segunda-feira, 9 de junho de 2014

O Brasil em todas as Copas

  • INTRODUÇÃO
  • 1930 - 1938
  • 1950 - 1954
  • 1958
  • 1962 - 1966
  • 1970
  • 1974 - 1990
  • 1994
  • 1998 - 2002
  • 2006 - 2010
  • GOLEIROS
  • FIASCOS
Gazeta PressRio de Janeiro (RJ)

A Seleção Brasileira chegou ao Mundial do Chile mantendo a base do time que conquistou a Copa de 1958, mas com um treinador diferente. Aymoré Moreira substituiu Feola no comando. A equipe tinha uma média de idade muito alta. Nilton Santos disputou sua última Copa com 38 anos, enquanto Garrincha, Didi, Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zito, Vavá e Zagallo já tinham passado dos 30. Mesmo com tantos veteranos, o Brasil conquistou o bicampeonato, graças principalmente ao gênio de Mané Garrincha, que assumiu a responsabilidade de levar a Seleção nas costas, principalmente após a grave contusão sofrida por Pelé no segundo jogo.
Garrincha fez tudo o que se esperava dele e um pouco mais. Gols de falta, de cabeça, cruzou bolas perfeitas para que outros marcassem e para provar que aquela era realmente a sua Copa, foi até expulso, fato raríssimo na sua carreira de jogador, sempre perseguido por marcadores violentos a quem sempre respondia com seus dribles.
O Brasil começou bem, com uma vitória sobre o México, mas levou um grande susto na segunda partida diante da Tchecoslováquia. Pelé sofreu um estiramento muscular que o deixou fora da competição. Amarildo, atacante revelado pelo Botafogo, foi o escolhido para substituí-lo na partida decisiva da primeira fase contra a Espanha.
Naquele jogo dramático, a Seleção Brasileira não jogou bem e até contou com a ajuda da arbitragem, que não marcou um pênalti claro de Nilton Santos sobre Collar quando o Brasil já perdia por 1 a 0. A Seleção Brasileira acabou vencendo por 2 a 1, com dois gols de Amarildo e uma exibição sensacional de Garrincha, que começou a escrever naquele jogo sua trajetória inesquecível na competição.
Garrincha voltou a brilhar e a marcar gols nas vitórias sobre Inglaterra- 3 a 1 - e Chile - 4 a 2. Nesta partida, Garrincha perdeu a calma diante da provocação chilena e acabou dando um pontapé no chileno Landa, sendo expulso pelo árbitro peruano Arturo Yamasaki.
AFP
Garrincha foi expulso na semifinal contra o Chile, mas conseguiu jogar a final e foi destaque do torneio
Naquilo que seria uma manobra da delegação brasileira, o uruguaio Esteban Marino, assistente naquele jogo e testemunha do processo contra Mané, viajou de volta para casa e a súmula aliviava o jogador brasileiro de tal forma que ele foi absolvido sem problemas, enfrentando a Tchecoslováquia no último jogo, vencido pelo Brasil por 3 a 1.
A vitória na final coroou a bela campanha do Brasil: cinco vitórias e um empate em seis jogos, com 14 gols marcados e cinco sofridos. Dois dos seis artilheiros do torneio estavam no ataque brasileiro: Vavá e Garrincha, com quatro gols cada.
A Copa da violência
A Copa do Mundo disputada no Chile foi uma das mais violentas da história. Na partida entre Chile e Itália, os dois times se envolveram numa batalha campal que terminou com apenas dois jogadores expulsos e outro com o nariz quebrado. Na semifinal entre Tchecoslováquia e Iugoslávia, o árbitro suíço Gottfried Dienst paralisou o jogo com só quatro minutos de bola rolando e ameaçou expulsar os 22 jogadores se a pancadaria não fosse interrompida.
Apesar de violenta, a Copa de 1962 foi um sucesso de público, com mais de 800 mil torcedores comparecendo aos jogos e uma média de mais de 28 mil pessoas por partida. A competição teve o mesmo número de equipes de 1958 - 16 - e a mesma fórmula de disputa: quatro grupos com quatro times cada, classificando-se os dois melhores para a segunda fase, já eliminatória. O anfitrião Chile fez a melhor campanha da sua história e terminou em terceiro lugar, abaixo apenas de Brasil e Tchecoslováquia.
Acervo/Gazeta Press
Com a lesão de Pelé, Garrincha assumiu a responsabilidade e brilhou pelo Brasil
OS JOGOS DO BRASIL NA CAMPANHA VITORIOSA:
Primeira fase: Brasil 2 x 0 México 
Data: 30/05/1962
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo 
Técnico: Aymoré Moreira
Gols: Zagallo aos 11 e Pelé aos 28 minutos do 2º tempo
Primeira fase: Brasil 0 x 0 Tchecoslováquia
Data: 2/6/1962
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo 
Técnico: Aymoré Moreira
Primeira fase: Brasil 2 x 1 Espanha 
Data: 6/6/1962
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Amarildo e Zagallo 
Técnico: Aymoré Moreira
Gols: Adelardo aos 35 minutos do 1º tempo e Amarildo aos 27 e aos 41 minutos do 2º tempo
Quartas de final: Brasil 3 x 1 Inglaterra 
Data: 10/06/1962
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Amarildo e Zagallo 
Técnico: Aymoré Moreira
Gols: Garrincha aos 30 e Hitchens aos 38 minutos do 1º tempo; Vavá aos 8 e Garrincha aos 14 do 2º tempo
