CAXAMBU PERDE SEU POETA MAIOR
Recebo informações que faleceu , hoje, pela manhã o poeta Eustáquio Gorgone. Uma perda irreparável à Literatura Poética da cidade e do Sul de Minas.
Fica na lembrança a força de seu verso forte e coerente:
Eustáquio Gorgone de Oliveira
Abril 1949 - Março 2012
Eu canto meus amigos em tres tons...
No acorde do tempo,que conta as histórias...
No acorde da intensidade, que pauta os momentos...
E no acorde da admiração, que rege o talento nem sempre visível, de cada um...
O tempo brinca de vida e morte todo dia, conta as histórias e as vezes nos deixa esquecê-las...
A força do momento fala do que se viveu...
Tudo!
E a linha que brilha os olhos, nos faz melhores pra um amanhã, quem sabe!
...
Quando um amigo se vai, seja pra longe ou pra sempre;
morre um pouco de mim junto...
Morre o tempo...
Morre a intensidade!
Só não se vai junto a admiração!
Essa, permito-me guardá-la comigo... Junto às lembranças!
Junto as linhas escritas, e as vontades inacabadas!
Tenho um arquivo delas!
Vez por outra me escondo ali, e brinco de ser feliz;
com meus amigos eternos!
Sua obra assim como sua alma, é eterna meu amigo!
"A luz já não existe,
nem flores para oferendas.
Só janelas hospedando sombras.
Há pouco havia telas de alvaiade,
tomos dourados.
Agora penumbras conferenciam suas heranças.
Várias estrelas perdem as coortes em carvoarias.
E vênus surge no horizonte,
incinerada"
Recebo informações que faleceu , hoje, pela manhã o poeta Eustáquio Gorgone. Uma perda irreparável à Literatura Poética da cidade e do Sul de Minas.
Fica na lembrança a força de seu verso forte e coerente:
Eustáquio Gorgone de Oliveira
Abril 1949 - Março 2012
Eu canto meus amigos em tres tons...
No acorde do tempo,que conta as histórias...
No acorde da intensidade, que pauta os momentos...
E no acorde da admiração, que rege o talento nem sempre visível, de cada um...
O tempo brinca de vida e morte todo dia, conta as histórias e as vezes nos deixa esquecê-las...
A força do momento fala do que se viveu...
Tudo!
E a linha que brilha os olhos, nos faz melhores pra um amanhã, quem sabe!
...
Quando um amigo se vai, seja pra longe ou pra sempre;
morre um pouco de mim junto...
Morre o tempo...
Morre a intensidade!
Só não se vai junto a admiração!
Essa, permito-me guardá-la comigo... Junto às lembranças!
Junto as linhas escritas, e as vontades inacabadas!
Tenho um arquivo delas!
Vez por outra me escondo ali, e brinco de ser feliz;
com meus amigos eternos!
Sua obra assim como sua alma, é eterna meu amigo!
"A luz já não existe,
nem flores para oferendas.
Só janelas hospedando sombras.
Há pouco havia telas de alvaiade,
tomos dourados.
Agora penumbras conferenciam suas heranças.
Várias estrelas perdem as coortes em carvoarias.
E vênus surge no horizonte,
incinerada"
Passagem da orfandade - 1999
Por José Celestino Teixeira
AMOR METÁLICO
NOVOS POEMAS
Não me aterroriza a tua falta
mas o vazio das palavras.
Da ausência posso retirar imagens
e pôr nos carretéis
os abraços.
Das palavras, tudo é em vão.
Um pássaro doente, voando,
diz mais do que eu.
Por isso tua ausência
é o eclipse menor.
Ela pouco me fere.
É uma cidade inteira
que, imóvel, me persegue.
As palavras, sim, inflamam o corte.
As pedras não indagam.
No silêncio, guardam definições.
Sem a pegajosa angústia,
o tempo passa por elas.
Os sinais das chaminés
cristalizam nosso inverno.
Cada qual em seu bridão,
enredamos a vida com palavras.
Extraídos da antologia OIRO DE MINAS a nova poesia das GERAIS. Seleção de Prisca Agustoni. S. l.: Pasárgada; Ardósia, 2007.
