É TEMPO DE FALAR DE POLÍTICA!
CAXAMBU A SENTINELA DE ESPERANÇA – UMA CAMPANHA POLÍTICA MEMORÁVEL.
by José Celestino Teixeira.
Como introito ao assunto principal, sempre necessário se faz uma ambientação do leitor às circunstâncias dos fatos a serem narrados.
Evidente, que a memória é fraca nos seres humanos e é falha.
Assim qualquer esquecimento não é fruto de desatenção, mas, pura limitação da idade, que embora não sendo avançada é passível de esquecimentos.
Mas vamos ao que interessa: A Política como determinação da vida de todos quer queiram quer não.
Baldados os avanços conquistados em todos os campos do desenvolvimento (Arquitetura, Música, Expansão de Fronteiras Geográficas e Ideológicas), os Anos JK haviam fechado um ciclo.
Concebeu-se Brasília como Milagre no Planalto Central.
O desenvolvimento da indústria siderúrgica ancorada pela construção de hidrelétricas no São Francisco e, no Rio Grande tornavam realidade o sonho de Juscelino.
A implantação da indústria automobilística dando maior mobilidade ao país geraria empregos que a nação tanto necessitava.
Havia no ar um sonho de liberdade, ainda que utópico.
Findo o ciclo o país se agitava com a possível posse de João Goulart à presidência.
Como numa antecipação que, hoje seria reconhecidamente avançada, o Vice-presidente cometeu um erro imperdoável aos olhos do Tio Sam ao visitar a China de Mao Tse-Tung.
A Guerra Fria, não permitiria a um político da América do Sul (curral dos States) a ousadia de receber congratulações de Chefe de Estado na China.
Nem tão pouco a condecoração do Guevara (El Tchê), pelo então presidente Jânio Quadros (aquele da vassourinha) traria satisfação aos da Direita.
A crise econômica aliada a crise política e social sacudia o pais em palanques e passeatas.
O Golpe era Iminente.
E foi assim que em 31 de Março de 1964, as Tropas tomaram as Ruas.
Prisões e cassações políticas com fechamento do Congresso Nacional deram o tom da Parada.
O General Castelo Branco assume a chefia do Estado Brasileiro e ao longo de todo período revolucionário os militares governariam através dos Atos Institucionais (AI’s).
O pluripartidarismo até então vigente deu lugar ao bipartidarismo : ARENA & MDB.
Por sua vez, o partido governista para acomodar os políticos fisiologistas que fugiam da oposição para cair nos braços do Poder, não se fez de rogada.
Tratou de criar a ARENA 1 e a ARENA 2.
Na primeira abrigaram as elites políticas do país em torno dos Militares das três a armas e, os civis egressos principalmente da UDN, que fora derrotada no passado por JK.
O velho PSD , PTB e PR morreram sufocados pela intolerância dos novos Comandantes do Poder.
Em Minas, Barbacena a cidade dos loucos e das flores assumiu a hegemonia política no Estado.
De uma lado na ARENA 1, os Andradas (Bonifacio Andradas descendentes de Antônio Carlos).
De outro na ARENA 2, Bias Fortes.
“Chrispim Jacques Bias Fortes - Seguiu a mesma trajetória de seu avô e seu pai como advogado, produtor rural e político atuante, sobre tudo na região de Barbacena. Eleito Deputado Federal por 8 mandatos consecutivos (1951 a 1983). Advogado de carreira do Banco do Brasil, foi também Secretário de Estado por 3 vezes.
Filho de José Francisco Bias Fortes e Francisca Tamm Bias Fortes. Bacharel em Direito em 1944 na Universidade Federal de Minas Gerais, atuou no escritório de advocacia do pai até filiar-se ao PSD e disputar, sem sucesso, a prefeitura de Barbacena em 1947, mesmo ano em que seu pai foi derrotado por Milton Campos na disputa pelo governo estadual. Eleito deputado federal em 1950, 1954, 1958 e 1962, migrou para a ARENA após a outorga do bipartidarismo pelo Regime Militar de 1964 via Ato Institucional Número Dois, licenciando-se para ocupar a Secretaria de Segurança em 1966 nos primeiros meses do governo Israel Pinheiro, cargo do qual se afastou para prosseguir sua carreira política.
Reeleito em 1966 e 1970, integrou o diretório estadual e foi vice-presidente nacional (1972-1974) da ARENA. Preterido na escolha do governador de Minas Gerais pelo presidente Ernesto Geisel, foi reeleito em 1974 e pediu licença para assumir a Secretaria de Obras no governo de Aureliano Chaves, conquistando o seu oitavo mandato consecutivo de deputado federal em 1978. Após a reforma partidária empreendida pelo presidente João Figueiredo filiou-se ao PDS e foi presidente do partido em Minas Gerais.”
