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quarta-feira, 4 de agosto de 2010


O OCIDENTE É UM PÂNTANO
Paulo Roberto Guimarães Moreira *
No momento e que escrevo essa crônica a China noticia que ultrapassou o Japão e é a segunda economia mundial. O Brasil é a nona. Nesse momento, também, Lula marca mais um gol internacional dizendo que aquela mulher iraniana, que traiu o marido e está causando tanta polêmica e aborrecimento àquele país, seria recebida no Brasil de braços abertos.
Krishnamurti nos lembra no seu livrinho Aos Pés do Mestre que só devemos dizer coisas úteis, amáveis e verdadeiras. Pitágoras nos mostra que só os seres divinos têm acesso à verdade. Melhor seria então ficar calado. Mas minha secretária Fátima Camargo me aconselha a desabafar. Bem, serei o mais light possível.
Quanto mais medito na Kriya Ioga e mais leio Paramahansa Yogananda mais me lembro do que escreveu Madame Blavatzky: O ocidente parece um miasma de um pântano. Traduzindo: o ocidente é um lugar tão poluído de erros físicos, emocionais e mentais que é um pântano esfumaçado. A idéia da flor de lótus que nasce no pântano, nunca foi tão atual para nós ocidentais. A flor de lótus tem a propriedade de ser branca e linda e nascer do pântano. Vi uma vez uma pedagoga que nasceu na favela filha de alcoólatra e em meio a um ambiente carregado de drogas e violência. Ela era um sucesso.
Para os santos orientais o sexo deve ser feito dentro do casamento e apenas com a finalidade de reprodução. Gandhi vivia com sua esposa celibatariamente e vivia maravilhosamente bem. O sexo no ocidente além de ser um mercado altamente lucrativo, pode se tornar compulsivo, ainda mais com a ajuda da internet. Até os dias de hoje não conheço nenhum tipo eficiente de educação sexual e amorosa no ocidente. Na Índia isso se faz e se fazia nas escolas conduzidas por discípulos de Santos. E muitos aprendiam a importância de brahmacharya ** (que não sei se posso traduzir por celibato, mas é algo assim). Cada vez as mulheres fumam e bebem mais. Noto isso principalmente quando vou ao interior do país. E praticam o sexo “livre”. Conheço uma, que se vangloria de ter dez filhos, um da cada pai e dez pensões alimentícias. Ela é encontrada sempre nas danças de fim de semana.
A Professora da História e Cultura Jurídica Brasileira, do UniCEUB, Dra. Joelma Rodrigues diz que somos uma sociedade paternalista sem pais, porque os pais fazem filhos e irresponsáveis desaparecem. Por isso, muitas pessoas não têm berço, não têm a figura paterna e às vezes nem a materna na sua formação. Aí só milagre. E quando têm, muitas vezes, também não ajuda muito, pois os pais também não têm educação, nem servem de exemplo.
Eu dependo de pessoas para me ajudar, pois sou cadeirante, tenho 58 anos e moro só. Eu poderia escrever um grande livro contando histórias bárbaras sobre essas minhas ajudantes. Parece que respeito, etiqueta, ética, moral, direito, lei, qualquer vestígio de berço, família, inexistem em nosso país, em muitos casos. Tudo que pensarem e muito mais já aconteceu no meu apartamento. Muitas pessoas não têm palavra, nem compaixão, nem idéia do que é legal ou não. Agem apenas de acordo com seus interesses mesquinhos e materiais. Falta muito a dimensão espiritual. Quando o Estado se tornou laico, os valores da Igreja, embora muitas vezes hipócritas e dogmáticos, não foram substituídos por valores alguns. Nada foi para seu lugar. Yogananda escreve isso no livro El Amante Cósmico, página 132, editado pela Self-Realization Fellowship. Para ele depois disso a política começou a ser associada à corrupção e a outras posturas negativas tais como os fins que justificam os meios.
Pelo que estou estudando a finalidade de estarmos aqui é nos prepara para voltar aos braços do Pai, tais como filhos pródigos. E essa volta é feita basicamente por amor ou pela dor. No meu caso o sofrimento intenso me levou a essa conclusão. Mas, eu vejo meu país e o mundo mergulhado no caos. Sei que a colheita é farta e a porta é estreita. Poucos são aqueles que realmente percebem que estamos perdendo tempo. O Brasil precisa de uma revolução na educação todos sabemos, mas poucos sabem que essa revolução tem que ser principalmente espiritual.

* Paulo Roberto Guimarães Moreira é Economista e Mestre em Filosofia pela PUC – Rio, Professor universitário há 30 anos, estuda Direito e é discípulo de Yogananda.
** Enquanto eu lia sobre brahmacharya eu lia sobre o respeito que um deles deve ter ao Professor: Um professor é a imagem de Brahman (Deus). Quão longe estamos disto!