosa. Há 2 quilômetros da cidade, é possível encontrar a Fonte do Marimbeiro e também a Fonte do Laranjal, que, segundo os moradores, é uma água mineral natural de grande poder terapêutico.
O Parque das Águas é o cartão de visitas de São Lourenço. Ao todo, são 430 mil metros quadrados de alamedas e gramados, um lago com 90 mil metros quadrados de água cristalina para passeios de barco ou pedalinho e áreas de recreação ao ar livre. Os passeios naturais e a história de mais de 100 anos conta à trajetória de um lugar apreciado pelas águas minerais.
Entre os roteiros principais de Lambari está uma estância hidromineral onde se pode desfrutar de piscinas de água mineral. O conjunto arquitetônico e paisagístico é composto pelo Parque Wenceslau Braz e o Lago Guanabara, com 5 quilômetros de extensão.
Lambari e Cambuquira tentam se reestruturar
Outras cidades que já chegaram a sobreviver quase que exclusivamente do turismo agora tentam manter o que sobrou dos tempos áureos. A atividade turística chegou a ser a principal fonte econômica de Lambari, mas hoje representa somente 15% da arrecadação. Nas décadas de 1940 a 1960, as fontes de água e os cassinos eram as atrações da cidade.
O secretário de Turismo, Marcio Biaso de Oliveira, conta que o número de turistas caiu após a proibição do jogo e a falta de novos investimentos no setor. Atualmente, a indústria, o café e as malharias são as atividades que mais geram trabalho no município. A taxa de ocupação dos hotéis também é baixa. Nos últimos anos, três dos estabelecimentos mais tradicionais fecharam as portas.
De acordo com Oliveira, mesmo em feriados e fins de semana, a ocupação da rede hoteleira em Lambari não chega a 50%. “O turista hoje não quer conhecer apenas uma cidade do circuito da águas, mas todas que fazem parte dele. A ideia é nos unirmos para regionalizarmos o turismo”, completou.
Entre as cidades que também estão sofrendo com a queda no número de visitantes é Cambuquira. Mesmo tendo uma das mais importantes fontes de água mineral gasosa do mundo, o município encontra dificuldades para alavancar o turismo. De acordo com a Secretaria Municipal de Turismo, o setor está em baixa, mas tem influência na economia da cidade. A instituição não soube informar os números que comprovem a queda ou elevação do setor nos últimos anos. “Pretendemos fazer um grande levantamento para tomarmos medidas que ajudem a cidade”, comunicou o secretário de Turismo, Belmiro Moreira de Mesquista.
Apesar da falta de estatísticas, a prefeitura reformando o Parque da Águas, principal roteiro turístico do município. “O intuito é melhorar as fontes e estrutura para os visitantes”, disse.
Fonte: Hoje em Dia
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