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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

'Foi uma fatalidade', diz delegado sobre professor morto em tiroteio

A Polícia Civil de Pouso Alegre (MG) admitiu nesta terça-feira (25) a inocência do professor Silmar Madeira, de 31 anos, que foi morto após ser feito refém por assaltantes que explodiram caixas eletrônicos em Itamonte (MG). O Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic) já havia revelado nesta segunda-feira (24) que a vítima tinha sido usada como escudo por um dos criminosos. O professor foi baleado durante um tiroteio entre policiais e assaltantes, em uma ação que deixou nove pessoas mortas.
"Uma série de circunstâncias nos levaram à inocência do professor. Ele não portava colete à prova de balas e nem armas. Nós refizemos a caminhada dele naquela noite e vimos que ele passou por diversos lugares. Além disso, ele não tem antecedentes criminais", informou o delegado responsável pelo caso, João Euzébio Cruz.
Na noite do tiroteio, Silmar tinha ido até a casa da namorada, em Itamonte. O tio dela, que não quis se identificar, conta que os dois saíram naquele sábado (22). "Ela foi a última a sair com ele naquela noite. Eles estavam em um restaurante e chegaram em casa entre 1h30, 2h30. Ele a deixou no portão de casa e foi embora", afirma. Na ação realizada em Itamonte, testemunhas disseram que o professor foi rendido por um dos bandidos em fuga, que tomou o carro do professor e o levou como refém.
Polícia investiga morte de professorSilmar Madeira em Itamonte (MG) (Foto: Reprodução / EPTV)Professor foi morto durante tiroteio em Itamonte
(MG) (Foto: Reprodução / EPTV)
"Ele foi inserido na cena do crime de uma forma involuntária e, infelizmente na hora do tiroteio, não foi possível fazer essa distinção. Creio que foi uma fatalidade e um tremendo azar, tanto da parte dele, quanto da nossa", complementou o delegado.
O delegado Ruy Ferraz, que é responsável pela Divisão de Crimes Contra o Patrimônio do Deic, disse acreditar que o tiro que matou o professor foi dado por um criminoso, porque o buraco do ferimento estava nas costas do professor. Entretanto, ele ressaltou que apenas a perícia vai definir quem foi o responsável pelo disparo. João Euzébio também aguarda a perícia, mas acredita que o tiro que matou o professor foi disparado da arma de um policial.
"Estão sendo feitos exames, mas tudo indica que o disparo tenha sido da arma de um policial, já que ele estava do outro lado do confronto. Do mesmo jeito que os tiros saiam do carro, os policiais revidavam", disse.
João Euzébio acredita que nenhum criminoso ainda esteja na cidade, mas um helicóptero tem feito buscas na região. Segundo o delegado, ainda há membros da quadrilha a serem presos. Em Cambuquira (MG), um suspeito de ter envolvimento com o crime foi preso após receber atendimento médico. Ele foi levado para o Presídio de São Lourenço (MG).
Delegado de Pouso Alegre João Euzébio Cruz (Foto: Reprodução EPTV)Delegado João Euzébio Cruz diz que morte de professor foi fatalidade (Foto: Reprodução EPTV)
"A quadrilha não é formada somente pela linha de frente que vem até o palco da ação. Nós temos outros elementos que trabalham no planejamento, estruturação e serviço de inteligencia. Até agora não há suspeitos do Sul de Minas e o homem preso em Cambuquira continua sendo investigado", afirmou.
Família aliviada
Após confirmada a inocência de Silmar Madeira, a família do professor, que mora em Itanhandu (MG), ficou aliviada. "Pelo menos meu filho não ficou como bandido. Meu filho trabalhava em dois serviços. Graças a Deus ele era trabalhador", disse a mãe da vítima, Adélia Madeira. "Isso muda tudo, porque agora as filhas dele vão crescer e ir para a escola sabendo que o pai não era um bandido", desabafou a irmã Silvia Madeira Marques da Silva.