Semifinal: Brasil 4 x 2 Chile 
Data: 13/06/1962
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zózimo, Nilton Santos; Zito, Didi; Garrincha, Vavá, Amarildo, Zagallo. 
Técnico: Aymoré Moreira
Gols: Garrincha aos 9 e aos 31 e Toro aos 41 minutos do 1º tempo; Vavá aos 3, Leonel Sánchez aos 17 (pênalti) e Vavá aos 33 minutos do 2º tempo
Final: Brasil 3 x 1 Tchecoslováquia 
Data: 17/06/1962
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Amarildo e Zagallo 
Técnico: Aymoré Moreira
Gols: Masopust aos 15 e Amarildo aos 17 minutos do 1º tempo e Zito os 24 e Vavá aos 33 minutos do 2º tempo
AFP
Seleção Brasileira se sagrou campeã ao derrotar a Tchecoslováquia por 3 a 1
1966 - O ENTERRO DE UMA GERAÇÃO
Quando a delegação brasileira viajou para a Inglaterra em busca do tricampeonato mundial, pouca gente acreditava no sucesso da empreitada. A preparação marcada por confusões de todo o tipo abalaram o otimismo até daqueles patriotas inveterados. E os maus presságios se justificaram.
A campanha em 1966 foi uma das piores da Seleção Brasileira em toda a história. Apenas em 1930 e 1934 a equipe não havia ultrapassado a primeira fase. Na classificação geral, o Brasil terminou em 11º lugar, melhor apenas do que a 14ª posição obtida em 1934.
Os erros brasileiros começaram na fase de preparação. Reconduzido ao cargo e cercado por pressões políticas, o técnico Vicente Feola convocou nada menos que 47 jogadores, que foram divididos em quatro equipes. Além disso, por motivação política, o grupo de convocados treinou em cinco cidades diferentes (Lambari, Caxambu, Teresópolis, Três Rios e Niterói) antes de viajar para a Europa.
Por conta da bagunça que tomou conta da Seleção, o time titular só foi definido no dia da estreia diante da Bulgária. O Brasil ganhou por 2 a 0, gols de Garrincha e Pelé. Essa foi a última vez em que os dois maiores jogadores brasileiros atuaram lado a lado. Com os dois craques em campo, a Seleção jamais foi derrotada.
Nesta partida, Pelé foi marcado de forma desleal pelos búlgaros e não pôde enfrentar a Hungria na segunda partida. Sem o Rei e com um time diferente do da estreia, o Brasil perdeu por 3 a 1, resultado que acabou com uma invencibilidade brasileira de 13 jogos em Mundiais - a última derrota havia sido justamente para a Hungria, em 1954.
A vaga para as quartas de final foi decidida na última partida, contra a seleção portuguesa. Feola escalou o terceiro time diferente em três jogos e, com Pelé caçado, o time brasileiro foi dominado pelo adversário, que tinha o atacante Eusébio. Derrotado por 3 a 1, o Brasil foi eliminado da disputa.
Em três jogos, o Brasil utilizou 20 jogadores dos 22 que levou. Apenas o volante Zito, contundido, e o ponteiro Edu, então com 16 anos, não entraram em campo. Apenas dois atletas (Jairzinho e Lima) disputaram os três jogos do Brasil na Inglaterra.
A desastrosa participação na Copa quase arruinou a carreira de craques como Gérson, Tostão e Jairzinho, que só alcançariam o reconhecimento quatro anos depois, quando o Brasil conquistou o tri, no México. Outros jogadores de história gloriosa acabaram encerrando a carreira na Seleção de uma forma como nunca sonharam. Foi o caso de Gilmar, Djalma Santos, Belini, Zito e Garrincha, que se despediram carregando nas costas o peso do fracasso provocado pela desorganização. E Pelé só escapou do massacre geral porque era o Rei do Futebol e iria provar no México que sua realeza continuava intacta.
“Aquela Copa do Mundo infelizmente foi para se esquecer, pois nada deu certo para a Seleção Brasileira”, relembrou Pelé.
TIME-BASE: Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Altair e Paulo Henrique; Denilson, Lima e Pelé; Garrincha, Jairzinho e Alcindo Técnico: Vicente Feola
Acervo/Gazeta Press
Em três jogos, a Seleção Brasileira utilizou 20 jogadores dos 22 que levou à Inglaterra
Um título polêmico
A Copa de 1966 foi uma competição marcada por futebol violento e arbitragens ruins. Foi o surgimento do chamado futebol força, em que times de melhor preparo físico sobrepujaram os mais bem dotados tecnicamente. E neste ambiente confuso, a Inglaterra conquistou seu primeiro e único, até agora, título mundial. Inglaterra e Alemanha, que disputaram a final, tinham equipes apenas aplicadas.
E a decisão acabou marcada pela polêmica . Aos 11 minutos da prorrogação, o atacante inglês Geoffrey Hurst fez um dos gols mais discutidos da história. O chute do atacante bateu na parte interna do travessão e caiu próximo à linha, mas do lado de fora. O assistente assinalou que a bola tinha entrado, e o árbitro suíço Gottfried Dienst confirmou o gol.
Não adiantaram as reclamações dos alemães, e a Inglaterra ainda conseguiu marcar mais um gol no final da prorrogação, para fechar o placar por 4 a 2 e garantir a conquista histórica.

Fonte: Gazeta Esportiva