“Na ARENA 1, Bonifácio José Tamm de Andrada , mais conhecido como Bonifácio Andrada ou ainda Bonifácio de Andrada, é um advogado, jornalista, cientista político, professor universitário e político brasileiro. Bonifácio mantém um mandato parlamentar há 60 anos ininterruptos.
Bonifácio é filho de José Bonifácio Lafayette de Andrada e de Vera Raymunda Tamm de Andrada. Descendente direto, por parte de pai, do estadista José Bonifácio de Andrada e Silva.
Foi candidato a vice-presidente da República do Brasil na Eleição presidencial de 1989 na chapa de Paulo Maluf tendo esta chapa obtido 5.986.575 votos ficando em 5° lugar atrás do vencedor Fernando Collor de Mello, de Luiz Inácio Lula da Silva, de Leonel Brizola e de Mário Covas e derrotando nomes conhecidos como o de Ulysses Guimarães, Aureliano Chaves e Enéas Carneiro.
O peso e o prestígio dos Andradas remota anos: Antônio Carlos Ribeiro de Andrada nascido em Barbacena-MG foi um político brasileiro, prefeito de Belo Horizonte, presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, senador da República, presidente da Assembléia Nacional Constituinte de 1932-1933, ministro de estado e presidente do estado de Minas Gerais.
Da terceira geração dos Andradas e quarto político deste nome, era bisneto de José Bonifácio de Andrada e Silva - o Patriarca da Independência, neto do Conselheiro Martim Francisco Ribeiro de Andrada e sobrinho de José Bonifácio, o Moço.
Seu pai, deputado geral e senador estadual por Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, mudou-se de São Paulo para Barbacena na segunda metade do século XIX para casar-se com D. Adelaide Feliciana Lima Duarte, irmã do Visconde de Lima Duarte e bisneta do inconfidente José Aires Gomes, consórcio este que deu origem ao ramo mineiro dos Andradas.
Durante o período Revolucionário de 64, as Estâncias Hidrominerais e climáticas de Minas e do Brasil, juntamente com as capitais dos Estados perderiam a autonomia política. Seus prefeitos eram nomeados por Atos do Então Governador dos respectivos Estados, com aval do Governo Militar.
Assim Caxambu, São Lorenço, Lambari, Cambuquira, Poços de Caldas, Araxá , Patrocínio e outras cidades mais, não elegiam seus Prefeitos.
Eram todos nomeados.
Aqui, as duas Arenas tinham lideres diversos. A ARENA 1 era capitaneada pelo Dr. Acácio Almeida, com grande hegemonia de Dna Ruth, a Matriarca da Família.
Incontestável a capacidade política do casal Almeida na condução dos destinos políticos da cidade e microrregião do Circuito das Águas.
Tanto assim, que o Solar dos Almeida, ainda existente nas cercanias do Palace Hotel recebi a visita constante do Vice-presidente Aureliano Chaves, dos Andradas de Barbacena, do todo poderoso Eliseu Resende o homem do DNER e, de inúmero generais que vinham bebericar do prestígio político da família egressa das fileiras da velha UDN, partido de Milton Campos e que abrigava as elites rurais e intelectuais do Estado.
Uma palavra de Dna Ruth tanto nomeava Diretores de Escolas, Inspetores Escolares, delegados de polícia, chefes de repartições públicas e até juízes e promotores. Pedido dela era Ordem, para aos políticos mais influentes da Republica.
De outro lado a ARENA 2, fisiológica, mas não tão poderosa quanto a primeira.
Na guia, a ARENA 2, em Caxambu tinha no poder Clerical a figura do saudoso Padre Castilho, a seriedade do Hélio, a firmeza e a dignidade do Mario (Escrivão de Polícia), a perspicácia do Chico (Titular de Cartórios) e a juventude dos Irmãos Coragem : o meu amigo Palmirinho e o Celinho Castilho (pau pra toda obra).
A ARENA 1, em determinado período da historia política local nomeou Dr. Caio Almeida, como interventor/prefeito.
Pessoa de fino trato, amante inveterado da natureza, culto, inteligente e de amabilidade incomum.
Além de Trovador e poeta.
Depois, por entendimentos de cúpula, num rodízio de poder, a ARENA 2 nomeia Francisco Castilho, também, como Interventor/Prefeito.
