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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Palavras de esclarecimento ao Povo devoto de Nhá Chica

Escrito por Secretaria de Pastoral on


No mês em que a Santa Igreja Católica rende homenagens à Imaculada Conceição, queremos especialmente compartilhar as últimas notícias sobre a Causa de Beatificação de Francisca de Paula de Jesus, Nhá Chica, fervorosa devota de Nossa Senhora. Estamos já próximos à data festiva dessa solenidade ímpar para a nossa centenária Diocese e para toda a comunidade, marcada para 11 de maio de 2013, em Baependi.
Elevar Nhá Chica à glória dos altares é o resultado de um abnegado e longo trabalho que começou em nossa Diocese da Campanha, anos atrás, pela ação de seus bispos, meus prezados predecessores, entre eles o estimado irmão Dom Aloísio Roque Oppermann, SCJ, que deu início ao Processo.
Todos os Senhores Bispos entenderam a fama de santidade de Nhá Chica, já pressentida pelos milhares de devotos, desde sua morte, em 1895. Quase um século depois, em 1991, a Congregação para as Causas dos Santos concedeu o "Nada obsta" para se iniciar o processo.
A partir daí, foram 20 anos de intensas orações e trabalhos pastorais e de evangelização em prol do reconhecimento, por parte de Sua Santidade o Papa, das virtudes heróicas de Nhá Chica.
E "agora é a ocasião" de multiplicarmos as forças e a dedicação por esta Causa, pois a partir da assinatura do decreto do Sumo Pontífice, que oficializa sua Beatificação, o nome de Nhá Chica corre o Brasil e o mundo.
São inúmeros olhares e corações que então se voltam para nossa Diocese, no Sul do Estado de Minas Gerais, esperando de nós, religiosos e leigos devotos, gestos e atitudes que honrem o nome de Nhá Chica.
É por isso que, na qualidade de Pastor deste Rebanho, venho trazer ALGUNS ESCLARECIMENTOS à população de Baependi, extensivos a todos os romeiros, romeiras, devotos e devotas de Francisca de Paula de Jesus, espalhados pelo país.
A capela construída por Nhá Chica em terreno de sua propriedade, foi deixada em testamento, ainda no século XIX, para a Paróquia de Santa Maria de Baependi.
Somente a partir dos anos 50, do século passado, a Igreja esteve sob os cuidados de religiosas da Congregação das Irmãs Franciscanas do Senhor, sempre sob a supervisão de perto de todos os párocos da cidade de Baependi que, conscientes da extensão territorial daquela Paróquia, sempre emprestaram voluntariamente sua atenção aos fiéis que ali acorriam, mantendo a Igreja aberta para visitações. No entanto, a mencionada Congregação não possui qualquer vínculo diocesano e, as irmãs sempre tiveram consciência de que, após o reconhecimento oficial do Sumo Pontífice sobre Nhá Chica, haveria necessidade da Paróquia de Baependi ampliar seus trabalhos pastorais naquela Igreja. Assim, o Bispo da Campanha elevou-a à categoria de Reitoria Episcopal, seguindo as normas canônicas, cujo decreto foi assinado em agosto último.
Eis que boatos se espalham pela comunidade de Baependi, confundindo as pessoas de bem, apenas porque elas ainda estão desinformadas. Cabe-nos explicar, que as Irmãs Franciscanas do Senhor abriram sua fundação no ano de 1954 com o nome de Nhá Chica, passando à categoria de Associação Civil Beneficente, em 2003. Uma justa homenagem à figura mais querida naquela cidade.
Mas, ATENÇÃO: RESSALTE-SE O CARÁTER ESTRITAMENTE CIVIL E NÃO RELIGIOSO da referida Associação. É por isso que se faz necessário esclarecer publicamente as imensas diferenças entre ABNC e Nhá Chica.
Nhá Chica nunca pertenceu a uma ordem religiosa, foi sim, uma leiga dedicada às coisas de Deus – e é como leiga que será reconhecida Beata.
