sexta-feira, 17 de junho de 2011

NÃO PRECISO MAIS MATAR UM LEÃO POR DIA, NEM UM TIGRE
Paulo Roberto Guimarães Moreira *

Esses dias, num depoimento, num grupo de ajuda mútua, eu disse que tinha medo que meus sofrimentos se fossem. Porque, se eles se forem, eu volto à ignorância mundana!
Num desses momentos de sofrimento eu me sentei em posição de lótus na cama e coloquei as costas na parede. Peguei meus livros de cabeceira: “Autobiografia de um Iogue” e “A Eterna Busca de um Homem”, ambos de Paramahansa Yogananda. Abri, ao acaso, depois de pedir a Deus respostas ao que estava vivendo. As sincronicidades ¹ que acontecem, frequentemente, é a prova que me basta, que estou conversando com Deus. Pela segunda vez, em pouco tempo eu abro no meio do capítulo 6: “Swami Tigre”. - Que diabos eu tenho a ver com essa história novamente!? Eu me pergunto, com certa frustração. Mas, dessa vez, a ficha caí e eu fico fascinado.
Swami Tigre é um Santo indiano, que, Yogananda, ainda jovem, na escola secundária, visita, com seu colega Chandi. Em resumo, o Santo lhes conta que antes de ser monge, era domador de Tigres de Bengala. E havia enfrentado esses animais várias vezes e vencido como se estivesse lidando com gatinhos frágeis. E atribuía sua força não só ao seu avantajado físico, mas, principalmente, ao seu trabalhado poder mental. Alertado pelo pai por seu futuro mestre espiritual, quase morreu, na sua última luta com um furioso tigre. Após subjugar mais esse violento animal, quase morreu na luta e durante seis meses depois, em decorrência dos ferimentos. Mas, mais importante que tudo isso, perdeu a felicidade nesse tipo de vitória. Sofreu uma mudança espiritual e encontrou seu mestre que lhe alertou que agora ele precisava domar as feras de sua própria ignorância, as feras de seus hábitos negativos.
Vejam amigos leitores. Eu estou num momento de minha vida onde os tigres, os leões sumiram. Em pleno pleno-emprego brasileiro eu me vejo desempregado há dois anos. Estou aposentado, mas como Professor e Terapeuta não, mas, a vida está a me dizer que esse meu momento é de parar de lutar com os tigres e leões da vida e partir, definitivamente, para minha vida espiritual. Tranquei matrícula no meu curso de Direito e não vejo razão forte para retomar esse curso, porque seria mais um tigre, mais algo externo, contundente a resolver. E o meu momento é outro, é um momento espiritual.
Perceber as mudanças que a vida nos impõe nem sempre é fácil. Mas, algumas vezes, não é uma maçã que caí na nossa cabeça e provoca o despertar, mas, é um jaca. E aí não há mais como não enxergar o que a vida quer nos dizer. Ela é sutil como a pata de um elefante ou como as patas de um felino.
E as notícias são boas. Parei de fumar depois de minha última pneumonia. Tenho entrado na internet, mas, tenho ficado pouco. Minhas orações sobre minhas compulsões têm dado certo. Tenho me alimentado melhor e estou comendo bem menos. Minha glicemia diminuiu sensivelmente. Ontem num grupo de mutuo ajuda uma companheira reclamava da chata cobrança daqueles que se preocupam com a vida dos outros, de se ela está namorando ou não. No meu caso é a barriga. Minha barriga incomoda todo tipo de pessoas: médicos, gays, amigos, inimigos. A mim me incomoda, mas, não a ponto de me paralisar. Minha barriga é o vilão. Responsável pela diabetes segundo uns. Prejudica a circulação de minha perna, a passagem para a cadeira de rodas e a saída. Mas, será que nessa altura do campeonato dá para perder a barriga? Eu ando com uma folha na minha pasta de documentos com essa frase escrita em letras garrafais: CUIDE DA SUA VIDA! E tem gente que acha que isso é falta de educação. Ora, e preocupar-se com a vida dos outros não é? Quando não agüento mais eu mostro a folha para o (a) algoz que vira vítima. Eu paro sempre num setor de farmácias para comprar remédios. Lá tinha uma pedinte que vivia me perguntando onde estava a aquela moça que trabalhava comigo? Se ela dormia na minha casa? E mais um monte de perguntas. Um dia eu lhe perguntei: - Você quer parar de pedir esmolas? Ela perguntou como? Eu respondi: Cuide da sua vida, que você acaba parando, porque do jeito que você é você não tem tempo de cuidar da sua e aí só mesmo pedindo esmolas.
Sou o meu maior cliente de florais. Aliás, sou porque sou um dos poucos que entendo como funciona e o valor que eles têm. Então, trato de minha insônia combatendo a falta de confiança em mim, o medo, o pânico, os pensamentos repetitivos, a negatividade. Ando com uma fórmula que chamo EMERGÊNCIA onde trabalho a raiva, a amargura e o ressentimento, a hipersensibilidade, a intolerância, a impaciência, o desequilíbrio e o envenenamento emocional. Ando com outra fórmula para compulsão, excesso de entusiasmo, dificuldade de dizer não, angústia pelo vazio espiritual, e novamente pelos pensamentos persistentes. Ainda outra para levantar dos tombos caídos, fé, esperança, força para carregar minha cruz, pensamentos positivos, aceitação e paz interna. Nossa, Paulo, você tem tudo isso? Sim, e muito mais. Sou uma célula do universo e tenho tudo de bom e de ruim que ele tem inclusive a “síndrome da santidade precoce”, que é, às vezes, achar que sou “santinho” e que sou melhor que os outros, mostrando mais facilidade de ver os defeitos dos outros que os meus.
Como vêm, travo a maior de todas as batalhas a luta contra meus próprios defeitos, meus hábitos negativos, muitos deles, de muitas vidas passadas.
Brasília, 15 de junho de 2011

* Paulo Roberto Guimarães Moreira está escrevendo o livro: “RELAXA: VOCÊ ESTÁ SENDO CONDUZIDO”, do qual essa crônica faz parte, mas, onde tudo começa com um sonho ou com uma comunicação cósmica como acha a Psicóloga Ede. Aguardem!