AMIGOS PARA SEMPRE.
( Júlio Sanderson de Queiroz, Um Herói de Curar!)
By José Celestino Teixeira
Todos os que tiveram o privilégio de conhecer e conviver com o médico mineiro Júlio Sanderson de Queiroz, o Dr. Julinho de Aiuruoca podem se considerar felizes, quando desfrutaram da amizade de um homem de rara sabedoria.
Meu Mestre, com quem aprendi Literatura, Geografia, História Pátria e muito de Medicina, embora, advogado eu, militante no ramo do Direito Médico-Hospitalar.
Poucos advogados se dedicam a este ramo do Direito, tão em voga, hoje, quando se transfere aos médicos a responsabilidade que deveria ser atribuída originariamente ao Estado ausente e omisso.
A Saúde é um Direito de todos e um Dever de Estado.
É Constitucional.
Tudo o que com ele aprendi não foi numa Palestra Convencional, nem num Congresso Médico.
Foi na cozinha de sua casa assentado numa antiga carteira escolar, nas mesas de bar, em nossos encontros Marcados em Aiuruoca Lá nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, quando ao sabor do Parmesão de Alagoas assado sobre a trempe de ferro de um fogão a lenha e, um trago de Cachaça de Rolha.
Tudo temperado a um bom papo, poesia e belas canções.
Ao lado da Igreja Matriz era Tempo de Ser Feliz.
Contou-me o Dr.Julinho, num desses encontros memoráveis que certa feita, quando ainda cursava o Curso Científico preparando para entrar na Escola de Medicina da Praia Vermelha do rio de Janeiro, em exames finais o Professor de Geografia sorteou o Ponto.
Aberta a tirinha de papel, antes de formalizar a pergunta, o Professor exclamou: Se Ferrou!
A Pergunta: qual o rio de Nascente mais Alta do Brasil?
O Dr. Julinho virou-se ao Professor e de pronto respondeu: Tá vencida a Batalha. Passei!
Eu nasci lá!
Ora bolas, “O rio Aiuruoca possui a nascente mais alta do Brasil. O rio, que corta a cidade de Sul a Norte é o rio que possui a nascente mais alta do Brasil, localizada na Serra do Itatiaia, a 2.450 metros de altitude, na Mantiqueira.”
Aprovado!
Depois me contou que concluído o Curso de Medicina, na Escola à época mais importante de Medicina no Brasil, antiga Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, ainda Capital Federal veio residir em Aiuruoca, a pedido do Pai.
A Academia Nacional de Medicina é uma instituição médica centenária, fundada no Brasil no dia 30 de junho de 1829 pelo Dr. Joaquim Cândido Soares de Meireles sob o nome de "Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro". Posteriormente foi chamada Academia Imperial de Medicina
Na primeira noite em que passou em Aiuruoca, já como médico recém- formado chovia a cântaros e os raios cortavam o Céu iluminando tudo.
Um tempestade infernal!
Alta madrugada alguém bate à porta a procura de socorro médico.
Acorda então, o Dr. Júlio, ainda sonâmbulo e vai atender à porta.
Alguém lhe implora socorro médico a um paciente na zona rural.
É Urgente!
Julinho recém-formado não conversou.
Tratou logo de chamar o motorista da família e tiraram o Jipe Willys da garagem, debaixo de chuva.
Acomoda o passageiro no banco de trás do veiculo, dois acentos laterais de ferro e saem em direção à residência do paciente.
Sobem e dessem a montanha sob chuva escaldante e raios que traçavam os céus.
Atravessam a ponte quase levada pelas águas.
O Jipe rodopia e é tracionado positivamente.
Param o veiculo e acorrentam os pneus traseiros, embora os pneus fossem lameiros.
A coisa tava preta!
Rompem todos os obstáculos aos solavancos.
Depois de andarem muito param diante de um casebre iluminado por luz de lamparina e candeeiro.
Desce o médico apressado para examinar o paciente.
À porta é recebido pela esposa aflita e uma filhinha no colo.
Mede a Pressão, ausculta os batimentos cardíacos com o estetoscópio, apalpa com o “Dedo” o abdome do moribundo.
Diagnóstico apressado, mas, certeiro: Crise de apendicite (inflamação do apêndice intestinal).
Exige socorro rápido com possibilidade de ato cirúrgico.
