Paulo Roberto Guimarães Moreira |
Essa preparação para defender, mais uma vez, as pessoas com deficiência (começando por mim mesmo), está me custando caro, pois tem me roubado um tempo precioso de meditação e de minha vida religiosa, em geral. Quem está fazendo Kriya Yoga sabe o que eu estou dizendo. Mas, por outro lado, é uma terapia, um exercício mental, emocional e físico, para quem está envelhecendo, paraplégico, com diabetes e já com problemas de memória.
Vamos a minha história propriamente dita com o Yogananda. Minha saúde estava débil. Eu não tinha energia para nada. Lesados medulares têm infecções urinárias crônicas. Imaginem o que significa décadas de infecções sucessivas, crônicas e agudas? Pedi a Deus, implorei, creio, que me ajudasse, ou, então, não teria mais forças para viver. Um dia apareceu no jornal um curso sobre urino terapia. Percebi que era isso que Deus havia me mandado. E disse comigo mesmo: - Sou tão maluco que se esse Professor me convencer que bebendo minha urina eu vou melhorar, eu a beberei. Mas, durante os três dias de curso, eu estava tão mal que fiquei na cama. Só depois, entrei em contato com o jornal e achei o Professor Hiroshi. Conversei com ele, que já me conhecia, por uma matéria sobre meu trabalho com Florais de Bach. Ele me orientou. Tomei minha urina e inaugurei uma nova fase na minha saúde. Hiroshi me falou do livro: “Autobiografia de Um Iogue”. Eu li, mas meu contato com Yogananda não se tornou sistemático. Ficou forte na minha mente a figura de Babaji. Toda vez que a coisa apertava eu mentalizava o retrato de Babaji e pedia. Até que após a urino terapia veio o segundo milagre: a lavagem da bexiga com soro fisiológico e água oxigenada a 20 a 30%. Estava inaugurada a outra fase saudável na minha vida. Eu cursava uma pós graduação, curso preparatório para concurso público, no ano de 2009. Na Loja Alvorada, da Sociedade Teosófica se estudava o livro “Autobiografia de Um Iogue” de Yogananda. Deu-me muita vontade de ir lá, mas, eu não podia, por causa das aulas. Terminadas as aulas eu fui à última reunião do ano de 2009. Vejam o que aconteceu. Cada participante teria que contar sua experiência de ter lido aquele livro. Eu era um dos últimos a falar, num universo, de aproximadamente 16 pessoas. Emocionei-me fortemente e com o tempo passando e o pensamento de que minha vida estava na mão daqueles mestres, especialmente de Babaji, a quem eu mais pedia por saúde, passei a praticamente chorar. Aquilo me tocou fundo no coração e na mente. Não poderia ser uma coisa normal. Deu-me uma vontade desesperada de reler aquele livro, naquela noite. Mas, eu pensava: - A biblioteca está fechada, a livraria também. Todas as livrarias da cidade naquele momento estavam fechadas. Que enorme frustração não poder ler um livro que emprestei junto com o “A Eterna Busca do Homem”. Finda a reunião, um amigo (Rogério), espontaneamente, me disse: “Quer esse livro para você? Está riscado, mas dá para ler”. Eu lhe respondi: - Esse é o melhor presente que recebi na minha vida. E voltei a chorar. Agarrei-me àquele livro. Fui a Self-Realization Fellowship e passei a ser um assíduo freqüentador e participante. Passei a comprar e a doar livros de lá avidamente. Hoje mesmo (31/12/10) darei: “A Yoga de Jesus” de presente. Percebi que eu havia recebido um chamado, ou que os meus chamados desesperados tinham sido atingidos.
Eu tive grandes dores na vida: ficar paraplégico (ter perdido o movimento das pernas, ter ficado com o intestino e principalmente a bexiga com dificuldade de funcionamento, infecções crônicas durante 40 anos, falta de sensação do orgasmo, preconceitos e muito mais), dificuldades na família e no trabalho. Mas, de todas as dores a mais insuportável foi ter aberto mão da pensão que meu pai deixou para mim. Sem entrar em detalhes, essa culpa, esse arrependimento, me levaram a Deus e me levam sempre a ele. Descobri que nada mais me interessa de fato nesse mundo para usufruir. Descobri que a felicidade verdadeira só pode vir de Deus. O amor que tenho pela minha filha um dia terei por todos. Mas, só Deus me dará isso.
Estou fazendo um curso de Direito, que agora entra no terceiro semestre. É uma espécie de exercício físico, mental e emocional. Mas, me toma tempo de mais. Vou cuidar da saúde que demanda muito tempo. Queria eu ter forças de desapego para dedicar o tempo que me resta nessa vida a Deus somente. Conto com ele para me ajudar também nisso. Por esses motivos quero receber a Kriya Yoga. Tecnicamente, talvez, eu não esteja tão preparado e não esteja jamais, mas psicologicamente e espiritualmente, sinto que estou. Se os Senhores da Self-Realization Felloship assim o entenderem, ótimo, se não terei que aceitar e continuar me exercitando até conseguir. Peço permissão para publicar esse documento que acabo de escrever num pequeno jornal do interior do país e num blog e dou autorização para usá-los se quiserem. Muito obrigado. Jay Guru.
Brasília, 31 de dezembro de 2010
Paulo Roberto Guimarães Moreira