MALDITA DROGA 
- UM
TEXTO DE ALERTA
 É triste e lamentável o sofisma enganoso da droga, em
sua  promessa de se sentir “muito  legal “, que é a maneira como é
oferecida  a  crianças e jovens entre 8 e 18 anos, época em
que muitas vezes a dúvida é uma marca e em que seus hormônios os deixam
desestabilizados (na  puberdade e
adolescência).  O novo sempre exerce
atração para o ser-humano, e nesta faixa etária ainda mais.   Contudo, no caso das drogas, o novo pode
representar a caotização da vida, o caminho da morte de forma prematura e
muitas vezes irremediável.  
O jovem muitas vezes é apresentado a droga através de um
convite entusiasmado de um amigo do tipo” 
vou te mostrar uma coisa que você não vai esquecer nunca mais”.  O jovem realmente  não esquece o objeto do convite, não por
qualquer benefício proporcionado pela droga ‘a sua vida e sim pela ditadura
imposta pelo vício:  o jovem se vê
prisioneiro da química, e não consegue conter o ímpeto de consumir a droga, com
cada vez maior frequência e quantidade.
Tudo começa  de uma
forma satanicamente singela:  um “
tapinha” num “baseado”, entre amigos.  
Do baseado passa-se, ao pó, do pó ‘a heroína ou ao crack.  E a história, apesar do início camufladamente
inocente alcança dimensões macabras.  O
ser-humano  se vê dominado por uma força
maior do que a sua própria e não consegue conter  o impulso ao consumo. E assim vai morrendo
aos poucos, cotidianamente, sem nunca esquecer seu vício.
O vício funciona como uma aranha maligna, que vai tecendo
sua teia aos poucos, mas com tal habilidade que o usuário logo se vê enredado
nos fios de forma definitiva.  A cola da teia
é biônica:  prende cada passo do
drogadito, e cada coisa que pensa ou faz é em função da droga, e pela droga
e  com as drogas.
O drogadito é apenas vítima da sociedade extremamente
violenta, competitiva e agressiva  em que
vivemos.  Por isso merece toda a atenção
e cuidado da sociedade.   Até porque, uma
coletividade sadia sempre começa por uma individualidade sadia.  E o drogado, nas fases mais avançadas do
vício, pode se voltar contra essa mesma sociedade que o vitimou formando-se um
círculo, roubando para obter dinheiro para comprar mais drogas, ou manipulando
as pessoas de todas as maneiras.  Ele não
precisa de punição.  Ele precisa de
cuidado, pois está doente.
E cuidado numa cidade como Caxambú pode representar um
Centro de Recuperação de Drogados. Um Centro auto-sustentável, onde o trabalho
dos próprios pacientes proporcionará os recursos necessários para sua
manutenção.  Um lugar onde os drogaditos
poderão receber toda a atenção e respeito necessários para a reconstrução de
sua auto-imagem e noção de dignidade. 
Onde através de  trabalho,
atividades lúdicas e de auto-conhecimento o usuário possa descobrir que dentro
de si existe um manancial de bem-estar infinito, muito maior do que aquelas
sensações temporárias proporcionadas pelo vício.    O centro deve contar em sua equipe com
psicólogos, assistentes sociais,  e
enfermeiros, além de um médico capaz de administrar as crises de abstinência
através de medicação.  O centro é em
essência uma estratégia de reabilitação, onde 
afastado do convívio social, o dependente pode se encontrar, integrar
seus conteúdos internos, para finalmente, quando estiver em condições
suficientes de saúde psíquica e fisiológica ser reintegrado ‘a sociedade.  Através do tripé amor, trabalho e
acompanhamento psicológico, é possível resgatar o auto-respeito do paciente,
tornando-o uma pessoa produtiva e capaz de dar continuidade ‘a sua vida de
maneira independente.
Em nosso trabalho de recuperação de drogados em uma
comunidade carente do Rio de Janeiro, o Jacarezinho, eu e minha esposa pudemos
testemunhar o nível assombroso de deterioração a que pode chegar a vida
humana.  Na Cracolândia, o nome que
geralmente se dá ao lugar onde as pessoas se reúnem para consumir o crack, as
pessoas vagam pela estrada de ferro como zumbis, ironicamente sem qualquer
destino.  Parecem estar prontos  a irem ao chão a qualquer momento,
encurvadas, carcomidas, osso ‘a mostra, bastando para isso um peteleco do
vento.
Reúnem-se como ratos em buracos feitos no muro, onde, numa
área de não mais que 2 metros quadrados consomem crack com a avidez de um ralo
por água.   Para pouco tempo depois,
vagarem secos, esquálidos, esperando  a
morte chegar.   Seu playground é a lama,
no meio dos porcos. 
Não é esse o fim que desejamos para Caxambú.  Por isso uma atitude deve ser tomada
rapidamente, para que se possa reverter a situação atual referente ao consumo
de drogas, atingindo-se um índice de drogadição 
mais compatível com as dimensões da cidade. Ou até mesmo, o que não é
impossível, levar a incidência de consumo a um patamar próximo de zero.
Mas essa atitude deve ser tomada o quanto antes, pois
a‘medida que o tempo avança, vai se tornando cada vez mais difícil a
recuperação.  Mas agindo a tempo, tudo
pode ser mudado, transformado, redimido, e as vidas podem retomar seu  curso natural , de onde nunca deveriam ter
saído.
 Maiores
informações:  Antônio Augusto Lima
