quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

MOBILIDADE URBANA, O NOVO DESAFIO DE UMA CIDADE ESTÂNCIA HIDROMINERAL

A ultima Reunião da Câmara Municipal realizada, em 26 de janeiro de 2015 foi marcada por surpresas nada agradáveis.
Primeiro, a monotonia e o tédio da leitura do Expediente da Casa, quase indecifrável e inaudível.
Depois, a patética comunicação de afastamento do vice-prefeito, que não restou bem explicado.
Porém, nas entrelinhas e, quase passando impercebível foi a distribuição de um Novo Projeto de Lei encaminhado pelo Executivo Municipal.
Trata-se de uma proposta que permite obras ao longo da Av. Camilo Soares, para exploração do espaço público, com fins a construção de um Estacionamento em 45º , para os automóveis.
Provavelmente, o estacionamento será pago e permitirá uma nova fonte de recursos aos Cofres Municipais
A proposta é inoportuna e, vem na contramão da história da mobilidade urbana.
Mais uma vez, o automóvel (veiculo de propulsão motora) será privilegiado, em detrimento ao pedestre e a outros meios de mobilidade urbana como as bicicletas.
Cidades como Paraty, no Sul do Rio de Janeiro, Trancoso na Bahia e Tiradentes na Região das Vertentes optararam, justamente em sentido contrário ao nosso.
Passaram a limitar e controlar o transito de veículos nas áreas centrais, em benefício ao pedestre.
Nada mais salutar, numa Cidade que se diz com vocação para o Turismo é o respeito aos que andam a pé., aos idosos e às nossas crianças.
Os turistas oriundos dos grandes centros (Rio e São Paulo) cansados e angustiados do transito nas grandes metrópoles, nas temporadas de férias e lazer, vem justamente em busca de lugares aprazíveis, com abstenção ao carro e ao movimento frenético das ruas.
O controle do transito de veículos permite maior mobilidade aos turistas e aos pedestres de modo geral.
E, não venham dizer que lá, em Tiradentes, Trancoso ou Paraty, o fluxo turístico é menor que aqui.
Pois bem, na ânsia de melhor análise ao Projeto, agora proposto pelo Executivo Municipal pretende privilegiar o Automóvel, em detrimento às pessoas.
É bem verdade que vivemos numa sociedade que tem sua base de funcionamento e sobrevivência na mobilidade, na possibilidade de movimentação, no direito de ir e vir, de enviar e receber. Quanto mais eficiente o deslocamento, melhor. Para isto necessitamos de um sistema de transporte.
Por razões econômicas, a nossa estrutura de transporte está praticamente toda baseada no uso intensivo de veículos motorizados.
Esta é a regra!
Mas, que pode ser alterada em benefício de todos os demais ocupantes e transeuntes dos espaços públicos.
Como dizia Caetano Veloso : A Praça é do Povo, como o Céu é do Avião!
Na competição acirrada entre o carro e o pedestre, o primeiro , já não pode mais sair vencedor.
De ícone de status social, o automóvel deve dar lugar ao pedestre, ao ser humano como senhor da criação divina.
Hoje, em muitos casos, a Vida está entregue à Sorte, nas mãos de condutores de veículos.
E, muitos estão embriagados ou falando ao celular, quando não ouvindo som altíssimo.
O homem tornou-se vítima da máquina, como em "Tempos Modernos", Chaplin transvestido em Carlitos, já denunciava no Tempo em que o Cinema, ainda era Mudo.
A questão, não é inviabilizar o automóvel como importante meio de transporte, mas redimensionar os espaços físicos da cidade em privilégio das pessoas e, não das máquinas.
Questão de mobilidade e, não de imobilidade.
Morou?
Devemos sempre, também pensar nos deficientes físicos (que tem dificuldade de mobilização), nos idosos e nas crianças.
Reduzir os espaços do passeio público em proveito de estacionamentos para veículos é esquecer dos que têm sua mobilidade restrita pelas deficiências físicas e, quando não limitada pela idade.
Eventuais propostas ou projetos que visem melhorar a mobilidade urbana devem, antes de mais nada considerar os atores não-motorizados. Pensar só no automóvel em detrimento aos pedestres é desrespeitar o direito da maioria, que não possui e, nem dispõem dos carros para exercer a mobilidade urbana.
Ademais, a proposta do modo em que está sendo apresentada fere o patrimônio urbanístico da cidade gerando, em consequência sérios impactos ambientais indesejáveis. Tais como a alta concentração de monóxido de carbono no ar e muitos conflitos desnecessários na boa administração dos nossos espaços públicos.
Pelo visto, o "Projeto de Estacionamento em 45º", que se pretende implantar ao longo da Avenida Camilo Soares, em Caxambu vai merecer muita atenção dos nossos Nobres Edis e, em especial da População em Geral, especialmente dos pedestres que compõem, inclusive, a maioria dos cidadãos eleitores.
Pensemos Melhor!
Afinal, nossa vocação é ou não é o Turismo?



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