terça-feira, 6 de novembro de 2012

MALDITA DROGA 
- UM TEXTO DE ALERTA

 É triste e lamentável o sofisma enganoso da droga, em sua  promessa de se sentir “muito  legal “, que é a maneira como é oferecida  a  crianças e jovens entre 8 e 18 anos, época em que muitas vezes a dúvida é uma marca e em que seus hormônios os deixam desestabilizados (na  puberdade e adolescência).  O novo sempre exerce atração para o ser-humano, e nesta faixa etária ainda mais.   Contudo, no caso das drogas, o novo pode representar a caotização da vida, o caminho da morte de forma prematura e muitas vezes irremediável. 
O jovem muitas vezes é apresentado a droga através de um convite entusiasmado de um amigo do tipo”  vou te mostrar uma coisa que você não vai esquecer nunca mais”.  O jovem realmente  não esquece o objeto do convite, não por qualquer benefício proporcionado pela droga ‘a sua vida e sim pela ditadura imposta pelo vício:  o jovem se vê prisioneiro da química, e não consegue conter o ímpeto de consumir a droga, com cada vez maior frequência e quantidade.
Tudo começa  de uma forma satanicamente singela:  um “ tapinha” num “baseado”, entre amigos.   Do baseado passa-se, ao pó, do pó ‘a heroína ou ao crack.  E a história, apesar do início camufladamente inocente alcança dimensões macabras.  O ser-humano  se vê dominado por uma força maior do que a sua própria e não consegue conter  o impulso ao consumo. E assim vai morrendo aos poucos, cotidianamente, sem nunca esquecer seu vício.
O vício funciona como uma aranha maligna, que vai tecendo sua teia aos poucos, mas com tal habilidade que o usuário logo se vê enredado nos fios de forma definitiva.  A cola da teia é biônica:  prende cada passo do drogadito, e cada coisa que pensa ou faz é em função da droga, e pela droga e  com as drogas.
O drogadito é apenas vítima da sociedade extremamente violenta, competitiva e agressiva  em que vivemos.  Por isso merece toda a atenção e cuidado da sociedade.   Até porque, uma coletividade sadia sempre começa por uma individualidade sadia.  E o drogado, nas fases mais avançadas do vício, pode se voltar contra essa mesma sociedade que o vitimou formando-se um círculo, roubando para obter dinheiro para comprar mais drogas, ou manipulando as pessoas de todas as maneiras.  Ele não precisa de punição.  Ele precisa de cuidado, pois está doente.
E cuidado numa cidade como Caxambú pode representar um Centro de Recuperação de Drogados. Um Centro auto-sustentável, onde o trabalho dos próprios pacientes proporcionará os recursos necessários para sua manutenção.  Um lugar onde os drogaditos poderão receber toda a atenção e respeito necessários para a reconstrução de sua auto-imagem e noção de dignidade.  Onde através de  trabalho, atividades lúdicas e de auto-conhecimento o usuário possa descobrir que dentro de si existe um manancial de bem-estar infinito, muito maior do que aquelas sensações temporárias proporcionadas pelo vício.    O centro deve contar em sua equipe com psicólogos, assistentes sociais,  e enfermeiros, além de um médico capaz de administrar as crises de abstinência através de medicação.  O centro é em essência uma estratégia de reabilitação, onde  afastado do convívio social, o dependente pode se encontrar, integrar seus conteúdos internos, para finalmente, quando estiver em condições suficientes de saúde psíquica e fisiológica ser reintegrado ‘a sociedade.  Através do tripé amor, trabalho e acompanhamento psicológico, é possível resgatar o auto-respeito do paciente, tornando-o uma pessoa produtiva e capaz de dar continuidade ‘a sua vida de maneira independente.

Em nosso trabalho de recuperação de drogados em uma comunidade carente do Rio de Janeiro, o Jacarezinho, eu e minha esposa pudemos testemunhar o nível assombroso de deterioração a que pode chegar a vida humana.  Na Cracolândia, o nome que geralmente se dá ao lugar onde as pessoas se reúnem para consumir o crack, as pessoas vagam pela estrada de ferro como zumbis, ironicamente sem qualquer destino.  Parecem estar prontos  a irem ao chão a qualquer momento, encurvadas, carcomidas, osso ‘a mostra, bastando para isso um peteleco do vento.
Reúnem-se como ratos em buracos feitos no muro, onde, numa área de não mais que 2 metros quadrados consomem crack com a avidez de um ralo por água.   Para pouco tempo depois, vagarem secos, esquálidos, esperando  a morte chegar.   Seu playground é a lama, no meio dos porcos.
Não é esse o fim que desejamos para Caxambú.  Por isso uma atitude deve ser tomada rapidamente, para que se possa reverter a situação atual referente ao consumo de drogas, atingindo-se um índice de drogadição  mais compatível com as dimensões da cidade. Ou até mesmo, o que não é impossível, levar a incidência de consumo a um patamar próximo de zero.
Mas essa atitude deve ser tomada o quanto antes, pois a‘medida que o tempo avança, vai se tornando cada vez mais difícil a recuperação.  Mas agindo a tempo, tudo pode ser mudado, transformado, redimido, e as vidas podem retomar seu  curso natural , de onde nunca deveriam ter saído.

 Maiores informações:  Antônio Augusto Lima
                                          Susane Cabral Lima
                                                        (psicólogos)
                                                    Tel.:    92190592