sábado, 1 de agosto de 2020

Presas de Caxambu, no Sul de Minas, trabalham em obra de reforma da unidade prisional


Presas de Caxambu, no Sul de Minas, trabalham em obra de reforma da unidade prisional

Desde maio, três detentas da unidade assumiram o ofício; troca de piso e pintura interna estão entre as melhorias



Acostumada a trabalhar em unidades prisionais mistas, a diretora-geral do Presídio de Caxambu, Alessandra Duarte, se deparou com um dilema quando assumiu a unidade feminina do Sul de Minas. O local precisava de reformas e manutenção, mas não tinha na população carcerária presos do sexo masculino para assumir a função. Foi então que a diretora teve a ideia de colocar as presas de Caxambu para assumir a missão. “Fiz um levantamento com elas sobre quem tinha interesse e algumas aceitaram”. E a ideia deu certo. Três detentas quiseram participar e desde o dia 25 de maio estão colocando as mãos em cimento, tinta e ferramentas para reformar a unidade.

De lá para cá muitas melhorias já foram feitas, e muitas outras estão em andamento. Praticamente toda a unidade prisional será reformada. É o caso da portaria do presídio, que está sendo construída pelas presas, assim como a troca do piso da garagem de viaturas e a pintura de todas as áreas da unidade prisional, incluindo celas e pátio de banho de sol. A próxima grande obra será a construção de um alojamento e um refeitório para os servidores do presídio. As presas também realizam frequentemente serviços menores de manutenção e de adequações, o que dá à sua atividade de pedreira um caráter permanente. Pelo trabalho realizado, elas ganham remição de pena, ou seja, a cada três dias trabalhados um é diminuído da pena.

Segundo a diretora-geral da unidade, a iniciativa traz benefícios materiais e ressocializadores, tanto para o presídio como para as presas. "Como diretora-geral, reconheço como o esforço e o trabalho estão mudando a realidade dessas mulheres. E ao mesmo tempo construindo uma identidade positiva para elas. Esperamos que todas essas fases ruins sejam superadas e que, ao final, elas estejam prontas para a reinserção social", diz Alessandra. "O resultado alcançado é de suma importância para o fortalecimento do sistema prisional, que prioriza a ressocialização e as condições de trabalho dos servidores".

O custeio das obras é proveniente de despesas miúdas e das doações de parceiros, incluindo a Prefeitura de Caxambu e alguns voluntários. Em breve também haverá a liberação de uma verba pecuniária para complementar os gastos. Na execução das atividades, as detentas contam com o apoio do policial penal Juliano Fernandes Aguiar e de um preso, cedido recentemente pelo Presídio de São Lourenço. Quando necessário, um mestre de obras do município vai até o local dar orientações.

As três presas nunca haviam trabalhado com essa atividade anteriormente. Roseli Aparecida de Oliveira, 39 anos, só tinha experiência como empregada doméstica; agora, de 8h às 17h, de segunda a sexta-feira, ela está aprendendo uma outra profissão, que, por mais dura e masculina que possa parecer, é muito bem executada por mulheres. "Apesar de parecer pesado, está sendo muito bom, tenho gostado do trabalho que eu tenho feito. É um tempo até prazeroso porque estou fora da cela e colocando a mão na massa. Já aprendi a fazer cimento, pintar paredes, erguer um muro, dentre outras coisas. Eu nunca gostei de ficar parada e agradeço muito por essa oportunidade de fazer algo, mesmo presa", conta Roseli.

Texto: Fernanda de Paula

Fotos: Divulgação Sejusp


Fonte: Segurança.gov http://www.seguranca.mg.gov.br/component/gmg/story/3856-presas-de-caxambu-trabalham-em-obra-de-reforma-da-unidade-prisional