terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

DE QUANDO O SERTÃO VAI VIRAR MAR 
Por José Celestino Teixeira


Abaporu - Tarsila do Amaral
Já faz meses que agarrei pensar em Sertão.
Pura indagação. 
Imaginação (= cinema). 
Imaginando ou imageando (enchendo de imagens). 
Umas claras outras escuras.
No depois, sempre THE END.
A mim carece ser verdade, verdade pura enquanto vida.
Vida sofrida. 
Derramada.
Perdida no canto, nos quatro cantos da vida.
Garrei viajar em livro e leitura.
A primeira densa. Pesada como sino de Bronze.
Campanário suspenso em corda de junta, que de imbira foi fraca a sustentar a fé.
Fé de esperança em gole d’água, chuva e verdejar de buriti.
Pura ameaça de vereda, açude, aguaceiro de inverno.
Primeiro a conspiração. Força bruta sem razão. 
Me deparei com O Cabeleira (de Franklin Távora). 
História de Espantar!
Zé Gomes, o Pai do Cangaço.
Pernambucos e Maracatus Rurais. 
Sede d’água no Sertão do Além.
Domicílios da Vertigem e da Morte.
Homem, cobra, cabra e onça.
Cólera, açoite e repulsa.
Muitas das vezes a natureza benigna assume a repulsa. 
Toma de impulso, de mãe se faz madrasta.
Não há quem resista. Seja sob Sol escaldante, ou água de tormenta.
Deus e Diabo na Terra.
Seja corrente impetuosa de água lambendo tudo. 
Comendo terra, alaga e cava.
Desmantela, afoga. Quando não enriquesse, sendo muita empobrece. 
Desce Serra rompendo barreiras. 
Fazendo guerra em pleno Sertão de Monotonia. 
Mata com água, tanto mata com Sol.
E depois, quando menos se espera vinda a bonança o que era morto se recupera. Se veste todo de vida. Recupera a florescência oculta.
É Sertão esverdeado de novo. 
É beleza serena em pingo de água na folha. 
Correr de riacho no canto da solidão.
Depois, me vieram os outros Sertões.
Os Sertões de Euclides. 
Estes sim, muito mais densos. 
Sufocados pela Dor e pela Paixão desemfreadas em Deus.
Eram de ervas santas e de cantos chorados.
Dor, pura dor de Sertão.
A geografia transcrita em natureza agonizante.
Canto do Acauã.
O Mandacaru. 
Rastro de Cobra Caninana.
Rezas compridas, choro de carpideiras.
Velas de cera carnauba, promessas vãs.
Beija mão de Salum. 
Anéis de prata, ponta de faca e punhal.
O Bode e o Beato garrados a pensar.
CANUDOS. 
Compridos canudos de veneno em pleno Sertão Baiano.
A República Donzela Rainha abre fogo vasa barril. 
Corta com baioneta a carne que era Cristã.
Lamparina de pura ilusão. 
Fogo fato que estilhaçou fé pelo Sertão.
Restou Santo meu Padinho Cicero. 
Homem bom acuiteiro de Lampeão.
Melhor foi Frei Damião, que casou em Missão meio Sertão. 
Mais a depois, ainda, veio outro. 
Eram eles vindos dos Gerais.
Diadorim. 
Passarim passando sentimentos de avoação.
Hora aqui, hora ali.
Pulando galho, pulando cerca.
Mudando Sexo.
Trabucar duro, para dormir bem.
Zé Bedelo, Marcelino Pampa, João Concliz, urucuiano Pantaleão e o Fafafa.
E tinha o Sesfrêdo, o Alparcatas, Alaripe, Marruaz e o Mão de Lixa.
Tudo inventança. 
Só Riobaldo e Diadorim perenes. 
Temperança.
E fui vindo aprendendo lição de andar calado, de ouvir: O “ão, ão” de fundo de cachoeira, caldeirão d’água. Grota funda e sumidouro.
E os buritis florearam pra mim.
Já Era Grande Sertão: Veredas.
João Guimarães que me guia. 
Pura Rosa do meu Sertão das Gerais, os Campos da Minha Terra.
E vim capengando, arrastando magoa. 
Mascando imbíra.
Rolando que nem seixo em fundo d’água de Ribeirão.
Era tempo Franciscano aquele. Tempo de rio e inundação.
Era Rio Mar que desaba da Serra. Cá de Minas, dos Gerais rolou pedra, rasgou garganta.
Engoliu o das Velhas (Rio das Velhas) e ao invés de descer ao Sul, como fez o Grande (Rio Grande) subiu Bahia. Depois foi desaguar no Mar de Sergipe/Alagoas: Brejo Grande e Pacatuba, no Sergipe e Piaçabuçu, em alagoas.
E cá, Dantas, o de Minas (Dantas Motta) das moradas de papagaios (Aiuruocas) observou que o Grande (Rio) descia, enquanto o outro Santo (Francisco) subia. 
Escreveu-lhe versos o Poeta, em EPISTOLAS SEGUNDO O SÃO FRANCISCO.
Notáveis Contos e outros contos de réis do queijo injustiçado das Minas Gerais.
Berço de Ouro a embalar as vilanias inglesas.
Agora, Mario Lara das gentes do Baêpendy (de que gente é a sua?) me conta casos outros do JANGADA mascateando pelas Vertentes. Outros, ainda interessantes vão se despontando literariamente lá dos Confins do Sertão da Farinha Podre.
Confesso que há muito que ler, pois, ainda não me fartei de SERTÃO.




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