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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Tradição religiosa sul-mineira oferece espaço à santidade, afirma dom Diamantino

Deniele Simões
Editora Santuário
Generosidade, caridade e amor a Deus são as palavras que melhor definem a postura de um candidato a santo. Embora o Brasil seja o maior país católico do mundo, há apenas um santo nativo: santo Antônio de Sant’Anna Galvão, o Frei Galvão. No entanto, há cerca de 75 causas de beatificação de brasileiros tramitando no Vaticano.

Conhecida pela devoção e pelo espírito hospitaleiro de seu povo, a região do Sul de Minas Gerais tem três postulantes a santos que viveram em cidades ligadas à diocese de Campanha.

O bispo, dom Diamantino Prata de Carvalho, fala ao Jornal Santuário sobre os processos de beatificação de Nhá Chica, padre Victor e madre Teresa Margarida. Ele também destaca os preparativos para a festa de beatificação de Nhá Chica, programada para 2013.


Jornal Santuário de Aparecida – A diocese de Campanha tem três postulantes a santos. A que o senhor atribui um número tão elevado?
Dom Diamantino Prata de Carvalho – Creio que o próprio ambiente da nossa região sul-mineira, dada a tradição religiosa, oferece espaço para a busca da santidade, seja através desse envolvimento familiar na oração, no sacrifício, na luta pela vida e também por meio de uma profunda fé enraizada e herdada dos ancestrais.


JS – Cada um dos postulantes tem uma história distinta de dedicação ao povo de Deus. O que o senhor pode colocar de comum entre eles?
Dom Diamantino – Em comum, há uma fé profunda nessa vontade de Deus, que leva sempre ao amor e à caridade. Todos os três tiveram uma profunda delicadeza para com o próximo, acolhendo, orientando, até com o sorriso.

E isso é uma característica talvez também do mineiro, que costuma ser sério, mas que também é capaz de dialogar, de ouvir, de acolher e amar.


Por isso, temos esses três processos de beatificação, sendo que os três são mineiros mesmo, embora Madre Teresa Margarida tenha se criado em Cruzeiro e entrado no Carmelo em Mogi das Cruzes, sendo transferida para Aparecida. Em 1962, foi para Três Pontas e lá teve uma vida santa, abnegada, de amor fraterno, sempre atendendo com um sorriso e oferecendo sua palavra amiga.










Padre Victor era filho de escrava, quase analfabeto, mas estudou. Depois, desejoso de abraçar a vocação sacerdotal, teve a amizade e também a ajuda de um padre, que o formou também no latim.




   




Nhá Chica era também filha de escrava e analfabeta, mas gostava de escutar e acolher a Palavra de Deus. Era versada em dar boa orientação e bom conselho, tanto que não só o povo simples, mas também gente culta e até gente da política, da alta corte, vinha pedir oração a essa mulher cheia da sabedoria de Deus.

Nós acreditamos que o que une essas pessoas é essa fé profunda que vem desde o Batismo e é desdobrada, praticada no amor concreto, para com Deus e para com o próximo.




JS – Qual é o processo mais adiantado?
Dom Diamantino – O processo da venerável Nhá Chica está mais adiantado, tanto que o milagre foi reconhecido em 28 de junho, quando o Papa assinou o decreto e então nós já pudemos preparar a beatificação dela, que deve acontecer no próximo ano.


JS – Já existe uma data marcada para a beatificação de Nhá Chica?
Dom Diamantino – Não podemos marcar a data porque tem que ser confirmada pela Congregação das Causas dos Santos e pela Secretaria do Estado Vaticano, mas esperamos preparar tudo muito bem. As comissões já estão trabalhando nesse sentido e temos que também preparar o próprio rito, lógico, que a partir daquilo que virá do Vaticano.

Temos que zelar pela segurança do pessoal que vem. O espaço precisa também de uma infraestrutura, com um palco para podermos fazer a celebração. Ao mesmo tempo, devemos preparar as pessoas espiritualmente para esse evento tão bonito que certamente implicará na vinda de milhares de fiéis.


JS – O processo de Madre Teresa Margarida é o mais recente. O que já existe de novo nesta causa?
Dom Diamantino – É bastante recente. Em novembro, completaram-se sete anos do seu falecimento, mas fizemos toda a preparação mais rapidamente por ela ter falecido há poucos anos. Pudemos ter mais conhecimento sobre sua vida, porque ela deixou documentos escritos, o que os outros postulantes não deixaram.

Tudo isso foi levado para a Comissão Histórica, que está trabalhando com muito afinco pela causa. Portanto, acreditamos que também não vai demorar tanto assim porque, não havendo nada que implique no obste ao processo, tudo deve caminhar com certa segurança.

E, depois, também temos os testemunhos vivos, as próprias coirmãs carmelitas descalças, lá no Carmelo de São José, em Três Pontas, bem como pessoas de fora que tinham muita simpatia e até a chamavam de Nossa Mãe.

Cremos que ela não vai enfrentar tanta dificuldade nesse processo.


JS – O que o senhor espera desses processos que tramitam no Vaticano e como isso deve refletir na espiritualidade do povo de Deus?
Dom Diamantino – Temos modelos, exemplos bonitos, desde o Nordeste até o Sul do país. Já temos alguns mártires, alguns bem-aventurados e o único santo brasileiro é Frei Galvão. Temos também Madre Paulina, que é italiana, mas brasileira de coração.

Se nós olharmos bem, há tantos santos e santas que andam por aí e, às vezes, nós não os conhecemos… Deus também se manifesta nas pessoas e pela encarnação de Jesus Cristo, seu filho amado, nós todos somos realmente participantes da sua vida divina e, portanto, também da sua santidade.

Fonte: A12