quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

QUANDO CAXAMBU ERA CANNES

Imagem: twistededge.org
Verdade:  Caxambu foi Cannes. Templo do cinema em duas edições de um Festival Nacional.


Só pra se ter idéia da repercussão do Evento em 1988, anotamos à época: A Rede Globo fez 42 reportagens sendo 12 Estaduais ( Globo Juiz de Fora) e 30 em Rede Nacional. A Band realizou 38 reportagens sendo 26 no Estado e 12 em Rede nacional. A extinta Rede Manchete realizou 42 reportagens todas em Rede Nacional. 
Fora a cobertura das rádios (BH, Rio e São Paulo) e de todos os Jornais de edição nacional : O Globo, o saudoso JB - Jornal do Brasil - Caderno B, o Estadão – Jornal Estado de São Paulo, além da Folha). 
Uma mídia invejável.


O grande sucesso do Evento incluiu nosso Festival no calendário oficial da antiga e, também extinta EMBRAFILME.
Vale o registro que foram distribuídos 26 Milhões em Prêmios. Tendo o governo Estadual mergulhado de cabeça na realização do I e do II Festival Nacional de Cinema de Caxambu. Praticamente, o governo Estadual bancou tudo. E se não estiver enganado, o Governador de Minas era Hélio Garcia. O grande incentivador e responsável direto pela realização foi o então Dep. Federal Leopoldo Bessone,  à época, Secretário de Estado de Esportes, Lazer e Turismo.


Cláudio Pinto, então Assessor de Imprensa da Embrafilme, após o Festival enfatizou: " .. ao meu ver Gramado-RS no início do ano e um festival na região do Circuito das Águas no final do ano podem representar as princípais mostras da cinematográfia brasileira." 
Infelizmente, o sonho como um filme bom dura pouco. Mas foi bom, enquanto durou.


A bela arquitetura neoclássica do Cine Caxambu na antiga e bucólica Praça 16 de Setembro dava um charme especial. 
Um clima de Festival em Cannes. 
Era o Cinema Nacional realizando aqui sua maior Sala de Exibição.
O ex-assessor de imprensa da Embrafilme, à época inspirado falou e disse: "Um verdadeiro festival de cinema deveria respirar, conversar, almoçar, jantar e sonhar cinema a maior parte do tempo cinema".
E foi o que aconteceu em Caxambu. Além dos artistas, jornalistas técnicos , intelectuais, políticos e convidados, o povo vibrou. 
Todos participaram. 


Os artistas Lima Duarte, Nelson Xavier, Regina Casé , Cláudio Marzo e o festejado cineasta Eduardo Coutinho sempre passavam as tarde tomando a melhor caipirinha da cidade. Claro que na Fonte do Alexandre ( Sr. Alexandre, vascaíno de alma e coração). A Fonte do Alexandre, que não era só de água mineral ficava ali perto do Hotel Glória. 
Pois é, o Festival de Gramado permanece até hoje, enquanto o Festival Nacional de Cinema de Caxambu já acabou há muito tempo.
Hoje em Minas, a histórica Tiradentes aqui pertinho nas Vertentes comanda os Festivais de Cinema. 
Há muito que Tiradentes já se acha inscrita no Calendário Nacional do Cinema. 


E, puraquí, hoje andam falando de lado e olhando pro chão. Contam que o Cine Caxambu encerra suas atividades, ainda este mês. Se já não encerrou.
Durante algum tempo o Fernando do Cinema resistiu bravamente aos altos custos de tudo (energia, salários,etc) e uma pesada carga tributária transvertida em IPTU, que é injustamente transferida ao locatário.
Lutou. Lutou muito, como numa Guerra de Titãs. 
Mas, não resistiu e morreu sozinho na praia. Enquanto agonizante tentou com todas as forças e meios salvar a Cultura. 
Cultura que aqui, hoje, parece não ter mais salvação. 
Agora, adeus Viola que passarinho preso fugiu da gaiola.

( Nossa releitura de um editorial publicado pelo Jornal Tribuna Caxambuese - Ano I, nº 5, Edição de 01/08/85).



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