AVANT SUPERMERCADO - CAXAMBU

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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Cachaça

Tipicamente Brasileira

A ideia de que a cachaça é uma bebida inferior está mudando. Bares e restaurantes da cidade incrementam suas cartas e dão opções para todos os gostos e bolsos


São mais de dois mil nomes. Branquinha, queima goela, água que passarinho não bebe, abençoada... Os apelidos carinhosos, mais ou menos conhecidos, variam de acordo com a região e dão um ar de intimidade que só a mais brasileira das bebidas, a cachaça, merece. Variadas também são as marcas, cerca de quatro mil, desenvolvidas por 30 mil produtores diferentes. O Ceará, junto com São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e Paraíba, está entre os cinco maiores estados produtores do país. Mas identificação nacional é tanta que em todos os estados tem produção.

Nem sempre foi assim. No período escravocrata, os senhores de engenho bebiam a bagaceira, portuguesa, e a cana era dada aos escravos. Aos poucos, a cachaça ganhou reconhecimento, qualidade e prêmios. No último mês de novembro, as cachaças Soul Premium e Samanaú Prata ficaram com as medalhas de prata e bronze no prêmio New York International Spirits Competition, que escolheu os melhores destilados do mundo.

Nos últimos 20 anos, o jeito do Brasil enxergar a cachaça vem mudando. Os produtores começaram a lutar para que o produto fosse uma exclusividade do País e o governo passou a fazer controle de qualidade sobre o que era produzido. Ambos conseguiram. Agora, por lei, só é cachaça a aguardente de cana produzida no Brasil e mesmo tendo alguns produtos de menor qualidade e outros de maior, um padrão exigente foi criado.

CANTINHO DO FRANGO
Os bares e restaurantes de Fortaleza têm acompanhado essa tendência. Servir cachaça é uma necessidade para agradar ao cliente. No Cantinho do Frango, são mais de 160 marcas, o objetivo do proprietário Caio Napoleão é oferecer 300 marcas. Ele considera que a discriminação com o produto tem diminuido: “A procura tem aumentado nos últimos anos. Está virando uma bebida para degustar”.
O cardápio do Cantinho tem cachaças dos principais estados produtores e, apesar da boa fama das canas mineiras, a cearense Ypióca 150 anos (R$ 4 a dose) é a mais pedida. O local tem uma carta exclusivamente para a bebida. Tem sabor para todos os bolsos: a Ypióca prata (R$ 2,90 a dose) é a mais barata e a Havana (R$ 45 a dose) a mais cara. Para acompanhar, a maioria dos cachaceiros vai de panelada (R$ 21). Quem prefere algo um pouco mais leve de tira-gosto, pode optar por uma Porção de Tulipa (R$ 11,90).

VOJNILÔ
O requinte do local e a fama de excelentes pescados não parecem combinar com a cachaça. Mas ela está lá, por todas as paredes da casa. São cerca de 200 marcas. O proprietário e chef, Lúcio Figueredo, como bom mineiro, é um entusiasta da branquinha. Ele indica uma dose para abrir o apetite antes das refeições. Mas garante que cai bem também com uma cerveja estupidamente gelada. Muitos de seus clientes vão lá só para degustar as inúmeras opções. O chef é um fã dos produtos de sua terra, 90% das marcas que vende são mineiras. Entre as preferidas, ele destaca a Barrosinha (R$ 8 a dose), a Anísio Santiago (R$ 20 a dose) e a Vojnilô, produzida em sua cidade natal, Caxambu.
ZUGNo bar, a carta de cachaças varia entre 10 e 15 opções. O dia de mais saída da bebida é aos sábados, durante a feijoada na hora do almoço. O garçom coloca todas as opções da cana em uma bandeja e apresenta a variedade de mesa em mesa. A Ypióca 150 anos (R$ 7,90 a dose).

Para beber pura, o cardápio tem ainda opções que variam da Ypióca Tradiconal (R$ 3,90 a dose) à Espírito de Minas (R$ 11,90 a dose). Com cachaça, no entanto, o que mais sai é a caipirinha (R$ 8,90), seja a tradicional, com limão, ou com as frutas da estação.
 MUSEU DA CACHAÇA
A 30km de Fortaleza, em Maranguape, está o Museu da Cachaça. O local conta em mapas, documentos, fotos e filmes a história da Ypióca, primeira cachaça exportada pelo Brasil. A exposição apresenta inicialmente a história da família Telles, como ela começou sua relação com a produção da bebida e segue até os dias de hoje.
São mostradas também as primeiras ferramentas usadas na produção da bebida e os toneis que armazenam a cachaça por até 42 anos. Ao final da visita, é possível degustar uma das aguardentes do grupo e conhecer um tonel de 5m, o maior em madeira do mundo. Outras infos.: www.ipark.tur.br / 3341 0407

CLUBE DA CACHAÇA
O Cantinho possui Clube da Cachaça. Os clientes mais assíduos possuem inclusive uma caricatura na etiqueta que guarda a cachaça.

E MAIS!

AIPIRINHA
A variedade de marcas de cachaça na Zug não seduz tanto os clientes para bebê-la pura. Com cachaça, o que mais sai é mesmo a caipirinha (R$ 8,90), seja a tradicional, com limão, ou com as frutas da estação.

HAVANAA cachaça é a mais cara do país. Era produzida na fazenda Anísio Santiago, em Minas Gerais. Uma disputa judicial proibiu que o produtor continuasse usando o nome Havana e agora ela é comercializada com o nome do fundador da marca, Anísio Santiago. A raridade do rótulo faz com que colecionadores estimem o preço da garrafa em 3 mil reais, mas alguns nem por esse valor se desfaçam dela.

Serviço

Cantinho do Frango
Onde: rua Torres Câmara, 71 - AldeotaHorário de funcionamento: de segunda a quinta de 9 a 17 horas; e de sexta a domingo, de 9 a 20 horas.
Outras info: 3224 6112Aceita todos os cartões

Vojnilô
Onde: rua Frederico Borges, 409 - VarjotaHorário de funcionamento: de terça a domingo para almoço, de 12 às 15 horas; de segunda a sábado para jantar, a partir das 19 horas.
Outras Info: 3267 3081Aceita todos os cartões

Zug
Onde: rua Professor Dias da Rocha, 579 - MeirelesHorário de funcionamento: de segunda a sexta a partir das 17h30; sábado, a partir das 11h30
Outras info: 3224 4193Aceita todos os cartões, exceto Hiper
 Dica de quem sabe
Mauricio Maia é publicitário, chef de cozinha e cachacier (especialista em cachaças) há mais de 20 anos.

A cachaça deixou de ser o patinho feio para virar um cisne e ganhar as gargantas do mundo inteiro. Exportada para mais de 60 países, a cachaça percorreu longo caminho com aperfeiçoamento constante de seus padrões de qualidade. Ela briga de igual para igual com as mais famosas marcas de bebidas destiladas do mundo e ganha destaque por sua extrema pureza e características sensoriais diferenciadas, isto é, a cachaça é mais perfumada e saborosa que qualquer outro destilado.

Ela precisou primeiro ganhar o mundo para depois fazer sucesso em seu próprio país. O brasileiro está começando a reconhecer a qualidade da bebida e com os eventos internacionais - Copa do Mundo e Olimpíadas, ela deve tornar-se cada vez mais famosa. Pura ou em caipirinha, esta é uma das nossas maiores estrelas internacionais.

Fonte: O Povo 
 http://www.opovo.com.br/app/opovo/comesebebes/2013/01/18/notcomesebebes,2988992/tipicamente-brasileira.shtml