Prefeituras estão desvirtuando função do vereador, dizem especialistas
18/7/2012 14:38, Por Redação, com ABr - de Brasília
Especialistas entrevistados pela Agência Brasil
 afirmaram que a função do vereador está desvirtuada pelo fato de muitas
 prefeituras cooptarem os vereadores por meio da distribuição de cargos 
na administração local e do uso do dinheiro público. E acrescentaram o 
fator da falta de cultura política do eleitorado, que não acompanha o 
trabalho dos vereadores depois de empossados.
A Câmara de Palmas é a mais cara do Brasil, com um custo de R$ 83 por habitante
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 A função das câmaras de Vereadores foi esvaziada. Os vereadores não 
cumprem seu papel, não fiscalizam. Quem legisla, de fato, é o [Poder] 
Executivo. [As prefeituras] não têm importância nenhuma para o eleitor –
 critica Cláudio Abramo, do site Transparência Brasil. “Os prefeitos ‘compram’ suas bases por meio da distribuição de cargos”, lamenta.
O
 cientista político Fábio Wanderley dos Reis, professor emérito da 
Universidade Federal de Minas Gerais tende a concordar com Abramo. “Não 
tem nada que aconteça de relevante [nas câmaras de Vereadores]. O poder 
foi posto de lado e depois jogado fora”, disse Wanderley, ao comentar 
que vereadores “se ocupam mais em mudar nome de rua” ou escolher pessoas
 para prestar homenagem em sessões especiais.
O
 advogado Walter Costa Porto, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral
 (TSE) e historiador especializado em eleições no Brasil, porém, tem 
visão mais positiva dos vereadores e diz que eles participam da 
administração municipal. Costa Porto reconhece, porém, que o sistema de 
votação proporcional dentro de coligações partidárias cria uma disfunção
 grave. “O eleitor não sabe para onde vai seu voto. Ninguém conhece as 
listas partidárias. Vota em um candidato a vereador e elege outro.”
A
 representação local – câmaras dos Vereadores – é o sistema de eleitoral
 mais antigo do Brasil. Segundo Walter Costa Porto, a primeira eleição 
para os “conselhos da câmara” ocorreu em 1.535 vilas no interior do que 
hoje é o estado de São Paulo.
Para
 ele, apesar da antiguidade, o sistema eleitoral, associado ao 
desinteresse e desconhecimento dos eleitores, “faz da democracia no 
Brasil um simulacro [imitação]”. O problema se agrava com a impunidade 
concedida pelos próprios eleitores. “Falta educação cívica. Ninguém é 
punido pelo voto”, diz o advogado, ao salientar que é comum os eleitores
 esquecerem para quem foi seu voto para vereador, assim como para 
deputado estadual e deputado federal.
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 O grau de politização é muito baixo. Muitos eleitores votam por 
obrigação. Há uma crise de confiança no Legislativo – afirma Carlos 
Eduardo Meirelles Matheus, líder do Comitê de Opinião Pública da 
Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (Abep) e ex-diretor do 
Instituto Gallup de Opinião Pública.
Apesar
 de crítico, Matheus ressalta que os vereadores exercem o mandato como 
“intermediários” entre os eleitores e a prefeitura. “Nas cidades 
maiores, eles trabalham pelos bairros e encaminham solicitações”. Ele 
diz que a proximidade dá “um pouco mais de transparência” aos mandatos 
dos vereadores.
De acordo com o site
 Transparência Brasil, o custo de funcionamento do Poder Legislativo no 
Brasil (câmaras de Vereadores, assembleias legislativas, Câmara dos 
Deputados e Senado Federal) é, em média, R$ 115,27 por ano para cada um 
dos brasileiros que moram nas capitais. O valor varia de cidade em 
cidade.
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 A Câmara de Vereadores mais cara por habitante é a de Palmas, capital 
do Tocantins, que custa anualmente R$ 83,10 para cada morador da cidade.
 A mais barata é a da capital paraense, Belém, com R$ 21,09 por ano”, 
descreve o site, que também monitora as propostas e votações nas duas maiores câmaras de Vereadores do país: São Paulo e Rio de Janeiro.
Os
 68.544 vereadores que serão eleitos no dia 7 de outubro por cerca de 
140 milhões de eleitores em 5.568 municípios terão a tarefa de 
fiscalizar as prefeituras municipais, além de criar e modificar leis 
restritas às cidades. Cabe a eles verificar, por exemplo, como o 
dinheiro público é aplicado e criar ou alterar o plano diretor de 
ocupação urbana de sua cidade.
Podem
 se candidatar a vereador os maiores de 18 anos que tenham título de 
eleitor há mais de um ano no município onde pretendem disputar o cargo e
 sejam filiados a um partido político há mais de um ano das eleições.
Fonte: Correio do Brasil 
