Família
de paciente falecido no Hospital São Lourenço autorizou doação de órgãos
Um belo
exemplo ocorreu, há poucos dias, no Hospital São Lourenço. No último sábado
(20), um paciente (no caso em questão, não é permitido informar o sexo) faleceu,
infelizmente, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital, devido a um
acidente vascular cerebral (AVC). Então, os familiares decidiram pela doação de
órgãos dele. “O paciente tinha hipertensão arterial, sofreu um AVC isquêmico
extenso e foi operado pelo neurocirurgião dr. Ricardo Duarte de Carvalho, para
descompressão de um edema (inchaço) cerebral, mas lamentavelmente não resistiu
e teve morte encefálica”, explicou a dra. Eloisa Azalini, cirurgiã geral e
plantonista da UTI. Quando é detectada a morte encefálica, a pessoa não tem
qualquer possibilidade de recuperação.
Equipe do Hospital São Lourenço: dr. Leonardo (plantonista/UTI), Maria Rita, Alexandra (enfermeiras/UTI) e Anderson (assistente social), os dois últimos da CIHDOTT. |
Seguindo
um rigoroso protocolo (obrigatório nesses casos), foram feitos todos os exames
para confirmar a morte encefálica do paciente - principalmente o mapeamento
cerebral, cujo laudo foi assinado pelo neurocirurgião dr. Mauro Horta. Após ser
consultada pela Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para
Transplante/CIHDOTT do Hospital, a família do paciente autorizou doar os órgãos
dele.
Assim,
no Centro Cirúrgico do Hospital, os rins foram captados (retirados) por uma
equipe do Hospital Escola de Itajubá (cirurgião geral dr. Gabriel Iannuzzi,
cirurgião vascular dr. Seleno Glauber, enfermeira Flávia Gama Sampaio e técnica
em enfermagem Priscila Fernandes Faria) e encaminhados ao MG Transplantes/CNCDO
(Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos) Sul/Pouso Alegre;
por sua vez, as córneas foram encaminhadas ao Banco de Olhos do Hospital Alzira
Velano, de Alfenas (enfermeira Marília Aparecida Carvalho Leite). É importante destacar
que tanto o paciente doador quanto o receptor de órgãos têm suas identidades
mantidas em absoluto sigilo.
A
enfermeira Maria Rita Ferraz e o dr. Leonardo Godoi (plantonista/UTI), do
Hospital São Lourenço, participaram de todo o processo, além dos médicos drs.
Daniel Fonseca Pereira (nefrologista), Frederico Khachikian (cardiologista),
Anna Paula Estrela (plantonista/UTI) e Cornélio Carneiro (ultrassonografista);
equipes de enfermagem da UTI, do Centro Cirúrgico (setor que alterou o mapa
cirúrgico para priorizar a captação dos órgãos) e profissionais do Laboratório;
farmacêutico Filipe Branco Rios e secretária/UTI Edna Maria Vaz. “A equipe do
MG Transplantes/CNDCO Sul nos deu total suporte durante as ações do protocolo,
inclusive de madrugada, além do enfermeiro Sandro Lourenço Ferreira, do MG Transplantes/CNCDO
Sul, que veio fazer o eletroencefalograma do paciente”, destacou Maria Rita.
É
muito importante que a pessoa interessada em doar órgãos e/ou tecidos deixe
claro tal desejo junto a seus familiares, para que a doação se efetive quando
ela falecer. Atualmente, a CIHDOTT/Hospital São Lourenço tem a seguinte
composição: dra. Eloisa Azalini (presidente), Alexandra das Graças
(enfermeira), Anderson Machado (assistente social) e Jaques Junqueira de Souza
(psicólogo clínico). Não há registro de outro caso de doação de órgãos de
pacientes falecidos na instituição. Relatos informais (de funcionários mais
antigos) indicam a ocorrência de apenas um caso, há cerca de vinte anos.
( À esquerda) Córneas captadas no Hospital São Lourenço para transplante, encaminhadas ao Banco de Olhos do Hospital Alzira Velano (Alfenas).