CORAIS FORMADOS POR DETENTOS, SE APRESENTAM EM SÃO LOURENÇO
Cerca de cem detentos e detentas dos regimes fechado e semi-aberto, se apresentaram durante o II Encontro de Corais Penitenciários do Sul de Minas, realizado em São Lourenço, dia 14 último.
Eles integram nove corais e uma banda, todos de unidades prisionais de dez municípios da região: São Lourenço, Caxambu, Baependi, Campo Belo, Varginha, Três Corações, Três Pontas, Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí e Poços de Caldas.
O encontro fez uma homenagem ao Juíz da Vara Criminal da Comarca de São Lourenço, Dr. Fábio Garcia Macedo Filho, nome dado aos troféus entregues ás unidades participantes.
Os acordes familiares das músicas de Milton Nascimento, Luíz Gonzaga, Geraldo Vandré e outros renomados artistas brasileiros, puderam ser ouvidos de longe por quem passasse pelo centro de São Lourenço.
Para o organizador do encontro, e Coordenador Estadual de Musicalização da Superintendência de Atendimento ao Preso – SAPE / SUAPI, José Henrique Martins, as atividades culturais são um dos caminhos para se promover a ressocialização e a humanização da pena. “A arte da música transforma e, quando feita por detentos, mostra à sociedade que todos merecem uma segunda chance”, ressaltou.
O encontro mostrou que o sistema prisional também é um ambiente onde impera a arte e a cultura, avaliou o Superintendente de Atendimento ao Preso, Helil Bruzadelli, que representou a Subsecretaria de Administração Prisional no evento. “A musicalização dentro das unidades, ajuda a cativar os sentimentos dos detentos e a levar emoção para todos os envolvidos”, completou. Juizes, promotores e prefeitos dos municípios da região, além dos diretores gerais das unidades inscritas, também estiveram presentes.
DEPOIMENTO
Com os seus 28 anos vividos, Gilson Ambrozino de Jesus, já dedicou 18 á música. Baterista e arranjador profissional, já tocou em inúmeras bandas, e trabalhou com grandes artistas. “Um exemplo é Natália Pacheco, professora de canto lírico do Palácio das Artes, de Belo Horizonte”, relata entusiasmado. Atualmente, além das atividades que desenvolve no estúdio que mantém em São Lourenço, ele também participa do coral Grupo Vozes da Cela, do Presidio de São Lourenço, onde cumpre pena em regime semi-aberto desde fevereiro de 2012.
Independente do lugar, a música é funcional, defende Gilson, que também faz os arranjos do Coral do Presidio de São Lourenço e Caxambu. Ele conta que, ao entrar no sistema prisional, começou a dar aulas de teoria musical para outros detentos, dentro da cela, e ainda, escreveu o hino da escola que funciona na unidade onde cumpre pena. “Paredes e grades não prendem ninguém, pois é a mente que prende”, declara. “A música deixa meus pensamentos livres, então eu sou livre.”
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