REALIZADOS NO BRASIL
Paulo Roberto Guimarães Moreira *
O Brasil está construindo estádios para a Copa do Mundo de Futebol. Isto já representa um grande esforço para um país. Restarão dois anos após a Copa para o país se preparar para as Olimpíadas e as Paraolimpíadas. Sou Economista e fui atleta paralímpico por dez anos. Conheço o ambiente internacional dos jogos em cadeira de rodas pelo menos. E tenho noção do que seja um grande empreendimento econômico. Estou fazendo o possível para ficar otimista, mas não consigo. Tomo florais de Bach e quem sabe vou visualizar que o Brasil tem muito a ganhar com esses empreendimentos.
A primeira coisa a
mudar seria a educação do povo, vou me incluir, a nossa educação. Bem, não há
mais tempo para isso. Mas, há tempo, pelo menos, para se prepara muitos
profissionais. Eu por exemplo, deveria estar estudando mais inglês do que já
estudei. Quem sabe espanhol, também. Francês falo sem sotaque, mas o
vocabulário é restrito, porque não pratico. Aprendi que quando se vai viajar é
necessário estudar a cultura local, isso compreende a língua, se possível. E
estou aprendendo que quando se vai receber isso também é válido. Quando
recebemos alguém na nossa casa não temos que nos preparar para recebê-lo?
O Brasil tem sua
alegria, seu improviso, sua dança, sua música, sua comida, uma linda geografia
e diversidade a oferecer para o visitante. Todos sabemos que não basta. Há que
se ter, por exemplo, pelo menos mais duas opções de comida: a internacional e a
vegetariana, hoje, também internacional. Outro exemplo é a preparação dos
hotéis para as pessoas com deficiência. Não basta, hoje, adaptar os hotéis para
pessoas com deficiências físicas. Há que preparar também para cegos e surdos
pelo menos. É bom alertar que os hotéis acham que estão adaptados para as
pessoas com deficiências físicas. Não estão. Há ainda os hoteleiros
irresponsáveis que acham que adaptar o hotel é colocar aquele símbolo de
acesso. Você entra no quarto com a cadeira de rodas e a porta do banheiro é
estreita! Há que se ter, também, profissionais suficientes para orientar os
hotéis. O governo federal, através da Ministra Maria do Rosário da Secretaria
dos Direitos Humanos da Presidência da República se comprometeu a enviar a
questão dos hotéis, em Brasília, quando da realização da 3ª Conferência
Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência ao Ministério Público. Porque
pessoas com deficiências físicas quase dormiram na rua. Foram dormir a 1 h 30
m, algumas às 3 h, não só por falta de quartos adaptados, que eram em número
mínimo, como em falta mesmo de quartos normais. Havia vários eventos em
Brasília, inclusive mais um, de pessoas com deficiência: “2º Salão de Negócios de Acessibilidade,
Reabilitação e Inclusão Social”, no Parque da Cidade. A logística é isso
também, saber o que está havendo na cidade na época de um evento. Essa
logística do Governo Federal e do CONADE, organizadores do primeiro evento
falhou nesse sentido apesar de ter realizado um excelente evento.
Conclusão: O Brasil precisa convocar os melhores profissionais do mundo e
do Brasil para realizar esses mega eventos em pauta. Há que se ter muita
humildade para tanto. E isso é para ontem, não há mais tempo a perder do que foi
perdido. As palavras e as ações estão com os responsáveis maiores por esses
eventos. Mas, isso não exclui a preocupação e, principalmente, a ocupação de
cada um de nós.
Brasília, 20 de dezembro de 2012
Paulo Roberto Guimarães Moreira foi assessor dos Ministros da Cultura Celso Furtado e Aloísio Pimenta para assuntos de cidadania e especificamente das pessoas com deficiência, no Governo Sarney. Assessorou também o Deputado Federal Constituinte Ivo Lech Presidente a Subcomissão dos Negros, Populações Indígenas, Pessoas Deficientes e Minorias e foi o não parlamentar que mais pronunciamentos fez na Constituinte.