Cada voto nas capitais custa em média R$ 39
Em Belo Horizonte, onde os candidatos a
prefeito declararam expectativa de gastos de pouco mais de R$ 60
milhões, valor chega a R$ 32,63 por eleitor
Foto meramente ilustrativa |
Juliana Cipriani /Isabella Souto
Em tempos de cifras milionárias nas campanhas eleitorais, o voto para prefeito está inflacionado e o custo pode ser mais alto que aquele necessário para eleger governador ou presidente da República. O gasto previsto pelos 193 candidatos nas 26 capitais brasileiras é de R$ 1,2 bilhão, o que dá uma média de R$ 39,66 para conquistar cada um dos 30,2 milhões de eleitores dessas cidades. No comparativo entre elas, o custo de cada voto vai variar de R$ 10,64 a R$ 184,43 – valores para quem quiser chegar ao poder no Rio de Janeiro e em Palmas, respectivamente. Para ter uma ideia, nas eleições de 2010 foram necessários R$ 3,96 para chegar ao governo do Rio e R$ 6,30 para o de Minas Gerais. O voto mais caro na ocasião foi do eleitor de Roraima: R$ 112,10.
O cálculo do custo do voto é feito dividindo o valor dos gastos declarado pelos candidatos à Justiça Eleitoral pelo número de eleitores. Na capital do Tocantins, os sete candidatos a prefeito estimam um gasto de R$ 28,2 milhões para chegar ao poder – dos quais R$ 10 milhões sairão da campanha de Marcelo Lelis (PV) e R$ 5 milhões de Carlos Amastha (PP) e Luana Ribeiro (PR), cada um. Com apenas 150.456 eleitores – o menor colégio eleitoral entre as capitais brasileiras –, o custo do voto ultrapassa R$ 180.
Já São Paulo lidera o ranking de gastos previstos pelos 12 postulantes a prefeito (R$ 341,5 milhões), mas por ter o maior número de eleitores do país – mais de 8,6 milhões – tem um voto avaliado em R$ 39,64, 18º colocado na lista das capitais. Os mais ricos na campanha são José Serra (PSDB), com R$ 98 milhões, seguido pelo principal adversário, Fernando Haddad (PT), que pretende gastar R$ 90 milhões. Os oito candidatos a prefeito do Rio de Janeiro pretendem gastar R$ 50,25 milhões para conquistar o voto dos 4,7 milhões de eleitores, uma média de pouco mais de R$ 10.
Na capital mineira, o custo do voto chega a R$ 32,63 – a quinta capital mais barata da corrida eleitoral. Os sete inscritos nestas eleições pretendem gastar R$ 60,7 milhões até outubro, quando tentarão conquistar os quase 1,9 milhão de eleitores da capital mineira. O prefeito Marcio Lacerda (PSB), que tenta a reeleição, é o responsável por mais da metade dos gastos previsto: R$ 35 milhões. O petista Patrus Ananias, com quem polariza a disputa, prevê uma despesa de R$ 20 milhões. Entre os nanicos, Tadeu Martins (PPL) é quem declarou que vai ter mais gastos nestas eleições, R$ 3 milhões.
Presidente
A disputa pelas prefeituras chega a ser relativamente mais cara até mesmo que a Presidência da República. Para se tornar a primeira mulher eleita para o Palácio do Planalto, Dilma Rousseff (PT) gastou R$ 1,15 por cada voto. Na ocasião, o partido dela previu um gasto de R$ 157 milhões e conquistou R$ 47,6 milhões de brasileiros. José Serra (PSDB) aplicou um pouco mais que sua adversária: R$ 1,32, que resultou no voto de 33,1 milhões de eleitores. Já a campanha da terceira colocada na disputa, Marina Silva (PV), teve um custo de R$ 0,66. Ela obteve o voto de 19,6 milhões de brasileiros. Somados os gastos informados pelos três, as eleições presidenciais custaram R$ 427 milhões, um custo de pouco mais de R$ 3 para cada um dos 135,8 milhões de brasileiros aptos a votar na ocasião.
De acordo com o analista político Gaudêncio Torquato, os custos das campanhas ficaram mais caros. São gastos com marketing, logística, aluguel de carros, cabos eleitorais, imóveis, e outros itens. “Uma produtora boa em São Paulo não vai cobrar menos de R$ 20 milhões para fazer uma campanha”, disse. Sobre as diferenças de preços, o cientista afirma que quanto menor a cidade maior o custo do voto proporcionalmente, já que com menos eleitores por candidatos, é preciso um esforço maior para se eleger. “Quanto maior a densidade eleitoral, menor o valor que se gasta. Na eleição passada, por exemplo, em Guarulhos os candidatos pretendiam gastar quatro vezes mais do que os de São Paulo capital”, exemplifica. A boa fase da economia, segundo o professor, ajuda a elevar a expectativa de custos.
Gastos com urnas
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou que vai gastar R$ 129 milhões para preparar e fazer a manutenção das urnas eletrônicas que serão utilizadas em 437 mil seções eleitorais nos 5.568 municípios do país. O consórcio vencedor da licitação feita pelo tribunal, formado por quatro empresas, será responsável pelo recrutamento, contratação e treinamento de cerca de 14 mil profissionais que darão suporte técnico-operacional durante as eleições de outubro. Segundo o TSE, pelo contrato, o consórcio ficará responsável, entre outras coisas, pela carga das baterias internas e de reserva das urnas; realização de testes dos componentes eletrônicos de todas as urnas; limpeza, retirada de lacres, testes funcionais, triagem para manutenção corretiva e preparo para armazenamento das urnas eletrônicas.
Fonte Estado de Minas