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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Campanha na internet ajuda catador de latinha furtado em Cabo Frio, no RJ
Organizadora de MG viajou 580 quilômetros para conhecer Marinô.
Parte do material comprado com o dinheiro do furto está sendo devolvida.

Tomás BaggioDo G1 Região dos Lagos

Geladeira, mesa e cadeiras comprados com o dinheiro do furto estão na casa de Marinô (Foto: Tomás Baggio/G1)Geladeira, mesa e cadeiras comprados com o dinheiro do furto estão com Marinô (Foto: Tomás Baggio/G1)
Uma campanha solidária organizada pela internet poderá aliviar a situação do homem que juntou R$ 28 mil em dez anos de trabalho e acabou sendo furtado dentro de casa em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio. Ao conhecer a história de Marinô Pascoal de Melo, catador de latinhas que guardava o dinheiro em uma mochila no armário do quarto, a editora de livros Fabiana Andrade, moradora de Baependi, MG, criou uma campanha pela internet para recuperar a quantia que seria usada na compra de uma casa. Mas a ajuda à distância não foi suficiente para Fabiana, que viajou 580 quilômetros para se encontrar com Marinô e a família dele neste domingo (25).
"Eu fiquei muito comovida ao ler a reportagem no G1 contando a história dele. É triste ver um trabalho de dez anos sendo perdido dessa forma. Mesmo antes de conhecer o Marinô pessoalmente, eu vi nele uma pessoa com força de vontade, que com todas as dificuldades juntou o seu dinheiro trabalhando honestamente. Por isso eu fiz questão de vir conhecer a família, inclusive para mostrar que a campanha é séria também", diz Fabiana.
No encontro, Fabiana explicou como funciona a arrecadação pela internet e colheu os dados da conta bancária de Marinô para onde o dinheiro será transferido. Segundo o site da campanha, até este domingo foram arrecadados R$ 2.590, ou 9,25% do total pretendido. Outros R$ 2.202 estão pendentes de confirmação.
"As doações estão chegando de várias partes do Brasil e também de fora do país, de lugares como Dubai e Inglaterra. O objetivo é chegar o mais próximo possível do valor necessário para ele conseguir comprar a casa que queria. O site que organiza a vaquinha libera o dinheiro a cada 15 dias diretamente para a conta informada. Mas outras pessoas estão preferindo doar diretamente na conta bancária do Marinô. O importane é que ele possa ter o dinheiro de volta", declara a organizadora da campanha.
Fabiana (esquerda) viajou 580 quilômetros para conhecer Dona Neide e Marinô (Foto: Tomás Baggio/G1)Fabiana (esquerda) viajou 580 quilômetros para
ver Dona Neide e Marinô (Foto: Tomás Baggio/G1)
Para Marinô e a mãe dele, Neide Pascoal de Melo, a ajuda é muito bem vinda. Dona Neide agradece a mobilização e o carinho que eles receberam nos últimos dias. "Foi uma situação muito triste, mas pelo menos a gente está vendo um monte de gente querendo ajudar. Estamos recebendo visitas o tempo todo, a casa sempre cheia. E agora não vamos mais cometer esse erro de guardar o dinheiro em casa. Já ativamos a poupança do Marinô, ele está sendo alfabetizado, já sabe assinar o nome dele, e só vamos guardar dinheiro no banco agora", diz a mãe, que é legalmente responsável pela conta bancária do filho. "Agora eu vou ter que ir no banco e aprender tudo", confirma Marinô.
Produtos comprados com dinheiro do furto são devolvidos
Não bastasse a surpresa de encontrar vazia a mochila onde o dinheiro ficava guardado dentro do armário, as investigações da 126ª DP (Cabo Frio) apontaram duas sobrinhas de Marinô, de 13 e 14 anos, acompanhadas de uma amiga de 14 e da mãe da amiga, identificada como Marcely, como responsáveis pelo furto. A notícia caiu como uma bomba na casa de Dona Neide.
"A minha filha, mãe das meninas, está em depressão e não quer sair de casa. Até perdeu o emprego porque não consegue mais ir trabalhar", diz a matriarca sobre o choque da notícia do envolvimento de duas netas.
  • As doações estão chegando também de fora do país, como Dubai e Inglaterra"
 
Durante a semana, parte do material comprado com o dinheiro do furto começou a ser destinado pela polícia à família. Entre os ítens recebidos estão uma geladeira, uma mesa com quatro cadeiras, uma televisão e uma cama box de casal. O material será vendido para ajudar a recuperar o dinheiro.
"As duas sobrinhas descobriram que ele tinha o dinheiro e começaram a furtá-lo aos poucos. Elas envolveram uma amiga, e posteriormente a mãe dessa amiga descobriu tudo. Só que ela incentivou o crime e as meninas continuaram furtando até a vítima descobrir", explicou o delegado Luiz Cláudio Cruz, acrescentando que as menores poderão responder por furto, enquanto Marcely será acusada de corrupção de menores. Todas elas prestaram depoimento e foram liberadas.

Do G1