“A cirurgia de apêndice assusta. De repente, uma dor intensa toma conta do seu corpo e, no hospital, descobrem que é necessário operar, evitando uma infecção generalizada. Restos de fezes e de alimentos não digeridos, atualmente, são considerados os causadores da inflamação.”
“Esses restos iriam obstruir o apêndice, criando condições para o desenvolvimento de bactérias, afirma o cirurgião geral Carlos Rubens Maciel, diretor clínico do Hospital-Dia e Maternidade Unimed-BH. Além da obstrução, um apêndice inflamado apresenta a trombose de suas artérias, com consequente isquemia e ruptura do órgão. Havendo a ruptura, é necessário um grande processo de drenagem, prevenindo que as bactérias se alastrem e contaminem outros órgãos.”
Risco iminente!
Examina as condições do lugar.
Impossível qualquer tentativa de tratamento eficaz.
O paciente tem que ser levado urgente ao pequeno hospital da cidade.
Não conversa duas vezes.
Apanha o doente aos braços, enquanto o motorista apanha o colchão de capim.
Forram a parte traseira do Jipe e, apressados rumam de volta à cidade, mesmo sob chuva.
Antes indaga se tem um trago de cachaça?
Diante do sim apanha uma caneca esmaltada e sorve de uma vez ,um trago doa aguardente pra quebrar a friagem da chuva.
Descem e sobem novamente a Mantiqueira atravessando o riacho já quase botando água pra fora.
No pequeno hospital chama a Irmã de Caridade e diz: A Senhora via me instrumentar é urgente.
A irmã titubeia pede pra rezar.
Dr. Julinho Ordena: irmã reza durante a cirurgia eu opero a senhora me instrumenta e rezacom fervor.
Se não for assim tá morto, nem Cristo Salva!
Vararam a Madrugada!
No outro dia acalmada a tempestade, o Dr. Julio volta ao hospital, para ver como está seu primeiro paciente em Aiuruoca.
Batismo de Fogo!
Três dias após, o paciente apresenta melhora e reage bem ao pós-operatório.
Está Salvo!
No quarto dia, não tendo o médico e arredado da cama, ainda enfraquecido o paciente abre os olhos e balbucia: O Dr, o Senhor não está me reconhecendo?
Dr. Julinho assusta!
Quem é Você, mesmo?
Sou seu colega de Grupo Escolar.
Sentávamos juntos na mesma carteira, no primeiro e segundo ano primário
As lágrimas então lavam os olhos do médico!
O primeiro amigo escolar, seu o primeiro paciente em Aiuruoca.
O Destino quis, que o Médico recém chegado salvasse a vida do amigo de escola!
Uma Semana depois, o Dr. Julinho era presenteado pela Diretora do Grupo Escolar com a tal Carteira.
É daquelas de pés de ferro e madeira, com dois buracos , onde os alunos colocavam o copo e dois frisos como lapiseiras rasgados na madeira.
Naquele dia em que estávamos na cozinha da Casa, hoje, Museu no centro de Aiuruoca, ao lado da Igreja Matriz, eu e ele (o Dr. Julinho) assentávamos na mesma Carteira Escolar.
E ele então me disse: Só assentam aqui, os meus verdadeiros amigos.
Dantas Motta (Poeta e Criminalista nascido em Carvalhos, mas tendo residido em Aiuruoca), o jornalista de São João Del Rei, Oranice Franco , o Jamil Haddad (Prefeito do Rio, Min. da Saúde no Governo Itamar Franco e, Pai dos Genéricos), o Zé Ferreira (boêmio de carteirinha, violonista dos bons e ex-prefeito Baependi) , o Dr. José Júlio Balbi Leite, de Caxambu (Advogado Civilista) e ,agora, Você, amigo Celestino
Aproveite!
Concluiu o Dr. Julinho : Por isto, nunca mais neguei socorro a ninguém.
Faço questão de vir do Rio de Janeiro (Hospital Pedro Ernesto, onde atuou durante muito tempo, como chefe do Corpo clinico e como Clinico Geral e Cirurgião).
Venho mensalmente, para Aiuruoca atender os mais necessitados.
Hoje, o Hospital da cidade de Aiuruoca presta-lhe justa Homenagem: Hospital Dr. Júlio Sanderson de Queiroz!
