sábado, 18 de fevereiro de 2012

ENTREVISTA COM O PREFEITO DE CAXAMBU LUIZ CARLOS PINTO (segunda parte)

Por Esther Lucio Bittencourt

Visão parcial do Balneário do Parque das Águas de Caxambu


Todos devem lembrar-se da fábula de Esopo “ O Velho, o menino e o burro”. Iam os três montados no burro, passantes reclamaram; o velho desceu e ficou o menino; criticaram novamente, o velho subiu, desceu o menino; outro protesto e os dois seguiram apeados. Gozaram de novo: então os dois carregaram o burro nas costas.

Nesta situação está o prefeito de Caxambu/MG, Luiz Carlos Pinto; se faz , como trazer um consórcio de universidades mineiras para a cidade, fato inédito no Brasil, criticam; se não faz, como permitir que os foliões pulem carnaval no centro da cidade, por questões de conservação do patrimônio, está destruindo o turismo da cidade. Todos reclamam por da cá aquela palha sem apresentar solução para o problema do qual reclamam.

SOBRE A LICITAÇÃO DAS SALAS DO BALNEÁRIO

Esther - A cidade alega que o senhor favoreceu na licitação uma pessoa que saiu do Balneário de São Lourenço e ficou com 9 salas do Balneário de Caxambu.

Prefeito de Caxambu, Luiz Carlos Pinto

Luiz Carlos Pinto - Aqui em Caxambu não há nada de errado com a pessoa. Por que foi feita a licitação? Durante muitos anos, mas muitos anos, antes de minha gestão, fazia-se contrato com as pessoas que desejavam trabalhar nas salas. A coordenadoria do Tribunal de Contas informou que este procedimento é incorreto, a partir de denúncias que recebeu. Aí você me pergunta, por que os outros governantes não precisaram fazer licitação para a ocupação de salas do Balneário? Porque nunca houve denúncias. Elas só acontecem no meu governo. De uma forma foi bom, porque legalizamos tudo, mas parece que sou eu é quem estou errado.
No entanto, seguimos o mesmo esquema de outros prefeitos. Até, claro, que haja uma denúncia. Havia salas desocupadas no Balneário, as antigas estavam ocupadas pelas pessoas de 20 anos atrás, sempre, nunca mudou nada.

Qual a cidade que não tem sua igreja com o sino tocando a hora da missa? A nossa. Porque alegaram que ele estava fazendo muito barulho, entraram com ação, e o sino está proibido de tocar. A Igreja Matriz está muda... Em outros governos ele tocava? Sim, claro que sim. Mas, no meu, conseguiram calar o sino.

Sabe o que me parece? Que cancelaram o canto do galo pelas manhãs.

O mesmo aconteceu com a sirene do Parque das Águas. Ela tocava religiosamente avisando o início do trabalho, a hora do almoço e o fim do expediente. Emudeceu, por ação movida contra ela.

Veja bem, por que Noel Rosa escreveu a música “Três apitos”? Porque a fábrica de tecidos apitava dando as horas, simples. Caso isto não acontecesse não haveria a música que retrata uma tradição.

Vejo hoje pessoas que querem reclamar em meu governo porque há muitos anos tiraram o murinho que circundava a praça em frente à Prefeitura. Isto aconteceu há muitos e muitos anos e nunca ninguém reclamou.

Era tão tradicional como o sino da Igreja ou a sirene do Parque das águas.
Dois pesos, duas medidas?
Como posso interpretar estes atos? Eu não sei.

Mas voltando às salas do Balneário. Umas salas estavam desocupadas e esta pessoa chegou com uma proposta diferente, com outros tipos de banho, melhorando as opções antigas, por que não? Todos discutiam que o Balneário estava parado, que não tinha opções. Ela melhorou o atendimento no local, por exemplo, de mil reais por mês o ganho da Prefeitura subiu para oito mil. Aí denunciaram que o contrato estava errado e fizemos a licitação.

A licitação é aberta a qualquer pessoa! Pessoas especializadas analisaram o mercado de imóveis em Caxambu, por metragem das salas, e estabelecemos o preço. Tanto é que no bar ninguém quis ficar, não apareceu ninguém para assumir, pois ele tem preço diferenciado.

Ora, se aparecesse alguém que oferecesse mais pelas salas certamente ganharia a licitação que tem leis e regras a serem seguidas. Mas não apareceu nada neste sentido. Os envelopes das propostas chegam fechados para serem analisados. O valor das salas foi cotado pela Prefeitura, por exemplo, esta sala vale duzentos reais, como você pode garantir o que a pessoa colocou de preço no envelope se ele está lacrado? As pessoas colocaram o valor que desejavam pagar. Esta pessoa ficou com a sala porque a proposta dela foi a melhor. Na verdade, ela fez um cálculo que todos deveriam fazer: definiu quanto ela ganhava antes, por exemplo, se ela ganhava mil reais por mês, então ela não pode oferecer mil e duzentos reais pelo aluguel da sala, ofereceu o que daria margem de lucro para ela e um valor justo pelas salas. Os demais não: sabiam o valor das salas e colocaram duzentos e dois, duzentos e sete... Aí erraram. Ela fez a melhor proposta e ganhou. Não porque favorecemos, mas porque fez a melhor proposta, repito! E quero deixar claro que os preços citados acima eu estou dizendo para exemplificar, para as pessoas entenderem o raciocínio de cada um que participou da licitação, pois não sei dos números oficiais. Há salas de vários valores.

No tocante, eu a teria favorecido se tivesse confidenciado a ela: “olha, fulano vai colocar tal preço; beltrano, outro; você coloca um pouco mais e leva as salas”. Aí eu estaria sendo venal e a teria favorecido. Mas todos nesta cidade sabem que não sou assim. Nasci e fui criado aqui. Minha família é conhecida de todos, e como disse, o envelope vai lacrado.

Por exemplo, o proprietário da loja Chocolate da Titia, que tem comércio lá há anos também ganhou a licitação e está lá mesmo tendo alugado uma sala no Boulevard Avenida.

É uma lástima que seja preciso explicar estas coisas como se fosse bê-á-bá. Licitação todos sabem o que é, mas fizeram piquete na porta da Prefeitura em reclamação. Ora, porque não apresentaram suas propostas? Se fossem melhores, certamente, ganhariam.”

*

Esther - Tem mais semana que vem. Vamos esmiuçando cada detalhe reclamado por algumas pessoas da cidade, em entrevista com o Prefeito Luiz Carlos Pinto. 

Fonte: Jornal Primeira Fonte
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