IBOPE: brasileiro quer cuidar do lixo,
mas não é atendido
A
menos de dois anos do prazo final para a implementação da coleta seletiva e
para o fim dos lixões em todo o país, pesquisa inédita do Ibope revela uma
situação curiosa: a população brasileira quer cuidar melhor de seu lixo, mas
não é atendida pelos governos. O estudo, encomendado pelo WWF-Brasil no âmbito
do Programa Água Brasil, foi divulgado na manhã desta quarta-feira (28),
durante a Expocatadores, que vai até sexta-feira (30), em São Paulo. O Programa
Água Brasil, concebido pelo Banco do Brasil, é desenvolvido em parceria com
Fundação Banco do Brasil, WWF Brasil e Agência Nacional de Águas (ANA).
A
pesquisa revelou que a maioria da população (64%) não é atendida pela coleta
seletiva e 1% não sabe o que é isso. De acordo com o estudo, entre os 35% da
população que são atendidos pela coleta seletiva, em apenas metade dos casos o
serviço é prestado pela prefeitura. A outra metade é informal, prestada por
catadores de rua, cooperativas ou associações ou entregues em pontos de coleta
voluntária.
Entre
aqueles que não contam com serviço de coleta seletiva, a disposição para
separar materiais é alta: 85% se dizem dispostos a separar o lixo em casa se
tiverem coleta seletiva ou ponto de entrega voluntária.
De
outro lado, a pesquisa também mostra que a população não quer pagar para ter o
serviço. A maioria – 65% - é contra a cobrança da taxa do lixo.
O
estudo revela, ainda, desconhecimento dos brasileiros em relação ao destino dos
resíduos. Uma em cada três pessoas não faz ideia para onde vai o lixo produzido
em sua casa. A consciência sobre resíduos prejudiciais para meio ambiente ainda
é desigual: Pilhas e baterias são os mais conhecidos.
Disposição para a mudança
Apesar
do desconhecimento, a disposição para adotar comportamento sustentável é alta:
41% dos entrevistados se dizem dispostos a adotar os três erres (reduzir,
reusar e reciclar). E um em cada três entrevistados está disposto a abrir mão
de produtos, ainda que com prejuízo da comodidade, e a exigir dos fabricantes
solução para os impactos ambientais dos produtos.
De
acordo com o coordenador do Programa Educação para Sociedades Sustentáveis do
WWF-Brasil, Fábio Cidrin, o desafio para a implementação da Política Nacional
de Resíduos Sólidos “é muito grande”. Ele lembrou que, a menos de dois anos
para o prazo final para municípios terminarem com os lixões e implementarem a
coleta seletiva, não há sinais de que as metas serão cumpridas.
O
presidente da Fundação Banco do Brasil, Jorge Streit, lembrou que o Programa
Água Brasil atua em cinco cidades brasileiras para desenvolver tecnologias e
experiências que possam ser replicadas para todo o país. E observou que a
pesquisa tem grande importância para o programa na medida em que estuda, além
do descarte, os hábitos de consumo da população – justamente o ponto onde
começa a geração de resíduo.
Veja aqui a pesquisa
Fonte: Coordenadoria da Bacia do Rio Grande