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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Bispo Emérito de São João del Rey afirma ter sido curado pela intercessão de Nhá Chica

A notícia está sendo publicada em diversos jornais e sites de todo o país. Dom Waldemar Chaves de Araújo ordenado Bispo na Paróquia de Nossa Senhora do Bom Despacho, em 1990 foi Bispo em Teófilo Otoni/MG e Bispo da Diocese de São João del-Rei onde permaneu até sua renuncia por idade em 2010. 
Um depoimento emocionante contando toda a história foi concedido ao Jornal de Luz, o qual republicamos abaixo:

Era um sábado de novembro do ano de 2013, mais precisamente dia 16. Sentia-me muito cansado naquele dia. Mesmo assim, fui cumprir os dois compromissos que constavam na minha agenda. Às 18 horas, missa na Capela da comunidade do Giarola e às 20 horas, celebração de um casamento no distrito do Rio das Mortes. Lá foi onde tudo começou...
Após o casamento, senti minhas vistas escurecendo e uma fraqueza absurda. Então segui alguns passos e apoiei meu corpo segurando em um objeto. Havia uma senhora ao meu lado, seu nome era Adriana. Perguntei a ela onde eu estava segurando porque eu não estava me sentindo bem. Ela me disse que eu estava segurando na pia batismal de Inhá Chica. Naquele momento, percebi minhas forças indo embora, assim, resolvi fazer um pedido a Bem Aventurada que intercedesse a Nossa Senhora das Graças para pedir a Jesus me curar, se fosse para eu continuar a fazer mais alguma coisa nesse mundo...
Em seguida, pedi ao motorista de táxi que me conduzia, para me levar direto ao Hospital das Merces em São João Del Rei. Ao chegar no hospital, pedi que me fizessem o favor de comunicar com a minha sobrinha Márcia aonde eu estava. Quando Márcia chegou, eu ainda estava de túnica e cruz peitoral. A médica de plantão me examinou e me colocou deitado tomando soro, enquanto aguardava os resultados dos exames de sangue que haviam coletado.
Quando saíram os resultados, a médica chamou a minha sobrinha para conversar. As duas vieram até a beirada do leito em que eu estava deitado e a médica começou a me explicar que eu teria que ficar internado para tomar uma transfusão de sangue, pois minha hemoglobina estava 6.5. E era preciso investigar, através de mais exames, o porquê daquela queda de hemoglobina. Naquele momento só estava preocupado com a missa que tinha que celebrar no outro dia em Tiradentes. Havia assumido esse compromisso com o Pe. Ademir e não podia deixá-lo na mão. A médica, então me disse que eu deveria providenciar outro celebrante, porque ela já estava providenciando minha internação. E assim foi feito...
Fiquei internado no Hospital das Mercês, do dia 16 ao dia 21 de novembro e nenhum diagnóstico foi conclusivo sobre o mal do qual eu padecia. Foi um período difícil porque meus dentes foram caindo, tinha quadros febris elevados, continuava me sentir muito cansado, apesar das transfusões as quais eu era submetido. Nesse tempo, recebia muitas visitas e duas delas foram decisivas para que eu pudesse caminhar em busca do diagnóstico. A primeira visita, Dr. João Marcos de Pádua (endocrinologista da cidade de Lavras) e Dr. João Antônio de Oliveira Vaz (dentista da cidade de Lavras). A segunda visita, Dra. Maurilia Aparecida Costa Pinto (cardiologista da cidade de São João Del Rei). 
Eles ajudaram minha sobrinha na decisão de não esperar mais. Pois, meus leucócitos estavam caindo e o risco de uma infecção já era certo. Era uma luta contra o tempo...
Márcia decidiu fazer minha transferência para Santa Casa de Lavras, no dia 21 de novembro de 2013, numa quinta-feira. Ela foi aconselhada a fazer minha transferência de ambulância, mas preferiu fazer a minha vontade, pois eu ainda estava consciente. Decidi que iria com ela no carro. E dessa forma, fomos embora à direção da cidade de Lavras.
Lembro-me que fazia muito calor e a estrada estava em obras, o que demorou um pouco para chegar. Pouco antes de chegar a Lavras já estava com a camisa toda molhada e sentindo minhas forças se esvaírem e fui tomado por uma grande exaustão.
Quando cheguei à Santa Casa de Lavras, não conseguia caminhar. Em cadeiras de rodas, fui recebido com muito carinho pelo meu dentista Dr. João Antônio de Oliveira Vaz e em seguida pelos médicos, Dr. João Marcos de Pádua (Endocrinologista) e Dr. Luciano Carvalho Campos (Hematologista) juntamente com algumas enfermeiras.
Fizeram um exame chamado mielograma e ali fiquei internado até o dia 29 de novembro de 2013, sexta-feira. Lembro-me, que à noite, no quarto em que eu estava, recebi a visita da Dra. Andréa Salgado, pneumonologista , que já havia me atendido em outra ocasião. Ela, juntamente com sua família se tornou próxima a mim e a minha família, estabelecendo uma grande amizade. Eram presentes naquela noite, Dr. João Marcos de Pádua, o endocrinologista, Maria, sua esposa, Dr. João Antônio de Oliveira Vaz , sua esposa, Andréa e Pe. Neidir.
No dia seguinte, as visitas foram restringidas, devido ao risco de infecção. Por determinação do Dr. Luciano, só poderiam entrar as pessoas indicadas por ele numa lista expressa na portaria da Santa Casa.
Foi outro período muito difícil, porque apesar de ter tido toda uma assistência, médica, odontológica, espiritual e familiar porque era assim que eu me sentia e me sinto até hoje, dentro da Santa Casa de Lavras, em casa, eu percebia certa preocupação no olhar de todas as pessoas que ali estavam. Olhavam-me de uma forma diferente...
Só pude entender aquela preocupação das pessoas, no dia 29 de novembro de 2013, sexta-feira, quando Dr. Luciano Carvalho Campos, o hematologista, entrou no meu quarto e disse que iria me dar alta. E que havia chegado o resultado dos exames. Eu tinha uma LLA (Leucemia Linfocitica Aguda). Ele teve um jeito todo especial para dizer que eu tinha uma doença grave. É uma leucemia de criança, Dom Waldemar, dizia ele. A alta é para o Senhor descansar em casa o final de semana e já na segunda-feira começar o tratamento na Clínica Hematológica em Belo Horizonte, com o Dr. Caio César dos Santos (Hematologista).
Na minha frente, estava um menino, mas um gigante de alma e competência. Durante a semana que estive internado, brigou duro, para que eu pudesse ter o mínimo de contaminação possível, na tentativa que eu sobrevivesse aquele período para ter a oportunidade de uma chance ainda que pequena , devido a minha idade e a agressividade das drogas quimioterápicas, de submeter ao tratamento da leucemia.

