quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


  Exames de HIV aumentam 30% após o     carnaval
  O Ministério da Saúde promove campanha especial para reforçar os cuidados com a prevenção à Aids 

Carla de Campos
Não é à toa que a festa mais popular do país remete ao clima de informalidade e liberalidade. Se o Carnaval é sinônimo de alegria, é também de descuido, pois durante a folia a tendência é achar que alguns exageros estão permitidos, inclusive o consumo de bebida alcóolica. Impulsionado pelo clima quente e pela onda de euforia, a cerveja é a bebida mais consumida do carnaval e a expectativa do Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja) é de que as vendas cresçam 30% neste feriado.

Diante deste quadro, o Ministério da Saúde promove tradicionalmente uma campanha especial voltada para esta época do ano com o objetivo de evitar a transmissão de DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis), sobretudo a Aids.

Não é possível determinar, por exemplo, quanto aumenta o número de infecções pelo HIV durante o Carnaval, mas há um indicador importante, relacionado: após as folia geral, Sorocaba registra aumento de 20 a 30% na procura pelos testes de Aids. No ano passado foram 15.881 análises de sangue.

Para a coordenadora do Programa DST/Aids Sorocaba, Tereza Dib, isso demonstra que as pessoas não estão ignorantes quanto à questão da contaminação, mas deixam para se preocupar somente depois. “O programa nacional tem o Carnaval como data importante porque é quando as  pessoas se soltam mais, bebem. Esta alegria toda provoca alguns encontros”, aponta Tereza. “As pessoas baixam a guarda mais facilmente no Carnaval e se esquecem da proteção. Vão se lembrar depois porque acham que com elas não acontece”, completa.

Em Sorocaba, de 1985 até 2011, foram registrados 3.193 casos de Aids. Neste mesmo período, o número de homens infectados é superior ao de mulheres: há 2.991 pacientes do sexo masculino, contra 1.102 do sexo feminino. Entretanto, na escalada da epidemia que já dura três décadas, as mulheres e os jovens têm aparecido mais frequentemente como vítimas  nas estatísticas nacionais. 

CampanhaOs jovens gays de 15 a 24 anos são o principal foco da campanha do Ministério da Saúde neste ano. O motivo é simples: de 1998 a 2010, o percentual de casos na população homossexual de 15 a 24 anos subiu 10,1%. O conceito da campanha promovida pelo Ministério é: “Na empolgação pode rolar de tudo. Só não rola sem camisinha. Tenha sempre a sua”. A coordenadora aponta que  esse avanço da doença na população mais jovem é um fator preocupante. “Esta geração é aquela que não viu o Cazuza ou Lauro Corona, que morreram no início da epidemia”, afirma.

Segundo ela, a falta desta experiência acaba levando os mais jovens a crer que estão imunes ou que a Aids não  é tão terrível quanto se imagina, já que pode ser controlada com medicamentos.]
Foco de 2012A  campanha de carnaval deste ano dá prosseguimento à Campanha do 1º de Dezembro Dia Mundial de Luta contra a Aids, quando os jovens gays de 15 a 24 anos foram indicados como público prioritário. O Boletim Epidemiológico DST/Aids divulgado em dezembro do ano passado mostra que a epidemia tem crescido nessa população nos últimos anos. De 1998 a 2010, o percentual entre  jovens gays aumentou o em 10,1%.
Fique Sabendo A campanha "Fique Sabendo" é um serviços permanente nas UBSs e no Coas (Centro de Orientação e Aconselhamento de Sorocaba), que fica na rua da Penha, 770, Centro.
Álcool: exagero na folia só com ‘moderação’Calor, carnaval e cerveja têm tudo a ver para ajudar a esquentar o clima. A cada 1 grau a mais na temperatura, o consumo de cerveja no Brasil cresce 0,28%, aponta o Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja).

Afinal, é difícil imaginar a folia sem o consumo da bebida. Em Sorocaba, a cervejaria Burgman também informa que aguarda 30% a mais nas vendas.

Quem lida diretamente com o consumidor final, como o comerciante Pedro Adami, da choperia Mandala, também tem boa expectativa. “No verão o consumo é de 150 barris de chopp e agora deve aumentar em 30 %.”

Para o representante comercial Alex Alves Pereira, 27 anos, Carnaval é sinônimo de alegria e de exagerar na dose. Mas com segurança. “Neste ano vou passar em uma chácara, com amigos e familiares. Então, por que não posso exagerar um pouquinho na bebida? Carnaval tem cara de cerveja”, analisa.

Já o comerciante Rafael Santos, 28, pretende curtir a festa fora de Sorocaba, ao lado de amigos.  “Vamos aproveitar bastante e a tendência é beber mais do que o normal, mesmo”, diz.

Fonte: Diário de S. Paulo
 http://www.diariosp.com.br/noticia/detalhe/13279/Exames+de+HIV+aumentam+30%25+apos+o+carnaval