A partir de 1966 surgiram os governadores biônicos, prefeitos biônicos em certas categorias de municípios e até senadores biônicos. No caso dos senadores, o termo "biônicos" derivou também do Pacote de Abril de 1977, que alterou as regras para o pleito de 1978. Nele, cada estado escolheria um nome pela via indireta na renovação de dois terços das cadeiras mediante votação de um colégio eleitoral, o que deu à ARENA 21 das 22 cadeiras em jogo impedindo a repetição da rotunda vitória do MDB em 1974. Na disputa pelas vinte e três vagas a serem preenchidas por voto direto[4] os arenistas conquistaram quinze. No total o placar das eleições para a Câmara Alta do parlamento foi de trinta e seis a nove para o governo.
Em Minas, o Senador Biônico Murilo Badaró provavelmente pesou na indicação política do Francisco Castilho, os quais eram amigos.
Embora tivessem a mão forte do governo Federal, os prefeitos biônicos em sua maioria não dispunham de recursos financeiros suficientes para incrementarem o desenvolvimento de sues Município. Afinal, o ato de nomeação os tolhia de afrontar diretamente o Poder Central.
Gozavam de prestígio político, mas não de autonomia. Vez ou outra conseguiam uma nomeação pra este ou aquele correligionário, uma verba da educação, um posto de saúde, a construção de uma escola ou a presença de um político famoso nos palanques em que se comemoravam o Dia da Pátria ou o aniversário da Cidade.
O Turismo andava de “pires na mão” arrecadando nos Hotéis e no comércio local, parcos recursos para as atividades a serem incrementadas.
Em 20 de dezembro de 1979, pela lei nº 6.767, o multipartidarismo foi restaurado no Brasil e as associações políticas existentes extintas: "Ficam extintos os partidos criados como organizações, com base no Ato Complementar nº 4, de 20 de novembro de 1965, e transformados em partidos de acordo com a Lei nº 4.740, de 15 de julho de 1965, por não preencherem, para seu funcionamento, os requisitos estabelecidos nesta Lei". Mesmo assim, a lei fazia proibição de "coligações com outros partidos para as eleições à Câmara dos Deputados, às Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais" e de "arregimentação de filiados ou adeptos, com base em (...) sentimentos de classe". Os partidos permitidos seriam os que contassem com "10% de representantes do Congresso Nacional".
A ARENA foi rebatizada de Partido Democrático Social (PDS). Mais tarde, um grupo de políticos do PDS abandonou o partido e formou a "Frente liberal", a qual, depois, tornou-se o Partido da Frente Liberal (PFL), atual DEM. O PDS, posteriormente, mudou o seu nome para Partido Progressista Renovador (PPR), e depois para Partido Progressista Brasileiro (PPB), que hoje se chama Partido Progressista (PP).
O bipartidarismo gerou, no Brasil, de 1966 a 1979, duas correntes políticas, a situacionista formada pela ARENA e a corrente oposicionista formada pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). A ARENA era chamada de "A situação" e o MDB de "A oposição".
“Em 1973, ocorre a crise do petróleo, a alta dos preços e a inflação. A ARENA sofre, então, sua maior derrota nas eleições de 15 de novembro de 1974.
A derrota da Arena em 1974 foi inesperada: O MDB temendo nova derrota eleitoral em 1974, como aquela sofrida em 1970, não se arriscou a lançar seus líderes mais importantes como candidatos ao Senado Federal, colocando-os como candidatos à Câmara dos Deputados onde a eleição era menos disputada. Assim, Ulisses Guimarães não se candidatou ao Senado, nem Tancredo Neves, nem Thales Ramalho, abrindo espaço para jovens políticos como o prefeito de Campinas Orestes Quércia, o prefeito de Juiz de Fora Itamar Franco e o também jovem Marcos Freire, que acabaram sendo eleitos senadores por São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco respectivamente. Em 1974, o MDB elegeu 17 senadores e a ARENA apenas 6, estando em disputa, apenas uma vaga de senador em cada estado.
Para as eleições de 1974, o presidente Geisel liberou os debates na televisão, e, em São Paulo, onde a televisão já atingia quase todos os municípios, o histórico debate entre Orestes Quércia e o candidato da ARENA ao Senado, o ex-governador Carvalho Pinto, tido como franco favorito, foi decisivo para a vitória do MDB.
