sexta-feira, 16 de setembro de 2016

NUM TEMPO EM QUE CAXAMBU FOI PURO XODÓ (CARINHO)

NUM TEMPO EM QUE CAXAMBU FOI PURO XODÓ (CARINHO)
By José Celestino Teixeira



O sábado que anoitecia na Boite Katakumba amanhecia sempre nas manhãs domingueiras da Lanchonete Xodó, aquela que ficava na Rua João Pinheiro anexa ao Hotel Avenida.
Pela manhã um passeio no Parque, voleibol, piscina de água mineral e a ressaca morta na fonte de água mineral.
Fosse Sol ou fosse Chuva, nada atrapalhava nosso domingo.
Se Sol era Parque.
Fosse Chuva era Bar.
A vida, não parecia querer mudar de lugar.
Às 11h00min já se iniciavam os trabalhos no Xodó, senão no Chuá, que era o Bar do Calil, onde se comia quibe cru ou frito e bebia cerveja gelada.
Para as crianças o melhor sorvete da Terra.
No Xodó, o Jair e o Waldomiro estavam a postos para servir.


O Paulinho da Farmácia tinha mesa cativa, a última à direita junto à única janela do bar.
Pela janela lateral vimos passar muitos carnavais que não voltam mais.
Naquela mesa em que ele se assentava sempre tomava no mínimo dez chopinhos. Daí o apelido: Paulinho Chopinho.
O Gatão chegava depois e, logo pedia um Whisky (Uísque) “Green Golden”, aquele da garrafa verde .
Três pedras de gelo e uma água mineral de garrafinha de vidro.
Logo chegava o Patinhas (Lavagem Patinhas), o Airton Javali (do carpete), o Paulinho Barra Mansa, o Gato (Roberto Guedes), o João Lício, o Nabi e o Moisés Serabion .
De vez em quando aparecia por lá o Dr. Abelardo, com a camisa do flamengo. Tomava umas duas branquinhas e divertia o pessoal com seus causos e anedotas. Dava uma banana pro povo e saia de fininho, como se nada quisesse.
Uma porção de tilápia, um espetinho xodó e toma lá um Chopin, uma caipirinha ou um “Scotch" do bom.

A vida passava tranqüila vendo caras, pernas e bocas.
Essa Caxambu era do tempo em que não havia tristeza, só alegria.
O pessoal esticava a manhã de domingo.
Alguns almoçavam um “Filet a parmegiana” outros preferiam o “Espaguete à bolonhesa” (da Xica, a Rainha da Cozinha).
Os casado iam pra casa às 13:30 (meia hora depois do permitido) e, os solteiros e separados continuavam a labuta do domingo.
Mais um Scoth, outro chope, mais uma caipirinha de pinga (de Serranos) pro Gato e outra para o Patinhas.


A esta altura do campeonato já eram 15h00min da tarde e a Lanchonete Xodó trocava de frequência. Agora era Banana Split, sorvete de baunilha ou coco em calda de chocolate, baunilha ou cobertura de “marshmallow”.
Era a hora da brotolândia invadir a tarde na cidade.
Em meio às meninas da terra, as outras do leme ao Leblon se hospedavam no Glória ou no Palace ou no Grande Hotel.

E depois do Xodó, a gente partia para a Sauna no Hotel Gloria entrando pela porta lateral, nas proximidades do Hotel Lopes.
Era hora de cortar a ressaca.
Afinal, a noite domingueira se esticava até Baependi, na Boate (boite) do Matheus.

Quando o dia amanhecia era Segunda-feira brava cheia de sol e trabalho.
A cidade era um turbilhão de alegria e, quem sabe a Segunda fosse tornar uma “Segunda Sem Lei”?

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