Logo em seguida, entrou no quarto, Dr. João Marcos de Pádua e Pe. Neidir. Era visível o olhar de compaixão nos olhos deles. Eles que foram meus grandes companheiros naquele momento de dor.
Dr. João Marcos todos os dias às 06:00 horas estava passando no meu quarto. 
Era tão alegre e confortante sua presença, que depois que fui embora para casa, acordava às 4:00 horas e 30 minutos da manhã para rezar e depois cochilava até as 6 horas, esperando a visita dele. Um homem verdadeiramente vocacionado a uma medicina humanizada. Anjo enviado por Deus para dar vida e esperança aqueles que precisam. É presença que eleva, edifica e consolida as relações humanas. Homem do bem!
Pe. Neidir, que me confortava levando a comunhão e sua presença amiga. Sua dedicação e amizade a minha pessoa, me davam força para continuar a melhorar. Um companheiro, um amigo, um irmão. Foi indicado como o único Padre autorizado a entrar no meu quarto, por causa do risco de infecção. Representante do Bispo da Diocese de São João Del Rei, MG, Dom Célio de Oliveira Goulart e do Clero pertencente àquela Diocese, naquele momento. Era ele quem levava notícias dos Padres e das comunidades da Diocese que rezavam fazendo vigílias e novenas para minha recuperação. Isso me confortava, me dava força e me alegrava de saber do carinho e da consideração de todos.
Durante aquela semana que estive internado, recebi a visita do Bispo da Diocese de São João Del Rei, Dom Célio de Oliveira Goulart. Foi uma exceção que Pe. Neidir conseguiu junto à Dr. Luciano. Uma exceção concedida à minha pessoa que me fez muito bem, naquele momento. Dom Célio me trazia notícias dos nossos colegas Bispos, Arcebispos e Cardeais que estavam em comunhão na oração para minha recuperação. Senti sua presença amiga e fraternal naquele momento de dor e sofrimento.
Em seguida, encontrei Dr. João Antônio de Oliveira Vaz, o meu dentista. O pai dele havia morrido há quatro meses de leucemia, a dor dele ainda estava muito recente. Era muito para ele, que me olhava sem acreditar muito no que estava acontecendo. Não era justo... eu gostaria de ter podido poupá-lo daquele sofrimento novamente. João, é assim que carinhosamente o chamo, se tornou uma pessoa muito especial na minha vida. Eu acompanhei a luta do Sr. Victor (o pai dele) e de toda a família contra a leucemia. Nós dois sabíamos o que eu enfrentaria pela frente... Deus tem seus caminhos... Eu visitava e rezava para o Pai dele e para toda a família. Agora ele me visitava e rezava por mim e por toda a minha família. Ele permaneceu ao meu lado todos os dias que estive internado. Meu outro grande companheiro. Desde que cheguei até o momento de partir...