Isso fez com que Geisel voltasse atrás, e, pela Lei Falcão, (lei nº 6.339, de 1 de julho de 1976), nas eleições de 1978, os candidatos podiam apenas apresentar sua fotografia na televisão. O MDB teve a maioria dos votos em 1978, mas continuou em minoria no Congresso Nacional, especialmente pela força que a ARENA tinha nos pequenos municípios. Isto fez com que o MDB, (chamado, depois de 1980, de PMDB), usasse, a partir de então, a estratégia de atrair arenistas para seus quadros. Assim, em 1982, o PMDB venceu a eleição para governador de Minas Gerais por ter tido como vice na chapa de Tancredo Neves, o ex-arenista Hélio Garcia, profundo conhecedor das pequenas cidades mineiras.
“Essa força da ARENA nos pequenos municípios levou o então presidente nacional do partido, Francelino Pereira, a classificar a ARENA como "o maior partido político do ocidente", e levou Tancredo Neves a chamar os pequenos municípios onde a ARENA sempre ganhava de "grotões".”
A Década de 80 então abre novas perspectivas para as Cidades Estâncias e, em Caxambu numa virada espetacular a oposição elege por voto direto pela Sigla do PMDB, o seu primeiro prefeito eleito, após 64: Isaac Rosental.
Um comerciante local de tradicional família de músicos antes de ser Eleito Prefeito sob aos palanques da cidade, quando na época contávamos com a presença de 05 Senadores da República, Governador de Estado, 20 deputados federais e, inúmeros outros estaduais, além de mais de 30 prefeitos da região.
Comício memorável aquele realizado pelo PMDB, no bairro do Caxambu/Velho: O Senador Itamar Franco, Renan Tito, Alfredo Campos, o Deputado Pimenta da Veiga, o saudoso Ferraz Caldas (já eleito pelo antigo MDB como Deputado Estadual) e tantos outros.
Do outro lado, a situação armava palanque na Praça Alfredo Pinto, na lateral da Igreja Matriz e contava no Palanque com a presença de Aureliano Chaves (vice-presidente), Francelino Pereira (Ex-governador), Eliseu Resende (DNER), Murilo Badaró (Senador Biônico), além de inúmeros deputados federais e estaduais, bem como de diretores e chefes de repartições públicas federais e estaduais.
Aquilo era uma Batalha, mas, a Guerra nos venceríamos com a eleição de Isaac Rosental, a prefeito da cidade, em 1985.
Três anos em Trinta mudamos a cara da cidade.
Calçaram-se ruas e bairros, cuidou-se do transporte coletivo com ônibus circular servindo todos os bairros, expandiu a rede de iluminação pública levando-se Luz a lugares antes no apagão, desapropriamos inúmeros imóveis para construção de escolas, ruas e avenidas.
O Parque das Águas foi revitalizado e a Copasa dotou a cidade de água e esgoto em praticamente todos os bairros (controle de doenças e endemias), o índice de qualidade de vida deu um Salto, a mortalidade infantil reduziu em 70% e a frequência escolar dobrou.
Construíram-se casas populares para a população de baixa renda e o cidadão cxambuense cultuava orgulho de sua cidade.
Inúmeras festas e acontecimentos culturais.
A cidade recebeu mais de 10 Reitores de Universidades e médicos para o Redescobrimento de Nossas Águas Minerais e o Renascimento do Termalismo. Inúmeras palestras e mesas-redondas no IV ENCONTRO A FORÇA DAS ÁGUAS, em 1987, com o apoio da Sociedade Brasileira de Termalismo - SBT deram novo alento ao estudo e pratica a Crenoterápia (Cronologia – ciência que estuda a aplicação terapêutica das Águas Minerais).
Em seu aniversário a cidade recebeu com emoção a Esquadrilha da Fumaça e seus Aviões Tucanos, a Banda dos Fuzileiros Navais e Shows memoráveis com a presença do Kid Abelha, Erasmo Carlos, Titãs e tantos outros artistas de renome internacional.
Caxambu respirava confiança e alegria, quando os filhos da terra voltavam à cidade tinham orgulho dela.
Tudo era festa e desenvolvimento.
Ser Caxambuense era orgulho de muitos.
Depois, Isaac elegeu seu Sucessor e Marcus Gadben ancorado pelo Governador Newton Cardoso e o Secretário de Estado Maurício Guedes realizaram o Sonho de construção da Avenida Beira Bengo, acalentado por anos e anos.
No primeiro mandato Marcus Gadbem soube dar continuidade ao surto de progresso que a cidade respirava naqueles dias.
Verdade que podem ter ocorrido erros, mas nenhum deles supera o Progresso e o surto de desenvolvimento real, que a cidade experimentou em Duas Décadas de franco progresso.
Hoje os tempos mudaram.
Vivemos um novo tempo, cujo fantasma da Crise espanta a Esperança de Todos.