Saudade Eterna!
Ao meu Mestre com Carinho dedico minha Crônica.
Oxalá esteja me ouvindo agora e acredito que sim!
Os bons não morrem nunca Se encantam para Sempre!
Meu Mestre, com quem aprendi Literatura, Geografia, História Pátria e muito de Medicina, embora, advogado eu, militante no ramo do Direito Médico-Hospitalar.
Poucos advogados se dedicam a este ramo do Direito, tão em voga, hoje, quando se transfere aos médicos a responsabilidade que deveria ser atribuída originariamente ao Estado ausente e omisso.
A Saúde é um Direito de todos e um Dever de Estado.
É Constitucional.
Tudo o que com ele aprendi não foi numa Palestra Convencional, nem num Congresso Médico.
Foi na cozinha de sua casa assentado numa antiga carteira escolar, nas mesas de bar, em nossos encontros Marcados em Aiuruoca Lá nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, quando ao sabor do Parmesão de Alagoas assado sobre a trempe de ferro de um fogão a lenha e, um trago de Cachaça de Rolha.
Tudo temperado a um bom papo, poesia e belas canções.
Ao lado da Igreja Matriz era Tempo de Ser Feliz.
Contou-me o Dr.Julinho, num desses encontros memoráveis que certa feita, quando ainda cursava o Curso Científico preparando para entrar na Escola de Medicina da Praia Vermelha do rio de Janeiro, em exames finais o Professor de Geografia sorteou o Ponto.
Aberta a tirinha de papel, antes de formalizar a pergunta, o Professor exclamou: Se Ferrou!
A Pergunta: qual o rio de Nascente mais Alta do Brasil?
O Dr. Julinho virou-se ao Professor e de pronto respondeu: Tá vencida a Batalha. Passei!
Eu nasci lá!
Ora bolas, “O rio Aiuruoca possui a nascente mais alta do Brasil. O rio, que corta a cidade de Sul a Norte é o rio que possui a nascente mais alta do Brasil, localizada na Serra do Itatiaia, a 2.450 metros de altitude, na Mantiqueira.”
Aprovado!
Depois me contou que concluído o Curso de Medicina, na Escola à época mais importante de Medicina no Brasil, antiga Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, ainda Capital Federal veio residir em Aiuruoca, a pedido do Pai.
A Academia Nacional de Medicina é uma instituição médica centenária, fundada no Brasil no dia 30 de junho de 1829 pelo Dr. Joaquim Cândido Soares de Meireles sob o nome de "Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro". Posteriormente foi chamada Academia Imperial de Medicina
Na primeira noite em que passou em Aiuruoca, já como médico recém- formado chovia a cântaros e os raios cortavam o Céu iluminando tudo.
Um tempestade infernal!
Alta madrugada alguém bate à porta a procura de socorro médico.
Acorda então, o Dr. Júlio, ainda sonâmbulo e vai atender à porta.
Alguém lhe implora socorro médico a um paciente na zona rural.
É Urgente!
Julinho recém-formado não conversou.
Tratou logo de chamar o motorista da família e tiraram o Jipe Willys da garagem, debaixo de chuva.
Acomoda o passageiro no banco de trás do veiculo, dois acentos laterais de ferro e saem em direção à residência do paciente.
Sobem e dessem a montanha sob chuva escaldante e raios que traçavam os céus.
Atravessam a ponte quase levada pelas águas.
O Jipe rodopia e é tracionado positivamente.
Param o veiculo e acorrentam os pneus traseiros, embora os pneus fossem lameiros.
A coisa tava preta!
Rompem todos os obstáculos aos solavancos.
Depois de andarem muito param diante de um casebre iluminado por luz de lamparina e candeeiro.
Desce o médico apressado para examinar o paciente.
À porta é recebido pela esposa aflita e uma filhinha no colo.
Mede a Pressão, ausculta os batimentos cardíacos com o estetoscópio, apalpa com o “Dedo” o abdome do moribundo.
Diagnóstico apressado, mas, certeiro: Crise de apendicite (inflamação do apêndice intestinal).
Exige socorro rápido com possibilidade de ato cirúrgico.
“A cirurgia de apêndice assusta. De repente, uma dor intensa toma conta do seu corpo e, no hospital, descobrem que é necessário operar, evitando uma infecção generalizada. Restos de fezes e de alimentos não digeridos, atualmente, são considerados os causadores da inflamação.”