EUSTÁQUIO GORGONE DE OLIVEIRA
Nasceu em Caxambu, Minas Gerais em abril de 1949. Licenciado em Letras
e Pedagogia, sua obra poética encontra-se publicada em diversas
revistas e jornais do país e distribuída por onze livros.
Participou da Antologia da nova poesia brasileira, organizada por Olga
Savary, bem como da edição especialmente dedicada ao Brasil pela International Poetry review,
publicada pela Universidade da Carolina do Norte (USA). Recentemente
sua poesia foi incluída na coletânea A poesia mineira do século XX,
organizada por Assis Brasil.
Tanto reproduz alguns trechos de PASSAGEM NA ORFANDADE, que em 1998
obteve menção honrosa no "Prêmio Cruz e Souza de Literatura".
Fonte: http://www.tanto.com.br/Eustaquio.htm
Fonte: http://www.tanto.com.br/Eustaquio.htm
3
Os homens se ajeitam nos ofícios
como os corpos nas exéquias.
Em suas casas acendem círios
em brilhantes aparelhos.
E no sono a roca persiste.
Ah! Amoráveis pessegueiros,
folhas amarelas e marcescíveis.
Para os homens o céu de julho
é o mesmo céu de dezembro.
Todos em glebas se acomodam
e nada colhem dos labores.
como os corpos nas exéquias.
Em suas casas acendem círios
em brilhantes aparelhos.
E no sono a roca persiste.
Ah! Amoráveis pessegueiros,
folhas amarelas e marcescíveis.
Para os homens o céu de julho
é o mesmo céu de dezembro.
Todos em glebas se acomodam
e nada colhem dos labores.
From: HELICOPTERO, V.3-4,
2000, Eugene, Oregon, EE.UU. (The newspapers directors are professors
of the Romance Dept. Languages, University of Oregon.)
a poesia vai sendo assim
escrita, caro-santo no
estômago. Aos poucos,
outra luz na noite,
azul que costura no corpo
das crianças. Em glebas,
os fonemas se encontram,
os amargos e os mai doces.
A poesia vai sendo assim
escrita. Enquanto
houver tardes, âmbulas,
cada palavra será guardada
em óleos santos.
escrita, caro-santo no
estômago. Aos poucos,
outra luz na noite,
azul que costura no corpo
das crianças. Em glebas,
os fonemas se encontram,
os amargos e os mai doces.
A poesia vai sendo assim
escrita. Enquanto
houver tardes, âmbulas,
cada palavra será guardada
em óleos santos.
AMOR METÁLICO
Sei que quando te amo
não há falsos sudários
e
estrela maiores do céu
amamentam as pequenas
e
anjos regentes do mundo
desfazem a programada via-sacra
e
os sonhos-assaltantes se capitulam
como dois mosteiros vazios
e
a pia batismal purifica
o desejo vindo do corpo
e
santos refazem os milagres
devorados pelo tempo
e
os cabelos sobem no barco
que desce entre os espermas.
não há falsos sudários
e
estrela maiores do céu
amamentam as pequenas
e
anjos regentes do mundo
desfazem a programada via-sacra
e
os sonhos-assaltantes se capitulam
como dois mosteiros vazios
e
a pia batismal purifica
o desejo vindo do corpo
e
santos refazem os milagres
devorados pelo tempo
e
os cabelos sobem no barco
que desce entre os espermas.
NOVOS POEMAS
Não me aterroriza a tua falta
mas o vazio das palavras.
Da ausência posso retirar imagens
e pôr nos carretéis
os abraços.
Das palavras, tudo é em vão.
Um pássaro doente, voando,
diz mais do que eu.
Por isso tua ausência
é o eclipse menor.
Ela pouco me fere.
É uma cidade inteira
que, imóvel, me persegue.
As palavras, sim, inflamam o corte.
As pedras não indagam.
No silêncio, guardam definições.
Sem a pegajosa angústia,
o tempo passa por elas.
Os sinais das chaminés
cristalizam nosso inverno.
Cada qual em seu bridão,
enredamos a vida com palavras.
Extraídos da antologia OIRO DE MINAS a nova poesia das GERAIS. Seleção de Prisca Agustoni. S. l.: Pasárgada; Ardósia, 2007.
Fonte: Antonio Miranda