Mãe de professor morto em tiroteio em Itamonte (Foto: Reprodução EPTV)Mãe se sentiu aliviada após confirmação da
inocência do filho (Foto: Reprodução EPTV)
O professor dava aulas de técnicas em segurança do trabalho e também coordenava o curso técnico no Educandário São Francisco de Assis, em Itamonte, há 8 anos. Durante o dia ele trabalhava em Passa Quatro (MG) em uma empresa também de segurança do trabalho. Ele morava com os pais em Itanhandu e deixou duas filhas, uma de 6 anos e outra de 6 meses, que eram de outro relacionamento.
Na turma de segurança do trabalho, em Itamonte, a noite desta segunda-feira foi de orações ao invés de aula. Alunos e professores estavam emocionados com a morte de Silmar. "Ele era muito focado no trabalho. Era a vida dele", conta o designer Áthila Domingo Costa.
A coordenadora da escola, Lúcia Lopes, também lamentou a perda do colega de trabalho. "Esse é o pior momento que estou passando na escola. Porque além de professor, ele era um amigo", diz.
O corpo do professor foi sepultado na tarde de domingo (23), em Itanhandu.
Identificação dos mortos
A perícia da Polícia Civil identificou os corpos dos suspeitos mortos durante operação em Itamonte, quando a polícia rendeu a quadrilha que explodiu um caixa eletrônico na cidade. Dos nove mortos na operação, três eram de Mogi das Cruzes (SP), quatro de São Paulo (SP), um de Campinas (SP), e o professor de Itanhandu, feito refém durante a fuga dos criminosos e que morreu baleado.
Até esta segunda-feira, cinco corpos continuavam no IML de São Lourenço (MG) sem identificação. Todos foram liberados para os familiares. Um décimo suspeito, morto durante troca de tiros com a polícia quando tentava fugir pela Via Dutra, em São José dos Campos (SP), era de São José do Rio Preto (SP).
De acordo com o Capitão da Polícia Militar, Marcelo Borges, a segurança foi reforçada em toda a região à procura de suspeitos que ainda possam estar escondidos no Sul de Minas. "Não acredito que haja alguém escondido no matagal próximo a Itamonte, mas existe ainda a possibilidade de criminosos estarem escondidos na região, e o policiamento foi reforçado. Pedimos apoio da PM de São Lourenço, Pouso Alegre (MG) e Belo Horizonte (MG)", disse.
Seis pessoas detidas durante a operação no sábado (22) continuam presas, uma no Presídio de São Lourenço, quatro na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), e o sexto suspeito em São José dos Campos (SP).
Prisão em Cambuquira
Um suspeito de ter envolvimento com a quadrilha de assaltantes que trocou tiros com a polícia em Itamonte foi preso em Cambuquira (MG) no domingo.  Segundo a Polícia Civil, a Justiça determinou a prisão preventiva do homem de 26 anos para ampliar as investigações. A principal hipótese é de que ele estivesse em rota de fuga após a ação do último sábado, que terminou com a morte de nove pessoas.
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito deu entrada no hospital de Cambuquira, por volta das 9h de domingo, desorientado, exausto e com um ferimento no braço direito. Ele alegou à equipe médica que havia se envolvido em uma capotagem, mas não soube passar nenhum outro detalhe. Os funcionários do hospital ficaram desconfiados e chamaram a polícia. Após alguns exames preliminares, a conclusão foi de que os ferimentos, provavelmente causados por arma de fogo, não condiziam com a história contada pelo paciente.
Após atendimento médico, o homem foi levado para a Delegacia de Três Corações (MG), onde prestou depoimento. Natural de Miracema (RJ), o suspeito disse que sofreu um acidente em Caxambu (MG) enquanto ia para o trabalho, mas após investigação, foi constatado que não houve nenhum acidente no local. O suspeito, que tem várias passagens pela polícia e um mandado de prisão em aberto, foi encaminhado para o Presídio de São Lourenço (MG).
Policiais na frente de Presídio de São Lourenço, MG (Foto: Tarciso Silva / EPTV)Suspeito preso em Cambuquira foi levado para o Presídio de São Lourenço, MG (Foto: Tarciso Silva / EPTV)
Para o delegado responsável pelo caso, João Euzébio Cruz, de Pouso Alegre (MG), há fortes indícios de que o suspeito faz parte da quadrilha de assaltantes. "Ele não consegue explicar as razões de estar em Cambuquira. É um elemento completamente estranho na região e, por isso, está sendo investigado", afirma.
