Aristóteles Drummond: Santa Princesa Isabel
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O processo não se baseia apenas na decisiva participação na Abolição da Escravatura — que ela iniciou em 1871, com a Lei do Ventre Livre, e terminou com a Lei Áurea, de 1888, o que por si só justificaria o pedido —, mas pela sua intensa vida religiosa e fé integral. É sabido que, com dificuldades para conceber, foi a Caxambu tentar um tratamento, com muita fé e oração, onde obteve o dom da maternidade. E deixou na cidade uma capela dedicada a Santa Isabel. Curioso é que, antes, duas rainhas com o mesmo nome foram beatificadas e santificadas: em Portugal e na Hungria.
A Princesa Isabel criou filhos e netos no catolicismo no Brasil, primeiro, e no exílio, depois — aliás, os Orleans e Bragança mantêm até hoje inquebrantável fé.
O Brasil muito deve aos 49 anos do Segundo Reinado, que contou com diversas regências da princesa, herdeira do trono brasileiro, que viveu na França por 33 anos com o coração voltado para a pátria. E jamais reclamou da forma com que se deu a mudança do regime e, especialmente, a maneira com que a família Imperial foi embarcada para o exílio, sem o conhecimento do povo, que amava o Imperador.
Certamente o ano marcará intensa mobilização de católicos, muitos de irmandades criadas por antigos escravos e seus descendentes, na busca de sinais que permitam o bom andamento do oportuno pedido. A Princesa Isabel foi criada dentro dos princípios éticos e morais de seu pai, o Imperador, que morreu no exílio modestamente, tendo se recusado a receber uma soma que lhe fora oferecida pela constrangida República.
Até hoje, em largas faixas da população, a princesa no Brasil e condessa na França é lembrada com o título de ‘Mãe dos Brasileiros’. Que a igreja, sempre criteriosa nesses casos, faça da grande brasileira a cristã beata, uma vez que fundamentos não faltam. Um belo legado de bondade, simplicidade e correção, em que nunca faltou a fé.
Aristóteles Drummond é jornalista
Fonte: O Dia Online