Na trilha do ouro
Conheça a Estrada Real, o lugar certo para aqueles que desejam mergulhar na história do Brasil Colonial
Foto: Divulgação Estrada Real |
Quer fazer um mergulho em um dos capítulos mais lembrados da história brasileira, o ciclo do ouro? Então prepare-se para se familiarizar com o famoso pintor Aleijadinho; os estilos Barroco e Rococó; o famoso Mestre Ataíde; e as delícias gastronômicas como o feijão tropeiro, pão de queijo; e a inesquecível Inconfidência Mineira. Estes nomes, expressões e palavras estarão presentes durante toda a viagem.
A Estrada Real era o caminho trilhado pelos colonizadores durante o ciclo do ouro em Minas Gerais, por onde transportavam as riquezas e mercadorias até o Rio de Janeiro, capital da colônia na época. Com o objetivo de preservar e valorizar este patrimônio histórico-cultural, foi criado um projeto em 2001 transformando a estrada em atração turística. São 1.512Km formados por 177 municípios, sendo 162 em Minas Gerais, oito no Rio de Janeiro e sete em São Paulo. O percurso é composto de três caminhos – Caminho Velho, Caminho Novo e Rota dos Diamantes – que surgiram em momentos diferentes do período de exploração das pedras preciosas no Brasil.
Essa viagem reúne diversas atrações, como construções coloniais, igrejas, museus, reservas ecológicas, ecoturismo, esportes radicais e muitas surpresas pelo caminho. Seja a pé, a cavalo, de jipe ou bicicleta, vale a pena realizar esse roteiro de aventura pelas corredeiras de rios, cachoeiras, trilhas e matas fechadas, se deparando com vilarejos jamais imaginados, assim como faziam os bandeirantes e tropeiros. Conhecer a Estrada Real é reviver a história descobrindo lugares fascinantes.
Caminho Velho
Essa antiga rota, que liga a cidade de Paraty à cidade de Ouro Preto (antiga Vila Rica), foi durante muito tempo conhecida como Estrada Velha. Construída, originalmente, pelos bandeirantes, que abriam caminho do litoral para o interior do País no século XVII, ela foi ligada ao Caminho do Diamante, servindo para escoar o ouro e diamante de Diamantina até o porto, de onde eram levados para Portugal. No século XVIII, com a construção de outra estrada que vai até o porto de Rio de Janeiro, o Caminho Velho foi desativado.
Hoje, o Caminho Velho é um dos circuitos do famoso polo turístico na Estrada Real. Ele passa pelas cidades de Cunha, Guaratinguetá e Cruzeiro (em São Paulo), Passa Quatro, Itamonte, Caxambu, São Lourenço (em Minas Gerais), chegando em São João Del Rei, Congonhas e Tiradentes (também em Minas Gerais), entre outras – essas últimas repletas de relíquias históricas, especialmente dos séculos XVII e XVIII. Nas cidades que compõe o circuito, há riqueza natural, artística e histórica, além de milhares de opções que você encontrará para aproveitar sua passagem pelo lugar. Não deixe de visitar as cidades que são estâncias hidrominerais (Caxambu, São Lourenço e Cambuquira) e aproveite ao máximo para tirar foto de tudo. Será, com certeza, um passeio inesquecível.
Caminho novo
O primeiro caminho para a região das Minas Gerais, depois chamado de Caminho Velho, foi uma rota precária e insegura, principalmente devido ao trecho marítimo sujeito ao ataque de piratas entre Paraty e o Rio de Janeiro. Havia, portanto, a necessidade de uma nova rota, mais curta e segura, entre o porto do Rio de Janeiro e o sertão das Minas. Com o surgimento do Caminho Novo, fazendas e povoados que antes margeavam a estrada se transformaram em cidades. Hoje, são elas que fazem parte do maravilhoso circuito turístico da Estrada Real, rodeado por montanhas, serras e cachoeiras encantadoras. Foi percorrendo este magnífico caminho, que Dom Pedro I ficou fascinado e decidiu comprar a Fazenda do Córrego Seco, cuja área deu origem à belíssima cidade imperial de Petrópolis.
O trajeto tem saída no porto carioca e segue por Petrópolis margeando o rio Paraíba do Sul até alcançar cidades como Juiz de Fora – a mais populosa da Estrada Real, Barbacena e Santos Dummont. Depois avança por Carandaí, Conselheiro Lafaiete, até chegar em Ouro Branco e Ouro Preto.
Rota dos diamantes
Essa última parte da Estrada Real vai de Ouro Preto até Diamantina. Foi construída no século XVIII, época em que os diamantes da antiga região do Tejuco, hoje Diamantina, brilharam com mais intensidade. Essa rota foi construída para atender às necessidades da Coroa de se ter um caminho que possibilitasse um rápido escoamento de ouro e diamantes até a metrópole.
A Rota dos Diamantes é o trecho que mais conserva o aspecto, o sabor e as tradições do interior de Minas, já que o progresso pouco andou por lá nas últimas décadas. Nesse caminho o que mais se encontram são cidades com casario antigo distribuídos por montanhas, é o verdadeiro retrato do interior mineiro. Catas Altas na Serra da Caraça, Santa Bárbara, Conceição do Mato Dentro e Serro são os principais destinos dessa rota e se você for fazê-lo, não deixe de visitar o Parque Nacional da Serra do Cipó, onde são encontradas algumas das mais belas paisagens naturais do percurso.
Fique atento!
- Ao escolher seu destino, pesquise os horários de funcionamento das atrações, principalmente os das igrejas que costumam ser bem variados.
- É possível conhecer os destinos da Estrada Real de carro, para isso siga as rodovias BR-040, BR-120 e BR-259.
- Várias cidades históricas oferecem atrações muito além de museus, igrejas e sobrados antigos. Festas populares e festivais culturais agitam muitas delas ao longo do ano.
- Para os aventureiros que pensam em fazer o caminho a pé, é bom lembrar que a região apresenta inverno rigoroso e os passeios por cachoeiras e serras podem não ser uma boa
Por OSMAR RÉGIS