domingo, 17 de dezembro de 2017

OLAVO ONUNLAVO - De volta aos bons e velhos tempos.


Sentado em minha cadeira de balanço, entre a canícula das tardes de verão e os aguaceiros do fim de cada dia, observo aqui da varanda a chegada dos bons ventos que trazem alvíssaras ao provecto coração deste perplexo observador da natureza humana.
Durante meu voluntário ostracismo, cogitei até mesmo em aposentar definitivamente minha pena - esta relíquia que ainda funciona à base de tinta e mata-borrão, que utilizo para rabiscar  meus alfarrábios - inclusive as mal traçadas linhas que envio através de meu fiel estafeta para a redação do Jornal Arte3.
Eis que, subitamente, senti-me compelido a manifestar novamente a humilde opinião deste velho escrevinhador, especialmente diante das profundas mudanças que finalmente, percebo que começaram a ocorrer em Caxambu.
Salta aos olhos de todos que a cidade hoje respira novos ares, despindo-se daquelas daninhas idiossincrasias, e desembaraçando-se de vetustas e anacrônicas inutilidades que remontam ao Século passado, que por muito tempo salgaram nossa terra e nossas águas com o amargor do subdesenvolvimento.
Hoje é domingo, um domingo radiante e ensolarado. Porém, a mais bela visão que se apresenta diante de minha varanda, é justamente a de  poder constatar o retorno das famílias de caxambuenses e visitantes. Vejo adultos, jovens crianças e idosos voltando a trazer aquela aconchegante felicidade que há tempos não se via espalhadas pelas ruas e praças de nossa querida hidrópole.  
Observo tudo com estes velhos cansados, mas também posso sentira volta aquele ambiente familiar, pacato e sadio, que conheci em minha infância, e que sempre foi tão característico de Caxambu.  Ouço risos, gracejos, vozes de crianças, mas não ouço mais palavrões, ou música excessivamente alta – a não ser quando passa ocasionalmente algum celerado demonstrando seu mau gosto musical através do alto volume de seu som automotivo.

Sim. Meus caros e pouquíssimos leitores podem ter certeza de que a vista está cansada, mas os meus ouvidos continuam em plena forma.  Tanto é que, entre a algazarra da criançada e outros ditos espirituosos, consigo ouvir ainda algumas murmurações e lamúria esparsas, que chegam abafados pelo filtro da inveja e do ressentimento por parte daquela minoria que não suporta ver a felicidade alheia.  E estes sempre hão de existir: seja por motivo de politicagem, ou pelo que se chama popularmente de “espírito de porco”. A estes, só nos resta preservar as pérolas e atirar-lhes sua lavagem.

Olavo Onunlavo