terça-feira, 16 de maio de 2017

A FÁBULA DO PARQUE.

A FÁBULA DO PARQUE
(“Eu Prefiro Ser Essa Metamorfose Ambulante
Do Que Ter Aquela Velha Opinião Formada Sobre Tudo!” – Raul Seixas).
by José Celestino Teixeira


Eu perguntei ao Bem-te-vi, que sabe de tudo
Mas não diz
Ao Sabiá que canta de primeira,
No Pé da Laranjeira
Ao Canário do Reino, Amarelo e Ligeiro
À Cobra Verde, a Jararaca, a Cobra Criada,
À Perereca e a Taturana que sapeca
Ao Grilo Falante e Saltitante
A borboleta que lambe pólen ,
Ao Beija-flor que beija a Flor
Ao Tico-tico, ao Azulão
À pomba rola e ao Tucano
À Viuvinha, ao Sanhaço
A Garça Branca, ao Martim Pescador
E ao Paturi que mora Aqui
Será que vocês estão sabendo que o Parque
Vai ter outro Dono?
Sentada no Tronco, o Trono, a Coruja Pensou
Raciocinou e Filosofou.
Não disse nada, nem uma palavra
Apenas prestou atenção na conversa animada,
Conversa Afinada e Fiada tecida na Trama da Mentira
Fechou os Olhos foi dormir outro Sono
O Papagaio chegou ligeiro e veio pousar no galho
ao lado do Mico Estrela
Disse o Papagaio ser Mensageiro
Não bisbilhoteiro das Matas do Parque:
“A gente até conversou
A gente já combinou
Falou o Papagaio:
"Seja quem for o Dono, desde que não nos incomode o Sono
Nem o Despertar das Manhãs de Sol,
Que nos deixem beber água das Doze Fontes
Nós os Bichos não estamos importando.
Vamos continuar Cantando, alegrando a Cidade
Tagarelando!
Porém, os homens devem saber da Verdade
Advertiu:
A Terra não é de Deus, Nem do Diabo!
Terra, Não Tem Dono!
A Terra é e, sempre será de quem nela vive.
Vida de gente ou de passarinho,
Vida de cigarra que canta
Formiga que trabalha
Ou borboleta que encanta
Vida, não é só de cobra rastejante
Vida é de quem tem Asas de Passarinho
Aprendeu a Voar
Garças Brancas em Revoadas
Vagalume de Luz própria.
Tem Mulher Peixe.
Iara em Noite de Lua Cheia em Beira da Lagoa.
Tudo isso, ninguém nos deu,
Senão Deus!
Isto Ninguém nos tira,
Senão a gente vai embora,
Pra não voltar nunca mais!
Qualquer Dia o que é Lindo se apavora,
Num dia qualquer desses vira as costas
Derrama Lágrimas: Chora.
Um Dia Morre de Tristeza
Ah,Vai-se embora !

José Celestino Teixeira Teixeira