domingo, 23 de maio de 2010

Crônica: Paulo Roberto


O COLECIONADOR
Paulo Roberto Guimarães Moreira *
- Veja quanta coisa eu já não mais preciso!
 Sócrates.
Crescimento sim, coleção não.
Eu não preciso me acasalar com todas as borboletas que visitam meu jardim. Eu disse essa frase hoje, num grupo de mútuo-ajuda. A frase agradou à uma colega de grupo, e quando ela repetiu essa frase, agradou a mim mesmo. Eu me referia à famosa idéia de Shakespeare: “Não corra atrás das borboletas. Cuide de seu jardim que elas aparecem!”. Quantas belas amizades femininas eu perdi por não saber amá-las de outro modo que não o sexual! Desde criança colecionei namoradas, e isso me custou muito caro. Perdi minha alma gêmea (ou minhas almas gêmeas) que, quando passou (ou passaram) eu estava ocupado, me divertindo com as erradas, e não percebi. Eu, e talvez a maioria das pessoas normais (neuróticas ou psicóticas), na disponibilidade de cem relacionamentos, escolhe o mais inadequado, o mais inviável. Como disse Helena Blavatsky: - O casamento é uma loteria, muitos jogam, mas poucos acertam. Mas, vou aceitar o conselho de uma amiga, não vou fechar meu coração, ele continuará aberto. Não mais para coleção, mas para algo certo.
Hoje, tomei florais de Bach para saber o propósito e a missão de minha vida. E sempre que faço isso, as coisas clareiam. Nessa mesma reunião eu disse que estava fazendo outro curso superior. Minha parede está cheia de diplomas, mais um, menos um, que diferença faz. Não é por orgulho apenas que coloco esses diplomas na parede. Sou Terapeuta dos Florais de Bach, e nem todas as pessoas têm uma visão holística da realidade. Não sabem que tudo está ligado a tudo e podem perguntar: - Mas esse cara não é médico nem psicólogo.... porque faz esse trabalho? Eu entrei na garagem do meu edifício pensando se fazia a Graduação em Direito até o final, ou se trancaria para fazer Doutorado primeiro. Como Professor, o Doutorado seria mais útil – essa é minha vocação. Não almejo iniciar uma vida de advogado a essa altura do campeonato. Foi aí que minha secretária comentou: - Esse carro está aí há anos! Eu respondi: - Era de um colecionador de carros que morreu (a família aguarda o inventário que parece encrencado). Aí caiu a ficha. De que adianta um colecionador perder tempo de sua vida colecionando seja lá o que for? Eu coleciono diplomas, para quê? Preciso desse precioso tempo para meditar, rezar e tratar da única coisa que realmente interessa, a única coisa real, eterna: encontrar a Deus. Vou estudar a graduação até começar o Doutorado pagando 50%, por ter 60 anos. Quantos semestres eu fizer da graduação, será importante para eu usar como conhecimento no Doutorado. O programa do Doutorado em Direito do UniCEUB é magnífico: Direito Internacional. O Direito se internacionaliza e já tenho temas incríveis para me colocar a serviço de Deus, nessa minha nova empreitada.
Sou Economista e ajudo as pessoas a lidarem bem com o dinheiro. Aprendi a economizar com minha mãe. Mas será que uso bem o dinheiro? Ou será outro objeto de coleção? Claro que não sou rico de dinheiro, mas o sou de tudo o mais, porque percebi que tenho tudo que preciso, talvez muito mais, em muitos aspectos. Quero agora a riqueza espiritual. Aqui não se coleciona, se cresce. O próprio Paramahansa Yogananda recomenda, no livro "A Eterna Busca do Homem": - Gaste menos e poupe mais, eliminando hábitos extravagantes. De seus rendimentos, economize o mais que puder, para que possa viver parcialmente dos juros de sua poupança, sem ter que recorrer ao capital principal. E como alguns milionários sabem: dinheiro proporciona duas coisas fundamentais, uma é a liberdade e a outra a possibilidade de ajudar os outros.
Não quero colecionar mais nada. Como dizia Sócrates ao entrar nos empórios da Grécia Antiga (como nos atuais shoppings): - Veja quanta coisa eu já não mais preciso!
Brasília, 22 de maio de 2010
* Paulo Roberto Guimarães Moreira era colecionador, agora está em fase de crescimento.