Porém, plagiando o poeta chileno Pablo Neruda olhemos no retrovisor do Tempo e concordemos com ele:
Evidente, que a memória é fraca nos seres humanos e é falha.
Assim qualquer esquecimento não é fruto de desatenção, mas, pura limitação da idade, que embora não sendo avançada é passível de esquecimentos.
Mas vamos ao que interessa: A Política como determinação da vida de todos quer queiram quer não.
Baldados os avanços conquistados em todos os campos do desenvolvimento (Arquitetura, Música, Expansão de Fronteiras Geográficas e Ideológicas), os Anos JK haviam fechado um ciclo.
Concebeu-se Brasília como Milagre no Planalto Central.
Copa de 1954 - Jogadores da seleção almoçando com Juscelino Kubitschek no Palace Hotel de Caxambu - Foto: Acervo Palace Hotel |
O desenvolvimento da indústria siderúrgica ancorada pela construção de hidrelétricas no São Francisco e, no Rio Grande tornavam realidade o sonho de Juscelino.
A implantação da indústria automobilística dando maior mobilidade ao país geraria empregos que a nação tanto necessitava.
Havia no ar um sonho de liberdade, ainda que utópico.
Findo o ciclo o país se agitava com a possível posse de João Goulart à presidência.
Como numa antecipação que, hoje seria reconhecidamente avançada, o Vice-presidente cometeu um erro imperdoável aos olhos do Tio Sam ao visitar a China de Mao Tse-Tung.
A Guerra Fria, não permitiria a um político da América do Sul (curral dos States) a ousadia de receber congratulações de Chefe de Estado na China.
Nem tão pouco a condecoração do Guevara (El Tchê), pelo então presidente Jânio Quadros (aquele da vassourinha) traria satisfação aos da Direita.
A crise econômica aliada a crise política e social sacudia o pais em palanques e passeatas.
O Golpe era Iminente.
E foi assim que em 31 de Março de 1964, as Tropas tomaram as Ruas.
Prisões e cassações políticas com fechamento do Congresso Nacional deram o tom da Parada.
O General Castelo Branco assume a chefia do Estado Brasileiro e ao longo de todo período revolucionário os militares governariam através dos Atos Institucionais (AI’s).
O pluripartidarismo até então vigente deu lugar ao bipartidarismo : ARENA & MDB.
Por sua vez, o partido governista para acomodar os políticos fisiologistas que fugiam da oposição para cair nos braços do Poder, não se fez de rogada.
Tratou de criar a ARENA 1 e a ARENA 2.
Na primeira abrigaram as elites políticas do país em torno dos Militares das três a armas e, os civis egressos principalmente da UDN, que fora derrotada no passado por JK.
O velho PSD , PTB e PR morreram sufocados pela intolerância dos novos Comandantes do Poder.
Em Minas, Barbacena a cidade dos loucos e das flores assumiu a hegemonia política no Estado.
De uma lado na ARENA 1, os Andradas (Bonifacio Andradas descendentes de Antônio Carlos).
De outro na ARENA 2, Bias Fortes.
“Chrispim Jacques Bias Fortes - Seguiu a mesma trajetória de seu avô e seu pai como advogado, produtor rural e político atuante, sobre tudo na região de Barbacena. Eleito Deputado Federal por 8 mandatos consecutivos (1951 a 1983). Advogado de carreira do Banco do Brasil, foi também Secretário de Estado por 3 vezes.
Filho de José Francisco Bias Fortes e Francisca Tamm Bias Fortes. Bacharel em Direito em 1944 na Universidade Federal de Minas Gerais, atuou no escritório de advocacia do pai até filiar-se ao PSD e disputar, sem sucesso, a prefeitura de Barbacena em 1947, mesmo ano em que seu pai foi derrotado por Milton Campos na disputa pelo governo estadual. Eleito deputado federal em 1950, 1954, 1958 e 1962, migrou para a ARENA após a outorga do bipartidarismo pelo Regime Militar de 1964 via Ato Institucional Número Dois, licenciando-se para ocupar a Secretaria de Segurança em 1966 nos primeiros meses do governo Israel Pinheiro, cargo do qual se afastou para prosseguir sua carreira política.
Reeleito em 1966 e 1970, integrou o diretório estadual e foi vice-presidente nacional (1972-1974) da ARENA. Preterido na escolha do governador de Minas Gerais pelo presidente Ernesto Geisel, foi reeleito em 1974 e pediu licença para assumir a Secretaria de Obras no governo de Aureliano Chaves, conquistando o seu oitavo mandato consecutivo de deputado federal em 1978. Após a reforma partidária empreendida pelo presidente João Figueiredo filiou-se ao PDS e foi presidente do partido em Minas Gerais.”
