DIA DE FINADOS - ASPECTOS HISTÓRICOS DA MORTE
Do lat. mortem - É a cessação da vida e manifesta-se pela extinção das atividades vitais: crescimento, assimilação e reprodução no domínio vegetativo; apetites sensoriais no domínio sensitivo. Sempre foi vista como mistério, superstição e fascinação pelo homem.
Quando passamos a distinguir nosso próprio corpo do corpo da mãe, desde muito cedo, ainda bebês, somos obrigados a aprender a nos separar de quem ou daquilo que amamos; a primeira separação é pelo corte do umbigo. A princípio, convivemos com separações temporárias, como por exemplo, a mudança de escola. Mas chega uma hora, que acontece a nossa primeira perda definitiva: alguém que nos é muito querido, um dia, se vai para sempre. É justamente esse “para sempre” que mais nos incomoda.
Porém, quanto mais conscientes estivermos de nossas mortes diárias, mais nos preparamos para o momento da grande perda de tudo que colecionamos e nutrimos durante a vida: desde toda a bagagem intelectual, todos os relacionamentos afetivos, até o corpo físico.
Com o distanciamento cada vez maior do homem em relação à morte, cria-se um tabu, como se fosse desaconselhável ou até mesmo proibido falar sobre este tema. Esse quadro atual nos revela a dimensão da cisão que o homem tem feito entre vida e morte, tentando se afastar ao máximo da ideia da morte, considerando sempre que é o outro que vai morrer e não ele. Lançamos-nos então à questão da angústia e do medo em relação à morte.
Na antiguidade prevalecia o sentimento natural e duradouro de familiaridade com a morte. Durante a Idade Média, marcada pela forte influência da religião, a população era educada no sentido de aceitar a morte como um destino inexorável dos deuses. Dentro desse contexto, cada qual esperava passivamente a sua passagem deste para o outro mundo. Além disso, esse período caracterizava-se também pelo sentimento de respeito ao morto, inclusive com as cerimônias religiosas, a observância do tempo de luto, as visitas ao cemitério etc. Como as pessoas morriam em casa, as crianças podiam passar e brincar junto ao féretro, que geralmente ocupava o lugar mais destacado da casa.
Hoje em dia, Idade Moderna, e com o desenvolvimento do consumismo, vemos que a morte começa a ser interdita, ou seja, proibida. Como não temos mais tempo de cuidar dos velhos e dos doentes, deixamos essa incumbência para os hospitais, que estão preparados para salvar vidas e não cultuar a morte. Em certo sentido, a morte é um fracasso da medicina. Depois de morto, o defunto é encaminhado ao necrotério, onde se faz o velório. Tudo isso longe das crianças. Para elas diz-se que teve um sono duradouro e está descansando nos jardins do Éden. A sofisticação chega ao ponto de se criar o "Funeral Home", casa de embelezamento de cadáveres. (Aries, 1977)
A cultura das religiões tem exercido poderosa influência nas "atitudes" dos indivíduos com relação ao passamento. No catolicismo, há a imagem do fogo eterno queimando nossas entranhas; nas Doutrinas Orientais, a volta do Espírito em um corpo animal.
Além da questão religiosa, há os erros de abordagem: tudo termina com a morte; imersão no desconhecido; excesso de preparação para o desenlace; dúvidas com relação à imortalidade e ilusão de sermos indispensáveis à família.
Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, trata exaustivamente do problema da morte. Diz-nos que o temor da morte decorre da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total. Segundo o seu ponto de vista, o espírita não teme a morte, porque a vida deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Ou seja, continuamos individualizados e sujeitos ao progresso, mesmo na ausência da vestimenta física.
DE JOÃO BOSCO DE LELES - TEXTO DO TRABALHO DE FUNDAMENTAÇÃO DO QUE FOI EXPLANADO EM AULA: “Cultura: aspectos históricos da Morte” (Curso de Pós-Graduação Gestão Escolar, 6.º Módulo: A Noção de Cultura - Prof.ª Mestre Christiane Guenoun)
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