Expedição Miramundos desbrava 
a Estrada Real
Depois de pedalar o Caminho de Santiago, grupo fará rota entre Ouro Preto e Paraty
De bicicleta por caminhos abertos há mais de 300 anos. Esse é o novo desafio da Expedição Miramundos, que, a partir de segunda-feira, percorre os 800 quilômetros da Estrada Real de Ouro Preto a Paraty. O relato desta aventura pode ser seguido no blog Miramundos, hospedado no site do Globo.
 Esta será a terceira empreitada do jornalista e fotógrafo Rafael Duarte
 e do multiesportista e cinegrafista Jaime Portas Vilaseca que resultará
 num blog com atualizações constantes, acessado em 
oglobo.com.br/miramundos e também pelas redes sociais Facebook, Twitter e
 Instagram. Os dois estiveram juntos na primeira Expedição Miramundos, 
em 2009, pelo Caminho de Santiago de Compostela, da França à Espanha. E 
também, no ano passado, na jornada até o Monte Roraima, saindo do 
extremo norte brasileiro e cruzando imensidões por Guiana e Venezuela. 
Mas pela primeira vez terão um roteiro 100% em território nacional.
 A exemplo do Caminho de Santiago, a Estrada Real também será percorrida
 em bicicletas. A expedição vai refazer o percurso usado no século XVII 
para escoar ouro e pedras preciosas de Minas Gerais até o litoral sul 
fluminense. O trajeto inclui as pequenas estradas
 de terra e trilhas que conectam diversas cidades que cresceram a partir
 de pequenas vilas estabelecidas pelos exploradores há mais de 300 anos.
 A rota escolhida é a mais antiga, que liga Ouro Preto a Paraty, 
passando por localidades como Congonhas, Lagoa Dourada, Bichinho, 
Tiradentes, São João del Rey, Caxambu e São Lourenço, em Minas Gerais, 
antes de chegar ao estado de São Paulo, onde a estrada corta 
Guaratinguetá e Cunha até sua reta final, em Paraty, cidade
 patrimônio histórico nacional e antigo porto de escoamento de ouro e 
pedras preciosas. Mas antes de chegar a essa rota, a dupla — acompanhada
 pelos fotógrafos Daniel Ramalho e Flávio Forner, que vão seguir as 
bikes em um carro de apoio — fará um minicircuito ao norte de Ouro Preto
 pelo chamado Caminho dos Diamantes, onde farão palestras e 
apresentações em cidades como Catas Altas, Santa Bárbara, Barão dos 
Cocais e Caeté.
 — Já ouvi muita gente dizendo que fez o caminho de carro ou 4x4, mas de
 bicicleta foram realmente poucos relatos. Acho que é um desafio mostrar
 como é percorrer o trecho apenas pedalando — conta Duarte, que espera 
emoção do começo ao fim. — Nossa ideia é seguir apenas pela trilha 
original. Se tudo der certo, espero não precisar andar em asfalto em 
momento algum.
 Para cumprir a missão de pedalar em média 60 quilômetros por dia, ele e
 Vilaseca vêm treinando há quatro meses, sob a supervisão de 
preparadores físicos e nutricionistas. Esse período também foi usado 
para aprender mais sobre a história e aspectos geográficos da região. 
Baseado em tudo que leu e ouviu a respeito, Duarte já projeta o que virá
 pela frente.
 — Lemos de tudo o que caiu na nossa frente, de sites na internet até 
trabalhos acadêmicos. Já sabemos que o Caminho Real tem uma boa 
infraestrutura e apresenta trechos com nível de dificuldade igual ou até
 mesmo maior que partes do Caminho de Santiago. Particularmente, estou 
bastante ansioso para a descida da Serra da Mantiqueira, no trecho 
Cunha-Paraty. Antigamente era uma barreira para os primeiros 
exploradores; muita gente não conseguia superá-la. Hoje vai ser um belo 
downhill para encerrar a viagem — espera Duarte.
 Para conseguir compartilhar com o público diariamente as experiências e
 imagens da expedição pela internet, a equipe colocou na bagagem uma 
série de equipamentos que permitirão estar sempre conectados: câmeras e 
filmadoras em HD de diversos tipos, laptops, modens e smartphones. 
Vídeos e entrevistas com personagens ligados à Estrada Real também serão
 postado ao longo das próximas semanas.
Fonte: Primeira Edição - O Globo