“Na ARENA 1, Bonifácio José Tamm de Andrada , mais conhecido como Bonifácio Andrada ou ainda Bonifácio de Andrada, é um advogado, jornalista, cientista político, professor universitário e político brasileiro. Bonifácio mantém um mandato parlamentar há 60 anos ininterruptos.
Bonifácio é filho de José Bonifácio Lafayette de Andrada e de Vera Raymunda Tamm de Andrada. Descendente direto, por parte de pai, do estadista José Bonifácio de Andrada e Silva.
Foi candidato a vice-presidente da República do Brasil na Eleição presidencial de 1989 na chapa de Paulo Maluf tendo esta chapa obtido 5.986.575 votos ficando em 5° lugar atrás do vencedor Fernando Collor de Mello, de Luiz Inácio Lula da Silva, de Leonel Brizola e de Mário Covas e derrotando nomes conhecidos como o de Ulysses Guimarães, Aureliano Chaves e Enéas Carneiro.
O peso e o prestígio dos Andradas remota anos: Antônio Carlos Ribeiro de Andrada nascido em Barbacena-MG foi um político brasileiro, prefeito de Belo Horizonte, presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, senador da República, presidente da Assembléia Nacional Constituinte de 1932-1933, ministro de estado e presidente do estado de Minas Gerais.
Da terceira geração dos Andradas e quarto político deste nome, era bisneto de José Bonifácio de Andrada e Silva - o Patriarca da Independência, neto do Conselheiro Martim Francisco Ribeiro de Andrada e sobrinho de José Bonifácio, o Moço.
Seu pai, deputado geral e senador estadual por Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, mudou-se de São Paulo para Barbacena na segunda metade do século XIX para casar-se com D. Adelaide Feliciana Lima Duarte, irmã do Visconde de Lima Duarte e bisneta do inconfidente José Aires Gomes, consórcio este que deu origem ao ramo mineiro dos Andradas.
Durante o período Revolucionário de 64, as Estâncias Hidrominerais e climáticas de Minas e do Brasil, juntamente com as capitais dos Estados perderiam a autonomia política. Seus prefeitos eram nomeados por Atos do Então Governador dos respectivos Estados, com aval do Governo Militar.
Assim Caxambu, São Lorenço, Lambari, Cambuquira, Poços de Caldas, Araxá , Patrocínio e outras cidades mais, não elegiam seus Prefeitos.
Eram todos nomeados.
Aqui, as duas Arenas tinham lideres diversos. A ARENA 1 era capitaneada pelo Dr. Acácio Almeida, com grande hegemonia de Dna Ruth, a Matriarca da Família.
Incontestável a capacidade política do casal Almeida na condução dos destinos políticos da cidade e microrregião do Circuito das Águas.
Tanto assim, que o Solar dos Almeida, ainda existente nas cercanias do Palace Hotel recebi a visita constante do Vice-presidente Aureliano Chaves, dos Andradas de Barbacena, do todo poderoso Eliseu Resende o homem do DNER e, de inúmero generais que vinham bebericar do prestígio político da família egressa das fileiras da velha UDN, partido de Milton Campos e que abrigava as elites rurais e intelectuais do Estado.
Uma palavra de Dna Ruth tanto nomeava Diretores de Escolas, Inspetores Escolares, delegados de polícia, chefes de repartições públicas e até juízes e promotores. Pedido dela era Ordem, para aos políticos mais influentes da Republica.
De outro lado a ARENA 2, fisiológica, mas não tão poderosa quanto a primeira.
Na guia, a ARENA 2, em Caxambu tinha no poder Clerical a figura do saudoso Padre Castilho, a seriedade do Hélio, a firmeza e a dignidade do Mario (Escrivão de Polícia), a perspicácia do Chico (Titular de Cartórios) e a juventude dos Irmãos Coragem : o meu amigo Palmirinho e o Celinho Castilho (pau pra toda obra).
A ARENA 1, em determinado período da historia política local nomeou Dr. Caio Almeida, como interventor/prefeito.
Pessoa de fino trato, amante inveterado da natureza, culto, inteligente e de amabilidade incomum.
Além de Trovador e poeta.
Depois, por entendimentos de cúpula, num rodízio de poder, a ARENA 2 nomeia Francisco Castilho, também, como Interventor/Prefeito.
