Olímpíadas e Paraolimpíadas

CORÉIA DO SUL – Um fenômeno

Paulo Roberto Guimarães Moreira ¹

Estive na Coréia do Sul, em Seul, em 1988. Passei 15 dias em Tókio, no Japão, 15 dias em Nova Déli, na Índia. Dessa vez eu não viajava como atleta paralímpico, nem como atleta apenas, mas num intercâmbio. Extra oficialmente eu representava o meu País, o Ministério da Cultura e ainda o movimento das pessoas com deficiência. Foi uma experiência tão rica que, talvez, um livro seria pouco para relatar tal aventura. Viajei sozinho na cadeira de rodas. Não recomendo isto a ninguém. Sobrevivi. Mas, se eu estivesse acompanhado de alguma pessoa inteligente, digo, amorosa seria muito melhor.

A Coréia do Sul é um fenômeno! Fez uma revolução na educação. Sua história está recheada de se defender em guerras contra o Japão. É um povo tremendamente hospitaleiro, alegre, aberto, honesto, prestativo. É indescritível, só vivendo um pouco lá para saber. Hoje fazem um sucesso retumbante com seu carro HIUNDAI que mostra o arrojo, a pujança, a delicadeza, a arte, a ousadia desse pequenino país em extensão e enorme tigre asiático.

Viva a Coréia do Sul!

Presenciei pela televisão os conflitos familiares que a veloz ocidentalização causou nesse país, além da afirmação das mulheres assumindo seus papéis na divisão do poder na vida.

A comida coreana parece lembrava japonesa com mais condimentos. Como considera a comida japonesa a mais bonita e uma das mais gostosas do mundo recomendo.

Participei, como “cartola”, dos jogos Paralímpicos da Coréia do Sul, 15 dias após terminar as Olimpíadas. Fiquei na vila olímpica com a seleção brasileira paraolímpica.

Mais uma vez, só em livro descreveria o que Deus me proporcionou viver naquele momento! Mas, quero resaltar que o país inteiro foi mobilizado para tal evento. Dávamos autógrafos o tempo todo. Em vez de pipoca, comíamos, nas barraquinhas, macarrão (yakisoba).

O esporte paralímpico não tinha a visibilidade que tem hoje no Brasil. Zico, amigo do saudoso José Gomes Blanco², desenhou o Ministério dos Esportes assim: 1) Esporte profissional e Amador e 2) Esporte para pessoas com deficiência.

Esse “status” deu aos atletas paraolímpicos empoderamento e dinheiro. Tranquilidade necessária para treinarem sem se preocupar com a sua sobrevivência. Mas, para isso tiveram que mostrar uma das olimpíadas e paraolimpíadas, que o esporte paraolímpico dava muito, muito mais medalhas que o olímpico: o país mais que consolado, “lavou a alma” com o retorno desses heróis.

Agora, que vamos sediar os jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 no Rio, precisamos antes e urgentemente revolucionar não só o esporte, mas a educação do Brasil como fez e está fazendo a Coréia do Sul, esse enorme tigre asiático.

QUADRO DE MEDALHAS OLÍMPICAS

	Países	Ouro	Prata	Bronze	Total
1	Estados Unidos	46	29	29	104
2	China	38	27	23	88
3	Grã-Bretanha	29	17	19	65
4	Rússia	24	26	32	82
5	Coreia do Sul	13	8	7	28
6	Alemanha	11	19	14	44
7	França	11	11	12	34
8	Itália	8	9	11	28
9	Hungria	8	4	5	17
10	Austrália	7	16	12	35
11	Japão	7	14	17	38
12	Cazaquistão	7	1	5	13
13	Holanda	6	6	8	20
14	Ucrânia	6	5	9	20
15	Nova Zelândia	6	2	5	13
16	Cuba	5	3	6	14
17	Irã	4	5	3	12
18	Jamaica	4	4	4	12
19	República Tcheca	4	3	3	10
20	Coreia do Norte	4	0	2	6
21	Espanha	3	10	4	17
22	Brasil	3	5	9	17

QUADRO DE MEDALHAS DAS PARALIMPÍADAS ATÉ AGORA (1/09/2012)

1	China	13	10	11	34
2	Austrália	7	4	8	19
3	Ucrânia	6	5	5	16
4	Rússia	5	3	3	11
5	Grã-Bretanha	4	11	5	20
6	Estados Unidos	4	1	6	11
7	Alemanha	3	4	4	11
8	Canadá	2	3	1	6
9	Brasil	2	2	2	6
10	Nigéria	2	2	0	4
11	Azerbaijão	2	0	0	2
12	Espanha	1	4	5	10
13	Nova Zelândia	1	2	2	5
14	Turquia	1	2	1	4
15	França	1	1	2	4
15	Holanda	1	1	2	4
17	Itália	1	1	1	3
18	Egito	1	0	2	3
19	Cuba	1	0	1	2
19	Dinamarca	1	0	1	2
19	Coréia do Sul	1	0	1	2
19	África do Sul	1	0	1	2

Observem que o Brasil vai indo muito bem nas paralimpíadas. Todo nosso esforço, entusiasmo e garra de um passado recente deram nisso: O Brasil, hoje, é também uma potência emergente nas paralimpíadas.

Brasília, 1º de setembro de 2012