Carta do Leitor
Fernando, eu gostei muito do texto do Cristian e queria postar um comentário, mas não estou conseguindo. Se você puder postar lá para mim, aqui está:
Olá a todos!
Gostei muito do texto, acho a questão colocada bastante relevante, e não só para Caxambu, mas como também para diversos outros lugares que também compadecem deste mesmo problema. Quando se fala em “crise de identidade”, é sempre algo complicado. Eu concordo com o raciocínio quase que completamente, e só acho que, talvez, alguns pontos pudessem ser acrescentados, visando, sobretudo, uma perspectiva mais geral. Menciono desde já que não sou de Caxambu, mas que ainda pequeno, já havia freqüentado a cidade, embora esporadicamente.
Bom, como um reles “freqüentador esporádico”, o que posso dizer da impressão que me é passada por esse tempo, no mínimo razoável, de visitas, é que, de fato, houve uma mudança significativa no que se refere à condição turística da cidade. Um grande declínio, penso. Mas como disse anteriormente, esse não é um problema específico de Caxambu, e ainda que existam exceções, já observei municípios em situações bem piores, e por esse motivo, vou ressaltar os tais pontos que poderiam ser incluídos e percebidos junto à idéia do texto: O primeiro, é que não se deve esquecer o contexto econômico em que vivemos no momento; devido às novas condições de acessibilidade do brasileiro, existe uma tendência do mesmo em optar por viagens turísticas internacionais, tendo por base, principalmente, endereços mais baratos, como Argentina, Chile, e por aí vai... E de certa forma, a competição por essa preferência muitas vezes é difícil, pois para um município fazer frente junto a um país, só a propaganda que uma Argentina da vida pode fazer, está em outro nível. E é lógico que, a partir daí, entra o segundo fator: O descaso generalizado que se tomou culturalmente pela administração pública brasileira, que já vem de muito tempo atrás, e apesar da aparente postura diferente (pelo menos a nível federal) que tem se apresentado na última década, ainda são presentes suas conseqüências, seja estruturais, econômicas, sociais, ou o que for. Não adianta esperar por turismo, se as atrações turísticas estão caindo aos pedaços, e o fato é que, infelizmente, elas estão. Seguindo aí pelo “caso do descaso”, um terceiro fator que talvez fosse de se considerar, seria a mudança no pensamento das pessoas, pelo menos no que se refere às atividades de preferência, e principalmente dos jovens. Tomando como exemplo, vai uma crítica ao modelo de carnaval que as cidades periféricas - periferia no sentido de não se situar como um Rio, SP ou Salvador e etc - adotaram. Esse tal modelo popular e atual de carnaval, do qual me abstenho de especificar melhor, pois creio que todos saberão do que estou falando, se estabeleceu de uma forma “pré-fabricada” bastante simples, bastante prática e similar, e isso tudo, que a principio, pode parecer bastante interessante, infelizmente, por essas próprias características, acaba por tomar uma outra forma, de armadilha, pois o que acontece na verdade, é um carnaval simplista, comum e previsível, que por conseqüência, terminou com a diversidade que se tinha antigamente. Uma diversidade baseada no lado artístico que o carnaval agregava, e que envolvia uma “essência” que cada local adquiria em seu trabalho e tradição. E o poder que essa nova forma de carnaval tem de conseguir a adesão popular não é difícil de ser entendido: Se eu posso ter um carnaval “enlatado” bem ali na esquina, que é igualzinho ao de qualquer outra cidade, pra quê viajar então? Basta os tonéis de cerveja e o som automotivo do fusquinha mais próximo que “vamo bora”. Esse modelo, apesar de ser de grande agrado para a cultura de massa atual, remete a um desleixo que não se poderá ver mais saída. Mas enfim, em Roma, faça como os romanos... Tragamos agora para os nossos entornos as tais indústrias com todos seus potenciais, aquéns e poréns...
Mas lamentos filosóficos à parte, a idéia das indústrias, até que pode não ser tão má. Pelo contrário, se administrada de forma correta e sadia, uma ajuda da iniciativa privada não só poderia fornecer empregos para a cidade, como também poderia se tornar um investimento para a própria cidade. Agora, isso é uma aposta, e independente de tudo, nem sempre é possível contar com a boa vontade de empresários, e estes, se combinados com as tais administrações corruptas, podem se tornar um problema ainda maior do que estão enfrentando.
Bom galera, essa é a opinião de um outsider, que provavelmente já deve ser até de praxes por vocês. De qualquer forma, espero ter contribuído de alguma forma para o debate.
