sábado, 5 de janeiro de 2019

CAXAMBU DE ETERNAS AUSÊNCIAS, GRITOS E SUSSURROS DA SOLIDÃO.

CAXAMBU DE ETERNAS AUSÊNCIAS, GRITOS E 
SUSSURROS DA SOLIDÃO.
By José Celestino Teixeira.


No princípio era o verbo e o verbo se criou virou alma.
João do Rio, o cronista da Cidade Maravilhosa, ainda nos idos dos Anos 20 me revelou em “A Alma Encantada das Ruas”.

Eu sabia ,mas, não ousava confessar!
Contar um pouco dessa Alma Penada que anda pelas Ruas em Madrugadas Frias hospedando-se furtivamente em Hospedarias de Casas Antigas engolidas pelo tempo passado, comidas vagarosamente pelos cupins, não era pra mim.

Eu não ousaria desvendar este Mistério de Ruas Perdidas, de Almas Encantadas, não Mortas.
Vivas no Cemitério da Vila, no “Memorial de Baseado da Serra”.
Nele tudo é passado, nada Presente.
A Sorte perdida nos Cassinos, o Tempo esquecido no Relógio do Parque que sempre marca a mesma hora.
O Balneário Fechado, a Fonte intermitente, que não jorra mais água morna no verão e quente no Inverno.
O Lago abandonado, o Jardim da Praça sem a mureta de pedras de granito e a saudade de noites Eternas no Bar Bambuzinho.
Aqui tudo é efêmero, nada dura o tempo exato da felicidade.
Tudo é resto, fantasma do que não se concretizou, não consolidou como realização de Vida.
Há sempre uma dúvida, uma solidão disfarçada em Amor, um carinho jogado ao léu , uma Margarida despetalada, um grito de solidão.
Sempre, quase sempre um Amor não correspondido.
Como num Jogo de Baralho com Cartas Marcadas, como a bola a girar numa Roleta Russa de pouca Sorte.
A Esperança mora e vive nas lembranças do Pano Verde da Esperança/Saudade!
Eu li isto uma Vez, ninguém me contou a sina de onde as Águas brotam da Terra jorrando em 12 Fontes.
Eu vivi esta Solidão Perene, num Tempo de Fazer Nada e Sonhar Tudo.
Doces Ilusões disfarçadas em “pastéis de nata”, servidas em bandejas de prata.
O vício perverso de ser o Espectador do fausto dos Hotéis, da saudade do único Bordel, que não existe mais.
Fechou com Gargalhadas de Prazer e Saudade.
O médico, o padre, o meirinho, o Juiz de Fora, o Delegado da cidade ao Lado, o dono do Cartório, o Prefeito Perfeito, todos frequentaram o Bordel, Zona Fronteiriça entre o Bem e o Mal.
E todos, ainda, oram por Nhá Chica, a Santa nascida em São João Del Rei, mas, que veio fazer Milagres em Bapendi.
Hoje ela é de cá, não mais de Lá!
Do que falo, ninguém me contou.
Eu li.
Confesso que Vivi!Tudo está alinhavado em palavras claras, em forma de contos ocultos pelo Tempo disfarçado em Presente.

MEMORIAL DE BASEADO DA SERRA é a obra literária (uma delas entre outras) escrita com muita descrição, pungente de verdades memoriais pelo médico caxambuense "José Manoel Gorgone".
Irmão de uma Estrela Maris, a Estela Gorgone.
Irmão , do Poeta, hoje encantado : Eustáquio Gorgone, que sobrevive em Poesias espalhadas por sebos e livrarias mortas.
Vivo, muito vivo na lembrança dos amigos aqui esquecidos por ele, na pressa sem despedidas.
Dele tenho todas as obras.

Do o Autor de Memorial De Baseado Da Serra tenho três Livros de Contos e Memórias sangrentas de Paixão pela Terra que se esvai em Ausências e Gritos de Eterna Solidão.
Descubro referencias ilustrativas atribuídas ao meu amigo e artista Pedro Leal, a quem devoto paixão pelo desenho de traços leves e marcantes.
Coloco “Baseado da Serra” do autor José Manoel Gorgone, no mesmo nível, da obra de Alexina Sá, “Caxambu de Ontem e de Hoje” (cujos direitos de reedição da obra acabo de adquirir e cujo projeto de Edição está em fase de produção).
O Amor aqui é liquefeito como as águas de bica, fonte de saudades, esperanças ganhas e perdidas nas Roletas passadas, no Baccarat, nas fichas de madrepérola repartidas pelo Croupier entre os aventureiros da Sorte.
Os groupier’s, Infelizmente todos já falecidos e não existem mais.
Do Jogo ,a Saudade.
Do Bar do Zé Merquinho, no Triangulo das Bermudas (A Igreja, o Foro antigo, os Poderes Legislativo e Executivo), o gosto da pimenta malagueta na boca da noite e um resto de aguardente no Cálice da Morte.
Tudo cirrose hepática , Morte encomendada.
Da vida só ficou a água cristalina que insistentemente jorra incessante das Fontes para Matar a sede do Bengo.
De Resto Saudade!
Pura Saudade do que já se foi.
De resto, já não dá mais Tempo:
Acabou-se o que era Doce!