A ABNC nunca foi uma entidade religiosa; mas tão somente um educandário social. Portanto, para desenvolver suas atividades dedicadas às crianças, NÃO É CORRETO QUE SE USE O NOME DE NHÁ CHICA a despeito de arrecadar doações "para Nhá Chica". Os estatutos da instituição são públicos, podem ser consultados no cartório de Baependi. Neles, não há menção a trabalhos pastorais sobre a Causa de Beatificação da Venerável Serva de Deus – e nem poderia haver. ABNC é tão somente uma entidade filantrópica, civil e educacional, que não prevê qualquer atividade religiosa. Os hábitos franciscanos de suas diretoras e o nome em homenagem à Nhá Chica, levaram muitas pessoas a equivocarem-se sobre a citada ABNC.
Quando se iniciaram os trabalhos diocesanos sobre a Causa de Beatificação de Nhá Chica, não foram as Irmãs Franciscanas da ABNC que participaram do Processo. Foram escolhidos religiosos, nomeados pelo Bispo da Campanha, com experiências em canonização, como nas bem sucedidas campanhas de Frei Galvão e Madre Paulina.
Com profundo pesar, a Diocese da Campanha viu-se obrigada a publicar no último dia 23 de novembro, um comunicado informando aos fiéis, "que muitas doações feitas à Causa de Beatificação não estavam tendo sua correta destinação". Ora, tal medida, que à primeira vista pode causar estranheza, é simplesmente o resultado de nossa criteriosa investigação para apontar os desvios destes recursos.
É IMPORTANTE DEIXAR CLARO QUE JAMAIS, EM NENHUM MOMENTO, A DIOCESE DA CAMPANHA E A PARÓQUIA DE BAEPENDI, APROPRIARAM-SE DE QUALQUER NUMERÁRIO ENTREGUE À ABNC PARA CRIANCINHAS CARENTES. Isto é uma falácia, senão mesmo censurável Difamação que pretende levar a população ao erro. A entidade civil, ABNC, deve ter seus recursos próprios, desvinculados das doações dos fiéis à nobre Beatificação e ulterior Canonização de Nhá Chica.
Coletas de missas, doações nos cofres e na casinha de Nhá Chica, sempre deveriam ter sido integralmente destinadas à conta da Beatificação, o que não vem ocorrendo.
Também podemos perceber que os devotos e romeiros deixaram de ser informados, nos meios de comunicação da ABNC, sobre a conta específica da Beatificação, que pertence à Diocese da Campanha. Estas e outras atitudes da atual gestão daquela Entidade, levaram-nos a diversas providências que, aos poucos, estão sendo comunicadas.
Entidades civis filantrópicas educacionais no Brasil possuem uma série de caminhos legais para obtenção de recursos e incentivos junto aos governos municipais, estaduais e federal. Além das doações voluntárias da comunidade e dos eventos promocionais organizados para este fim (almoços, bingos, bazares, leilões, rifas, etc).
O que não podemos mais permitir é o uso indevido do nome de Nhá Chica em benefício de uma entidade civil que nenhum vínculo possui com a Causa de Beatificação.
Deixamos aqui registrada nossa estima às religiosas que viveram e trabalharam em Baependi, em harmonia com as nossas diretrizes episcopais e de nossos amados predecessores.
De modo que, não possuindo mais a atual comunidade religiosa franciscana, os mesmos propósitos de antes, não nos resta outra alternativa senão esclarecer à comunidade, o real teor de nossos decretos e propósitos em prol da transparente destinação das doações para a Causa de Beatificação, bem como da correta manutenção do legado da Venerável Serva de Deus. Legado este, que pertence ao Povo de Deus, sob a guarda dos Sucessores dos Apóstolos de Cristo.
Pedimos a intercessão da Venerável Nhá Chica e da sua Sinhá, a Senhora da Conceição.
E imploramos a bênção de Deus.

Da Sé Episcopal da Campanha, aos 08 de dezembro de 2012.


Dom Frei Diamantino P. de Carvalho, ofm
Bispo da Diocese da Campanha