A partir de 1966 surgiram os governadores biônicos, prefeitos biônicos em certas categorias de municípios e até senadores biônicos. No caso dos senadores, o termo "biônicos" derivou também do Pacote de Abril de 1977, que alterou as regras para o pleito de 1978. Nele, cada estado escolheria um nome pela via indireta na renovação de dois terços das cadeiras mediante votação de um colégio eleitoral, o que deu à ARENA 21 das 22 cadeiras em jogo impedindo a repetição da rotunda vitória do MDB em 1974. Na disputa pelas vinte e três vagas a serem preenchidas por voto direto[4] os arenistas conquistaram quinze. No total o placar das eleições para a Câmara Alta do parlamento foi de trinta e seis a nove para o governo.
Em Minas, o Senador Biônico Murilo Badaró provavelmente pesou na indicação política do Francisco Castilho, os quais eram amigos.
Embora tivessem a mão forte do governo Federal, os prefeitos biônicos em sua maioria não dispunham de recursos financeiros suficientes para incrementarem o desenvolvimento de sues Município. Afinal, o ato de nomeação os tolhia de afrontar diretamente o Poder Central.
Gozavam de prestígio político, mas não de autonomia. Vez ou outra conseguiam uma nomeação pra este ou aquele correligionário, uma verba da educação, um posto de saúde, a construção de uma escola ou a presença de um político famoso nos palanques em que se comemoravam o Dia da Pátria ou o aniversário da Cidade.
O Turismo andava de “pires na mão” arrecadando nos Hotéis e no comércio local, parcos recursos para as atividades a serem incrementadas.
Em 20 de dezembro de 1979, pela lei nº 6.767, o multipartidarismo foi restaurado no Brasil e as associações políticas existentes extintas: "Ficam extintos os partidos criados como organizações, com base no Ato Complementar nº 4, de 20 de novembro de 1965, e transformados em partidos de acordo com a Lei nº 4.740, de 15 de julho de 1965, por não preencherem, para seu funcionamento, os requisitos estabelecidos nesta Lei". Mesmo assim, a lei fazia proibição de "coligações com outros partidos para as eleições à Câmara dos Deputados, às Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais" e de "arregimentação de filiados ou adeptos, com base em (...) sentimentos de classe". Os partidos permitidos seriam os que contassem com "10% de representantes do Congresso Nacional".
A ARENA foi rebatizada de Partido Democrático Social (PDS). Mais tarde, um grupo de políticos do PDS abandonou o partido e formou a "Frente liberal", a qual, depois, tornou-se o Partido da Frente Liberal (PFL), atual DEM. O PDS, posteriormente, mudou o seu nome para Partido Progressista Renovador (PPR), e depois para Partido Progressista Brasileiro (PPB), que hoje se chama Partido Progressista (PP).
O bipartidarismo gerou, no Brasil, de 1966 a 1979, duas correntes políticas, a situacionista formada pela ARENA e a corrente oposicionista formada pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). A ARENA era chamada de "A situação" e o MDB de "A oposição".
“Em 1973, ocorre a crise do petróleo, a alta dos preços e a inflação. A ARENA sofre, então, sua maior derrota nas eleições de 15 de novembro de 1974.
A derrota da Arena em 1974 foi inesperada: O MDB temendo nova derrota eleitoral em 1974, como aquela sofrida em 1970, não se arriscou a lançar seus líderes mais importantes como candidatos ao Senado Federal, colocando-os como candidatos à Câmara dos Deputados onde a eleição era menos disputada. Assim, Ulisses Guimarães não se candidatou ao Senado, nem Tancredo Neves, nem Thales Ramalho, abrindo espaço para jovens políticos como o prefeito de Campinas Orestes Quércia, o prefeito de Juiz de Fora Itamar Franco e o também jovem Marcos Freire, que acabaram sendo eleitos senadores por São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco respectivamente. Em 1974, o MDB elegeu 17 senadores e a ARENA apenas 6, estando em disputa, apenas uma vaga de senador em cada estado.
Para as eleições de 1974, o presidente Geisel liberou os debates na televisão, e, em São Paulo, onde a televisão já atingia quase todos os municípios, o histórico debate entre Orestes Quércia e o candidato da ARENA ao Senado, o ex-governador Carvalho Pinto, tido como franco favorito, foi decisivo para a vitória do MDB.
Isso fez com que Geisel voltasse atrás, e, pela Lei Falcão, (lei nº 6.339, de 1 de julho de 1976), nas eleições de 1978, os candidatos podiam apenas apresentar sua fotografia na televisão. O MDB teve a maioria dos votos em 1978, mas continuou em minoria no Congresso Nacional, especialmente pela força que a ARENA tinha nos pequenos municípios. Isto fez com que o MDB, (chamado, depois de 1980, de PMDB), usasse, a partir de então, a estratégia de atrair arenistas para seus quadros. Assim, em 1982, o PMDB venceu a eleição para governador de Minas Gerais por ter tido como vice na chapa de Tancredo Neves, o ex-arenista Hélio Garcia, profundo conhecedor das pequenas cidades mineiras.