“Esses restos iriam obstruir o apêndice, criando condições para o desenvolvimento de bactérias, afirma o cirurgião geral Carlos Rubens Maciel, diretor clínico do Hospital-Dia e Maternidade Unimed-BH. Além da obstrução, um apêndice inflamado apresenta a trombose de suas artérias, com consequente isquemia e ruptura do órgão. Havendo a ruptura, é necessário um grande processo de drenagem, prevenindo que as bactérias se alastrem e contaminem outros órgãos.”
Risco iminente!
Examina as condições do lugar.
Impossível qualquer tentativa de tratamento eficaz.
O paciente tem que ser levado urgente ao pequeno hospital da cidade.
Não conversa duas vezes.
Apanha o doente aos braços, enquanto o motorista apanha o colchão de capim.
Forram a parte traseira do Jipe e, apressados rumam de volta à cidade, mesmo sob chuva.
Antes indaga se tem um trago de cachaça?
Diante do sim apanha uma caneca esmaltada e sorve de uma vez ,um trago doa aguardente pra quebrar a friagem da chuva.
Descem e sobem novamente a Mantiqueira atravessando o riacho já quase botando água pra fora.
No pequeno hospital chama a Irmã de Caridade e diz: A Senhora via me instrumentar é urgente.
A irmã titubeia pede pra rezar.
Dr. Julinho Ordena: irmã reza durante a cirurgia eu opero a senhora me instrumenta e rezacom fervor.
Se não for assim tá morto, nem Cristo Salva!
Vararam a Madrugada!
No outro dia acalmada a tempestade, o Dr. Julio volta ao hospital, para ver como está seu primeiro paciente em Aiuruoca.
Batismo de Fogo!
Três dias após, o paciente apresenta melhora e reage bem ao pós-operatório.
Está Salvo!
No quarto dia, não tendo o médico e arredado da cama, ainda enfraquecido o paciente abre os olhos e balbucia: O Dr, o Senhor não está me reconhecendo?
Dr. Julinho assusta!
Quem é Você, mesmo?
Sou seu colega de Grupo Escolar.
Sentávamos juntos na mesma carteira, no primeiro e segundo ano primário
As lágrimas então lavam os olhos do médico!
O primeiro amigo escolar, seu o primeiro paciente em Aiuruoca.
O Destino quis, que o Médico recém chegado salvasse a vida do amigo de escola!
Uma Semana depois, o Dr. Julinho era presenteado pela Diretora do Grupo Escolar com a tal Carteira.
É daquelas de pés de ferro e madeira, com dois buracos , onde os alunos colocavam o copo e dois frisos como lapiseiras rasgados na madeira.
Naquele dia em que estávamos na cozinha da Casa, hoje, Museu no centro de Aiuruoca, ao lado da Igreja Matriz, eu e ele (o Dr. Julinho) assentávamos na mesma Carteira Escolar.
E ele então me disse: Só assentam aqui, os meus verdadeiros amigos.
Dantas Motta (Poeta e Criminalista nascido em Carvalhos, mas tendo residido em Aiuruoca), o jornalista de São João Del Rei, Oranice Franco , o Jamil Haddad (Prefeito do Rio, Min. da Saúde no Governo Itamar Franco e, Pai dos Genéricos), o Zé Ferreira (boêmio de carteirinha, violonista dos bons e ex-prefeito Baependi) , o Dr. José Júlio Balbi Leite, de Caxambu (Advogado Civilista) e ,agora, Você, amigo Celestino
Aproveite!
Concluiu o Dr. Julinho : Por isto, nunca mais neguei socorro a ninguém.
Faço questão de vir do Rio de Janeiro (Hospital Pedro Ernesto, onde atuou durante muito tempo, como chefe do Corpo clinico e como Clinico Geral e Cirurgião).
Venho mensalmente, para Aiuruoca atender os mais necessitados.
Hoje, o Hospital da cidade de Aiuruoca presta-lhe justa Homenagem: Hospital Dr. Júlio Sanderson de Queiroz!
Saudade Eterna!
Ao meu Mestre com Carinho dedico minha Crônica.
Oxalá esteja me ouvindo agora e acredito que sim!
Os bons não morrem nunca Se encantam para Sempre!