Abraços pra todos,
Fernando, eu gostei muito do texto do Cristian e queria postar um comentário, mas não estou conseguindo. Se você puder postar lá para mim, aqui está:
Olá a todos!
Gostei muito do texto, acho a questão colocada bastante relevante, e não só para Caxambu, mas como também para diversos outros lugares que também compadecem deste mesmo problema. Quando se fala em “crise de identidade”, é sempre algo complicado. Eu concordo com o raciocínio quase que completamente, e só acho que, talvez, alguns pontos pudessem ser acrescentados, visando, sobretudo, uma perspectiva mais geral. Menciono desde já que não sou de Caxambu, mas que ainda pequeno, já havia freqüentado a cidade, embora esporadicamente.
Bom, como um reles “freqüentador esporádico”, o que posso dizer da impressão que me é passada por esse tempo, no mínimo razoável, de visitas, é que, de fato, houve uma mudança significativa no que se refere à condição turística da cidade. Um grande declínio, penso. Mas como disse anteriormente, esse não é um problema específico de Caxambu, e ainda que existam exceções, já observei municípios em situações bem piores, e por esse motivo, vou ressaltar os tais pontos que poderiam ser incluídos e percebidos junto à idéia do texto: O primeiro, é que não se deve esquecer o contexto econômico em que vivemos no momento; devido às novas condições de acessibilidade do brasileiro, existe uma tendência do mesmo em optar por viagens turísticas internacionais, tendo por base, principalmente, endereços mais baratos, como Argentina, Chile, e por aí vai... E de certa forma, a competição por essa preferência muitas vezes é difícil, pois para um município fazer frente junto a um país, só a propaganda que uma Argentina da vida pode fazer, está em outro nível. E é lógico que, a partir daí, entra o segundo fator: O descaso generalizado que se tomou culturalmente pela administração pública brasileira, que já vem de muito tempo atrás, e apesar da aparente postura diferente (pelo menos a nível federal) que tem se apresentado na última década, ainda são presentes suas conseqüências, seja estruturais, econômicas, sociais, ou o que for. Não adianta esperar por turismo, se as atrações turísticas estão caindo aos pedaços, e o fato é que, infelizmente, elas estão. Seguindo aí pelo “caso do descaso”, um terceiro fator que talvez fosse de se considerar, seria a mudança no pensamento das pessoas, pelo menos no que se refere às atividades de preferência, e principalmente dos jovens. Tomando como exemplo, vai uma crítica ao modelo de carnaval que as cidades periféricas - periferia no sentido de não se situar como um Rio, SP ou Salvador e etc - adotaram. Esse tal modelo popular e atual de carnaval, do qual me abstenho de especificar melhor, pois creio que todos saberão do que estou falando, se estabeleceu de uma forma “pré-fabricada” bastante simples, bastante prática e similar, e isso tudo, que a principio, pode parecer bastante interessante, infelizmente, por essas próprias características, acaba por tomar uma outra forma, de armadilha, pois o que acontece na verdade, é um carnaval simplista, comum e previsível, que por conseqüência, terminou com a diversidade que se tinha antigamente. Uma diversidade baseada no lado artístico que o carnaval agregava, e que envolvia uma “essência” que cada local adquiria em seu trabalho e tradição. E o poder que essa nova forma de carnaval tem de conseguir a adesão popular não é difícil de ser entendido: Se eu posso ter um carnaval “enlatado” bem ali na esquina, que é igualzinho ao de qualquer outra cidade, pra quê viajar então? Basta os tonéis de cerveja e o som automotivo do fusquinha mais próximo que “vamo bora”. Esse modelo, apesar de ser de grande agrado para a cultura de massa atual, remete a um desleixo que não se poderá ver mais saída. Mas enfim, em Roma, faça como os romanos... Tragamos agora para os nossos entornos as tais indústrias com todos seus potenciais, aquéns e poréns...
Mas lamentos filosóficos à parte, a idéia das indústrias, até que pode não ser tão má. Pelo contrário, se administrada de forma correta e sadia, uma ajuda da iniciativa privada não só poderia fornecer empregos para a cidade, como também poderia se tornar um investimento para a própria cidade. Agora, isso é uma aposta, e independente de tudo, nem sempre é possível contar com a boa vontade de empresários, e estes, se combinados com as tais administrações corruptas, podem se tornar um problema ainda maior do que estão enfrentando.
Bom galera, essa é a opinião de um outsider, que provavelmente já deve ser até de praxes por vocês. De qualquer forma, espero ter contribuído de alguma forma para o debate.
Abraços pra todos,
Guilherme Alvarenga Fernandez (Stugbit)