Quando pude olhar nos olhos de cada um daqueles que estavam ali naqueles dias, é que percebi o quanto eu precisava seguir a diante... Todos eles tinham suas expectativas quanto ao que eu iria enfrentar dali pra frente... E não sabiam até quando... Mas, eles me fizeram acreditar que eu podia tentar... E foi isso que resolvi fazer...
Passei aquele final de semana em casa, onde pude refletir e digerir a notícia do diagnóstico com minha família. Moro com minha única irmã, Izabel, sua filha Márcia, Rafael, meu sobrinho neto e Juan, esposo de Márcia.
Segui rumo a Belo Horizonte, no dia 01 de dezembro de 2013. Lá fui recebido com muito carinho pela minha cunhada Marlene Batista Mendes Chaves e meus sobrinhos filhos dela com meu irmão Henrique, filhos do meu irmão Antônio e os filhos da minha irmã mais velha, Dezi. Havia 3 anos que perdera meu irmão Antônio Chaves , que depois de 6 anos de luta contra um câncer na face, em 15 de fevereiro de 2010, veio a falecer. Eu tinha uma leucemia e embora nunca tivéssemos conversado abertamente sobre isso, a angústia e o medo estavam estampados nos olhos deles.
No período em que permaneci em Belo Horizonte, senti muito de perto como é bom ter o carinho e os cuidados da família a que pertencemos. Meus sobrinhos e minha cunhada, desdobravam-se para revezar entre idas e vindas da clínica Hematológica, onde eu tomava a quimioterapia, e do hospital Life Center, onde era submetido a transfusões de sangue e plaquetas. No apartamento, lugar onde eu dormia e me recuperava para mais um dia de batalha, eles eram presença constante. A eles se juntaram também a minha família de Lavras, a minha outra cunhada Lúcia Helena Chaves, amigos e colegas no Episcopado. Vieram para estar comigo no hospital e no apto.
Quando fiquei os 17 dias internado no hospital Life Center, estavam eles lá. Revezando na ação e na oração. Encontrava em todos eles, ânimo e força para prosseguir... Como Deus foi bom e misericordioso para comigo...
No dia 02 de dezembro de 2013, comecei o tratamento na clínica Hematológica com o Dr. Caio César dos Santos (Hematologista). Foram várias horas tomando químio injetável ao dia. Transfusões de sangue e plaquetas e uma internação de 17 dias (10 de fevereiro de 2014 a 27 de fevereiro de 2014) no Life Center, onde tive uma pneumonia que quase me levou embora. Emagreci 10 quilos. Quando saí do hospital, mal conseguia andar.
Resolvi que não voltaria mais para Belo Horizonte. Eu continuaria o tratamento com o Dr. Luciano Carvalho Campos, o hematologista de Lavras que conseguiu fazer o diagnostico da leucemia. E assim aconteceu...
Tive que atrasar o tratamento por um mês, porque não tinha peso adequado para submeter ao tratamento. Recomecei a minha batalha contra a leucemia no dia 24 de março de 2014 na Santa Casa de Lavras com o hematologista Dr. Luciano Carvalho Campos e as enfermeiras Lúcia Goretti e Dulcinéia (A Lu e a Du) que tiveram todo esse tempo um carinho e uma dedicação especial a minha pessoa. Eu finalmente estava de volta...

