Da revista “Fontes da Vida” ed. Julho de 1962
Em cada uma das fontes de Caxambu existentes no Parque das Águas encontramos um nome de batismo dado às mesmas como homenagem que marcará através dos tempos a gratidão de um povo aos propugnadores de seu progresso.
O tempo porem passa célere e nem sempre o esforço de nossos antepassados é mais relembrado, caindo no ostracismo.
Há hoje os que fazem a pergunta: porque tais denominações das Fontes de Caxambu?
Se fossemos descrever com os detalhes que merecem, teríamos muito que dizer para justificar o acerto da denominação dada a cada uma das fontes.
Em numero de 12 foram assim batizadas: D. Leopoldina, Duque de Saxe, Conde D’Eu e D. Isabel. Essas cinco fontes relembram nomes da antiga família Imperial Brasileira, cujos laços de amizade e reconhecida dedicação a nossa Estância constituem assunto de conhecimento geral e mesmo neste número de nossa revista, já nos ocupamos relatando alguns fatos de nossa historia que colaboram com nossa afirmativa.
As demais fontes são: Viotti, Mayrink, Venâncio, Beleza e uma fonte nova ainda sem batismo.
FONTE VIOTTI
Vejamos a Fonte Viotti. O seu nome é uma homenagem ao Dr. Polycarpo Rodrigues Viotti, um dos mais ilustres médicos que Minas Gerais possuiu e um dos pioneiros dos estudos crenológicos no Brasil. Viveu e clinicou em Caxambu onde exerceu durante 50 anos uma atividade profissional e pública de grande mérito. A ele Caxambu deve, em grande parte, a valorização cientifica das águas minerais pois como médico de grande cultura clínico de rara capacidade, observador criterioso impôs-se ao conceito não só dos habitantes locais mais especialmente aos milhares de aquáticos que durante 50 anos o procuraram para dele receberem orientação médica em nossa Estância. Com ele nasceu em Caxambu a crenologia cientifica propriamente dita. Dedicou-se ainda como diretor técnico da Empresa em 1883 aos estudos de captação das águas tendo sido o supervisor da captação da Fonte Viotti, cujos serviços foram executados por Venâncio Figueiredo do qual nos ocuparemos ainda. Dessa época nasceu o batismo da Fonte; vejamos as próprias palavras de Henrique Monat em 1894:
” Captada esta fonte pelo Dr. Viotti algumas pessoas, que então se achavam em Caxambu, aceitando uma proposta do Sr. Dr. Rodrigues dos Santos, um dos nossos mais distintos ginecologistas, deram-lhe o nome de Viotti, em homenagem ao laborioso clínico. A proposta foi apoiada pelo decano dos aquáticos, o Ver. Pe. Correia de Almeida”.
– Disse o Pe. Correia de Almeida em versos:
Aqui, em Caxambu, onde bebemos
Saúde com as águas cristalinas,
Realengas palavras genuínas
Em cada poço lemos e relemos;
E não parece justo que neguemos
Aos príncipes finezas superfinas,
Só porque, sendo filhos d’estas Minas,
Do Martyr Tiradentes descendemos.
Do monarca, de um conde, até de um duque
O grão nome, em relevo de áureo estuque,
Jamais reprovaremos que se adote;
Porém na melhor fonte a gente grata,
Homenagem rendendo ao democrata,
Deve o nome escrever – Doutor Viotti.
FONTES MAYRINK
O Conselheiro Francisco de Paula Mayrink, adquiriu a Empresa das Águas de Caxambu em 24 de maio de 1890.
Além da Empresa adquiriu outras propriedades como o Hotel da Empresa, antiga residência do Dr. Carlos Teodoro da Bustamante, a Chacrinha que hoje é a Escola Wenceslau Braz, um Restaurante onde hoje localiza-se o Grupo Escolar, vários terrenos e outras benfeitorias.
Animado de propósitos reformadores e progressistas logo em seguida a aquisição da Empresa fez celebrar em 10 de junho de 1890, em Paris um contrato com o Dr. Henrique Laligant, engenheiro de fama mundial para vir a Caxambu ser o assessor técnico das obras que pretendia executar nesta estância.
Após os estudos do Dr. Laligant o Cons. Mayrink requereu à Academia de Medicina do Rio a nomeação de uma comissão, para que as suas expensas, em Caxambu procedesse a análise das águas minerais.
Mayrink, deputado a constituinte com grande influencia foi um dos propugnadores da chegada da Estrada de Ferro a Caxambu, pois que até 1890 em Soledade finalizava a estrada Muzambinho, hoje R.F.F.
Muito trabalhou pela emancipação político administrativa de Caxambu e segundo o depoimento de sua filha D. Guiomar Mayrink “Gastou em Caxambu nestas obras, construções, compras de terra etc. mais de 5.000:000$000. Material técnico, aparelhos, e maquinarias diversas, importou-as da Europa não poupando esforços e sacrifícios para dotar sua pátria de mais esse melhoramento.
Foi pois um grande benfeitor de nossa Estância que a ele muito deve. Seu nome nas 3 Fontes Mayrink é uma homenagem de grande justiça.
FONTE VENÂNCIO
Venâncio Figueiredo foi o técnico admirável das Captações. Sem nunca freqüentar uma academia teve porem o dom natural da intuição e a clarividência da assimilação da boa técnica.
Dizem os nossos antepassados que o Dr. Policarpo Viotti para ele os tratados franceses e alemães sobre a engenharia das águas e logo Venâncio executava o serviço com a perfeição de um mestre.
Esse dom que lhe deu grande renome pela habilidade e critério com que se empregava ao serviço da captação das fontes hidrominerais, o tornou famoso tanto assim que levado para Lambary lá também captou as fontes daquela Estância merecendo por isso uma homenagem de todo o povo que lhe ofertou por ocasião de seu regresso, uma magnífica e expressiva placa de ouro.
Venâncio durante toda sua longa existência, foi o técnico numero um de todas as Empresas das Águas de Caxambu. O seu nome dado a uma fonte não só é uma honra ao seu indiscutível mérito como também honra o seu trabalho a Caxambu como fator preponderante do nosso progresso.
FONTE BELEZA
Esse nome embora sugestivo não representa nada de particular na vida de nossa Estância.
Dizem que se originou porque antigamente essa fonte produzia jatos intermitentes e bonitos…jatos bonitos, outros achavam uma beleza e Beleza ficou o seu nome.
Acreditamos que ainda possamos modifica-lo, seguindo o exemplo do passado dando-lhe um nome que venha a constituir denominação condigna com suas congêneres.
PALACE HOTEL
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