AVANT SUPERMERCADO - CAXAMBU

AVANT SUPERMERCADO - CAXAMBU
AVANT SUPERMERCADO - CAXAMBU

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

 O Brasil elegeu sua presidente, e agora?

Concluído o 2º. Turno o Brasil elegeu a primeira mulher presidente. Começa agora o verdadeiro exercício da Política: o de resgatar corações e mentes de brasileiros que viram seu candidato sair derrotado das urnas. E eles são mais de 40% dos eleitores. Com um agravante :a abstenção de 28.213.780 (21,35%), votos em branco - 2.412.957 (2,32%) e nulos: 4.572.411 (4,40%) totalizando mais de 35.199.149 votos - o que na realidade demonstra a insatisfação com os nomes que nos foram impostos para a escolha presidencial, lamentável, pois esta quantidade de votos poderia dar outro rumo para o Brasil; mas agora devemos olhar para frente.
Se até ontem era preciso mostrar as diferenças, insistir em provocações, jogar o adversário para fora do campo, num jogo de risco, agora é preciso compreender que a nova presidente é a governante de todos os brasileiros: ricos, pobres e remediados, satisfeitos, insatisfeitos e indiferentes.
A primeira missão da nova presidente será a de aparar as arestas e promover a reconciliação nacional. A presidente terá de convencer não só adversários, mas os próprios correligionários e apoiadores, de que acabou o jogo de gato e rato em que se transformou a eleição, e que é preciso encerrar a baixaria, curar feridas e executar um projeto de nação, com a ajuda inclusive da oposição.
O fenômeno Marina Silva, aliado à imposição do presidente Lula, que se achava dono do Brasil, e às saudáveis regras do sistema democrático, permitiram o segundo turno, sofrido, desgastante, de baixo nível, mas fundamental para o equilíbrio das forças políticas.

Ao invés de humilhada, a oposição sai das urnas premiada por uma votação importante, que jamais poderá ser ignorada pelos futuros governantes. Para os próximos pleitos, a oposição deve repensar na escolha dos seus candidatos, pois o resultado das urnas em Minas mostra que o povo mineiro não engoliu a falta de democracia do PSDB em não permitir as prévias no partido - o resultado foi uma resposta 58,2% para Dilma e 41,8% Serra. Esperamos maturidade, altivez e consciência da própria responsabilidade de uma oposição de verdade, pois o que tivemos nos últimos anos foi uma brincadeira de fazer oposição. Esperamos um olhar vigilante para o interesse coletivo, sem personalismos estéreis, sem mágoas inúteis. Um olhar para além do seu quinhão de votos: única forma legítima da oposição se credenciar para eleições 2014.

Temos agora como presidente a ex-militante de esquerda, sobrevivente do regime militar, ex-burocrata e ex-ministra, que enfrentará em sua interessante trajetória de vida a missão de transformar-se em uma governante sem tutor, sem ser manipulada pelo padrinho. Esperamos que Dilma Rousseff encare a oposição como instrumento de correção dos erros, e não como inimigo em uma guerra, que deve ser eliminado -pois do contrário ,estaremos entrando num regime de ditadura, e isto jamais será democrático.
Foram muitas as promessas e os símbolos manipulados ao longo desta campanha, agora acabou a brincadeira. É hora de despojar-se das armas do marketing, arregaçar as mangas e se preparar para a enorme missão conferida pelas urnas. Para além dos símbolos e da manipulação deles, existe um Brasil real - que aliás, demanda iniciativas urgentes. Da Educação à Infra-estrutura, Saúde, Segurança Pública dentre outras - a tarefa é gigantesca.
Antecede a tudo isto a complicadíssima tarefa de montar sua equipe de governo. É a partir dela que se poderá conhecer melhor o que realmente pretendem os eleitos, a conciliação de interesses de mais de uma dezena de partidos aliados, já é por si um desafio para qualquer político experiente, que dirá para uma estreante, Dilma terá de contar, talvez como nenhum outro governante, com a lealdade de seus parceiros mais próximos e mais experientes -coisa difícil em um regime político prostituído pelos interesses pessoais. É da afinação desta equipe de governo que irá se definir o futuro do Brasil.

Seria utopia pedir um governo de união nacional, mas não seria exagero apelar para que se tome como uma bússola do bom senso e da responsabilidade pública para governar.
Cientes de que o projeto de se conservar no poder, pode se tornar pequeno e banal, diante da importância decisiva de cada gesto de um governante democrático na vida do mais humilde dos brasileiros. Desejamos boa sorte à presidente eleita.

Não são tiranos que fazem escravos!
São os escravos que fazem os tiranos !
Guilherme Pereira