Atendendo o desejo do Bispo Diocesano e de todo presbitério, o Pe. Neidir e o Pe. Odair tiveram o carinho de tomar a frente e alugar um apartamento próximo a Santa Casa, para que eu pudesse ter o conforto de poder fazer o tratamento sem me preocupar. Eles mobiliaram o apto de forma que eu me sentisse em casa. Até televisão para assistir o futebol, eles colocaram.
A minha família de Lavras, estava sempre por perto. Passamos momentos agradáveis juntos. A hora do almoço ou do lanche sempre era um motivo para convivermos e eu receber o apoio e o carinho que eles sempre me deram para continuar a lutar.
Eles nunca me deixaram sentir só. A batalha contra a leucemia, foi travada em conjunto. Eles estavam sempre lá; onde eu estivesse, eles estavam comigo. Eu não podia desistir...

Em agosto de 2014, as punções da medula foram suspensas e entregamos definitivamente o apto. Não precisava mais permanecer em Lavras. Podia voltar para casa e uma vez por semana ir a Lavras para tomar uma injeção de quimioterapia. E assim fiquei de agosto de 2014 a 28 de outubro de 2015, dia de São Judas Tadeu, quando recebi a esperada comunicação do Médico Dr. Luciano, através de sua secretária Valéria, que aquele dia seria a última quimioterapia...
O prognóstico inicial da minha doença era apenas de três meses. Depois, de um ano e dois meses. Dia 16 de novembro, fez dois anos que eu fui diagnosticado com a leucemia e aqui estou CURADO.
Bem-aventurada Inhá Chica, por sua intercessão, Jesus Cristo aceitou minha disponibilidade de continuar minha missão de orar e abençoar os doentes, curando-me da Leucemia com os sofrimentos oferecidos a partir da noite do dia 16 de novembro de 2013, quando entrei no Hospital de Nossa Senhora das Mercês, às 22 horas e 35 minutos.
Estou bem. Vim de São João Del Rey a Luz, dirigindo. Quis pessoalmente, compartilhar a alegria e satisfação pela minha cura, com Dom José Aristeu Vieira, os padres da diocese, os amigos desta Terra que amo e onde vivi muitos anos, como pároco, professor e diretor da Faculdade. Através do Jornal de Luz, periódico que eu vi nascer, que recebo toda semana e me mantém informado do que se passa na cidade, na diocese e na região, agradeço as orações e abraço a todos bendizendo a vida.
Fonte: Jornal de Luz, órgão produzido pela jornalista Cândida Corrêa Côrtes Carvalho.

Extraído de Notícias Nhá Chica