“Essa força da ARENA nos pequenos municípios levou o então presidente nacional do partido, Francelino Pereira, a classificar a ARENA como "o maior partido político do ocidente", e levou Tancredo Neves a chamar os pequenos municípios onde a ARENA sempre ganhava de "grotões".”
A Década de 80 então abre novas perspectivas para as Cidades Estâncias e, em Caxambu numa virada espetacular a oposição elege por voto direto pela Sigla do PMDB, o seu primeiro prefeito eleito, após 64: Isaac Rosental.
Um comerciante local de tradicional família de músicos antes de ser Eleito Prefeito sob aos palanques da cidade, quando na época contávamos com a presença de 05 Senadores da República, Governador de Estado, 20 deputados federais e, inúmeros outros estaduais, além de mais de 30 prefeitos da região.
Comício memorável aquele realizado pelo PMDB, no bairro do Caxambu/Velho: O Senador Itamar Franco, Renan Tito, Alfredo Campos, o Deputado Pimenta da Veiga, o saudoso Ferraz Caldas (já eleito pelo antigo MDB como Deputado Estadual) e tantos outros.
Do outro lado, a situação armava palanque na Praça Alfredo Pinto, na lateral da Igreja Matriz e contava no Palanque com a presença de Aureliano Chaves (vice-presidente), Francelino Pereira (Ex-governador), Eliseu Resende (DNER), Murilo Badaró (Senador Biônico), além de inúmeros deputados federais e estaduais, bem como de diretores e chefes de repartições públicas federais e estaduais.
Aquilo era uma Batalha, mas, a Guerra nos venceríamos com a eleição de Isaac Rosental, a prefeito da cidade, em 1985.
Três anos em Trinta mudamos a cara da cidade.
Calçaram-se ruas e bairros, cuidou-se do transporte coletivo com ônibus circular servindo todos os bairros, expandiu a rede de iluminação pública levando-se Luz a lugares antes no apagão, desapropriamos inúmeros imóveis para construção de escolas, ruas e avenidas.
O Parque das Águas foi revitalizado e a Copasa dotou a cidade de água e esgoto em praticamente todos os bairros (controle de doenças e endemias), o índice de qualidade de vida deu um Salto, a mortalidade infantil reduziu em 70% e a frequência escolar dobrou.
Construíram-se casas populares para a população de baixa renda e o cidadão cxambuense cultuava orgulho de sua cidade.
Inúmeras festas e acontecimentos culturais.
A cidade recebeu mais de 10 Reitores de Universidades e médicos para o Redescobrimento de Nossas Águas Minerais e o Renascimento do Termalismo. Inúmeras palestras e mesas-redondas no IV ENCONTRO A FORÇA DAS ÁGUAS, em 1987, com o apoio da Sociedade Brasileira de Termalismo - SBT deram novo alento ao estudo e pratica a Crenoterápia (Cronologia – ciência que estuda a aplicação terapêutica das Águas Minerais).
Em seu aniversário a cidade recebeu com emoção a Esquadrilha da Fumaça e seus Aviões Tucanos, a Banda dos Fuzileiros Navais e Shows memoráveis com a presença do Kid Abelha, Erasmo Carlos, Titãs e tantos outros artistas de renome internacional.
Caxambu respirava confiança e alegria, quando os filhos da terra voltavam à cidade tinham orgulho dela.
Tudo era festa e desenvolvimento.
Ser Caxambuense era orgulho de muitos.
Depois, Isaac elegeu seu Sucessor e Marcus Gadben ancorado pelo Governador Newton Cardoso e o Secretário de Estado Maurício Guedes realizaram o Sonho de construção da Avenida Beira Bengo, acalentado por anos e anos.
No primeiro mandato Marcus Gadbem soube dar continuidade ao surto de progresso que a cidade respirava naqueles dias.
Verdade que podem ter ocorrido erros, mas nenhum deles supera o Progresso e o surto de desenvolvimento real, que a cidade experimentou em Duas Décadas de franco progresso.
Hoje os tempos mudaram.
Vivemos um novo tempo, cujo fantasma da Crise espanta a Esperança de Todos.
Porém, plagiando o poeta chileno Pablo Neruda olhemos no retrovisor do Tempo e concordemos com ele:
CONFESSO QUE VIVI!
(Fonte de Consultas Históricas : Wikipédia, a enciclopédia da Net)