sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Poesias de Lully Piva
Berenice
Era Maria que amava José.
Era José que queria Maria, mas como queria outro alguém...
Eu na verdade estaria sem dono ao ficar com José que amava João e o fazia de cão.
João o queria como dono e o desejo se tornava forte.
Sentia o abandono em todo ser e assim o fazia desfalecer.
Ah queria gemer e entregar-me ao prazer.
Ah!
Um, dois, três e você.
Como queria ter você e te dominar em um único dia, me sentir sem dono, vencer a dor, o sono e qualquer coisa que pudesse impedir o sexo acontecer.
Queria algo libertário, mas como vou ter se Maria ama José e José não quer Maria e eu sou louca e fico ainda mais louca quando penso em Maria.
Maria se escreve assim M de menina doce mais o A de atrevida juntamente ao R de raiva que sinto, I das igrejas que freqüenta e também ingrata. A de avassaladora essa que passa com as pernas a mostra todas as vezes que vem a feira.
Pega cuidadosamente as maças, escolhe os tomates e nunca esquece as uvas frescas.
Nem sempre tenho um bom motivo para começar o assunto, mas sempre procuro ajudar nas frutas e carregar as sacolas que suas mãos lisas não suportaria o peso.
No caminho ela vai me falando das revistas que quer comprar na banca e das sandálias altas que coloca para sambar...
Coisas de mulherzinhas! (eu pensei) Mesmo aquele assunto não sendo o que eu domino continuo para vê-la terminar cada frase com aquele leve sorriso no canto do rosto.
Me derreto toda com esse momento tão pequeno que participo com ela todas as manhãs.
As maças eu não provo, tomates não sou fã, as uvas nem sempre chegam frescas e Maria tão pouco me merecia.
Uma das frutas que não provo, morro por saber o gosto e sentir o sabor amargo.
Por :
Lully Piva