quarta-feira, 19 de outubro de 2011

QUE É ISSO MAESTRO? QUE É ISSO CORREIO BRAZILIENSE?
Paulo Roberto Guimarães Moreira *

O Correio Braziliense teve a infelicidade de no sábado, 15 de outubro passado, publicar um artigo ou crônica intitulada: “Abertura da Copa do Mundo”, do compositor e maestro Jorge Antunes. Em 1990, Jorge Antunes e eu fizemos parte de nossa campanha juntos: ele para deputado distrital e eu para federal. Foram momentos engraçados. O maestro é um grande gozador. Mas, agora ele escreve um artigo extremamente preconceituoso onde mistura ratazanas, mulatas, passistas, pessoas com deficiências em cadeira de rodas, o Pelé, a Dilma e a Gisele Bündchen para fazer um quadro de horror. Ora, maestro, ora Correio Braziliense, os senhores não têm algo melhor para fazer? Tanta coisa importante acontecendo no mundo, no Brasil e em Brasília e os senhores em pleno sábado, em área nobre do jornal disseminando racismo, preconceito? Que decepção? Pensei em processar o Jorge Antunes por danos morais, mas, ele era meu amigo. Como vou processar um amigo? Meu amigo, minha veia musical sempre foi um pouco atrofiada, mas, se essa sua crônica fosse uma música, seria das piores músicas que já ouvi. Do Correio Braziliense, que sou assinante há décadas e do meu amigo Jorge Antunes eu esperava o contrário: a luta pela melhoria da imagem dos grupos segregados. Nunca o contrário. Sei que o preconceito está no inconsciente coletivo e como nos mostrou Freud de repente emerge num ato falho. Mas, publicar ato falho é demais! Sei, também, que o discurso politicamente correto, muitas vezes é chato, mas, terei eu que enumerar os defeitos do maestro e do jornal para me sentir melhor? Será papel de intelectuais e da mídia alardear preconceitos ou seria o contrário? Não sei o que é pior se o preconceito velado ou se escancarado?

* Paulo Roberto Guimarães Moreira é paraplégico, Economista e Mestre em Filosofia pela PUC-Rio.