Segundo a Polícia Militar, homens em uma caminhonete prata teriam ido a um hotel de Cambuquira perguntando sobre o suspeito. O dono do hotel informou ao grupo que o homem tinha ido para o hospital com envolvimento da polícia. O bando foi embora após a informação.
Tiroteio via Dutra - São José dos Campos 3 (Foto: Reprodução/TV Vanguarda)Criminosos também se envolveram em tiroteio em
São José dos Campos 3 (Foto: Reprodução/
TV Vanguarda)
Prisão em São José dos Campos
Um suspeito foi morto e outro preso após fazerem um empresário de Itamonte refém durante uma tentativa de fuga no final da noite de domingo. Eles estariam escondidos na cidade após a ação policial na madrugada de sábado.
De acordo com os policiais, os criminosos renderam o empresário e o levaram de carro em direção a Caçapava (SP), quando foram perseguidos pela polícia. Já em São José dos Campos (SP) eles foram rendidos e durante uma troca de tiros, um dos suspeitos foi baleado e morreu. Um sargento da Polícia Militar também ficou ferido por dois disparos.
A vítima foi liberada e não ficou ferida. O outro suspeito foi detido. Durante a ação, os militares apreenderam um fuzil e um colete à prova de balas.
Tiroteio e mortes em Itamonte
Durante a madrugada de sábado, cerca de 200 policiais civis e militares renderam uma quadrilha que explodiu um banco e se preparava para explodir outros dois em Itamonte (MG). Ao todo, nove pessoas morreram e pelo menos cinco ficaram feridas, entre elas, cinco policiais civis.
Por volta das 2h, os criminosos explodiram caixas eletrônicos do Banco Bradesco e, durante a ação, foram cercados pelos policiais, que já tinham informações sobre a possibilidade do assalto. A quadrilha já era investigada havia pelo menos três meses.

Enquanto uma parte do grupo explodiu a outra agência, os outros integrantes ficaram em uma praça onde têm dois bancos, só que antes de detonar a dinamite, eles foram surpreendidos pela polícia. Os assaltantes estavam divididos em sete carros e, de acordo com a assessoria do governo do estado, eles pretendiam também dominar o pelotão da Polícia Militar de Itamonte e atacar ainda caixas eletrônicos em Itanhandu (MG). Durante a ação em Itamonte, foram apreendidos fuzis, espingardas calibre 12, pistolas, dinamites, munições e coletes à prova de bala. A informação da polícia é de que a quadrilha seja formada por pelo menos 20 pessoas. Quatro delas foram presas no local.
 Pelo menos nove criminosos foram mortos durante ação em Itamonte (MG) (Foto: HENRIQUE COSTA/CPN/ESTADÃO CONTEÚDO)Pelo menos nove criminosos foram mortos na ação
(Foto: Henrique Costa/CPN/ESTADÃO CONTEÚDO)
Um homem de 26 anos foi preso pela Polícia Civil de Mogi das Cruzes (SP) em um condomínio de luxo na cidade de Arujá (SP). Com ele, foram apreendidos uma moto, veículos e dinheiro manchado com tinta vermelha, proveniente do sistema de segurança dos caixas eletrônicos. Outro homem suspeito de integrar a quadrilha foi preso em Pindamonhangaba (SP).

Entre as pessoas mortas durante a operação em Itamonte, oito eram do Estado de São Paulo e um era de Itanhandu (MG). Três policiais civis foram atingidos por disparos feitos por fuzis. Eles foram socorridos em um helicóptero e levados para São Paulo (SP). Dois criminosos também ficaram feridos, foram internados e após receberem alta, foram levados para o Presídio de Pouso Alegre (MG). Já os corpos foram levados para os IML de São Lourenço (MG), Pouso Alegre (MG) e Itajubá(MG).
A Polícia Rodoviária Federal também apoiou a operação. Embora os policiais tenham cercado a cidade, alguns criminosos conseguiram fugir e, apesar das buscas feitas com helicópteros da Polícia Militar em matas próximas, não foram encontrados.
Fonte: CNN