O Conhecimento e o Futuro.
Como podemos ter um bom futuro?
Muito abordada é essa questão pelas pessoas hoje em dia. As
dificuldades do mundo moderno, os tantos problemas sociais, a violência, as desigualdades,
todas essas coisas fazem aí relevância em cada vida. Por conseqüência, existe
comumente a cobrança pela melhora, as pessoas querem ter uma vida descente,
elas querem ter um bom futuro. E é assim que os holofotes em busca do bom
futuro convergem muitas vezes na direção da educação. Com isso, na imprensa, nos
anúncios de governo ou nas questões corriqueiras de um cidadão qualquer que se possa
tomar na rua, a educação tem se tornado base tão presente como preocupação com
o futuro, e está mesmo tão relacionada com este, que pode causar vertigem aos
olhos dos que pensam ainda em separar uma coisa da outra.
É sabido que o bom futuro de uma sociedade depende da
educação que está dando para seus jovens atores, por isso, vemos que é necessário
ampliar o tratar da educação; para que haja uma sociedade livre, democrática e
igualitária, por exemplo, é necessário, antes de tudo, trazer a liberdade, a
democracia e a igualdade para a educação das pessoas.
Mas ainda assim, ficamos tão preocupados nessa ânsia de
projetar um futuro melhor que, sem nem saber direito, achamos que o que tem que
ser feito é basicamente sair montando escola por aí, colocando uma dúzia de
professores com algum enredo dentro, para daí pagá-los “razoavelmente bem”. Parece,
na verdade, que no senso de compreensão das pessoas, a escola quase se torna
uma “caixa mágica”, a qual deve reter em si, além do poder, também a função de
educar as peças que meramente entram dentro. E os professores, ou magos, que se
virem e que façam o “milagre” por lá... E, de uma forma ou de outra, ter o
acesso à escola basta para resolver os problemas.
Ironicamente, por tanta atenção com a própria condição da
educação, muitas vezes o seu próprio produto, ou objetivo, o conhecimento, acaba sendo deixado de lado...
Tudo bem, mas o quê desse tal de conhecimento? Sim, esse
conhecimento; essa espécie de “ar” a que se aspiram e inspiram as pessoas. Onde
ele entra nessa conversa?
Acho que uma definição e contextualização não cairiam mal...
Assim o conhecimento se sedimentou, firme ao chão como a terra
batida para o homem se apoiar, e diante de tal apoio, ele permitiu-se subir, e
então se elevou sobre o horizonte, tentando chegar cada vez mais alto, acima de
qualquer sombra, para assim contemplar melhor o mundo que lhe circundava. E foi
no alto do morro, frente a uma exuberante planície, que o conhecimento que
temos hoje se tingiu como um panorama.
Panorama...
O panorama que é preciso trazer até os olhos das pessoas
para então fazê-las enxergarem os contornos de seu mundo e assim entenderem o
sentido de sua beleza, e também fazê-las perceberem os vastos caminhos de
oportunidades que podem se abrir diante de seus olhos. Assim, e de nenhuma
outra forma, só o conhecimento pode fazer das pessoas guardiãs de si próprias, as
semeadoras de seu próprio sustento.
Infelizmente, é paradoxal e triste observar nos tempos que vivemos hoje, ainda que com tamanhas capacidades técnicas e experiências vividas e acumuladas, todo nosso conhecimento continuar vindo a ser tão sumariamente ignorado como da forma que vem sendo. As exigências da vida material e as suas indefinidas e infinitas metas de realização, cravadas no seio de uma sociedade que praticamente vive só de competição e demandas, impedem as pessoas de perceberem os frutos que um verdadeiro aprendizado pode lhes proporcionar.
O que acontece com o conhecimento hoje, é que ele é tratado como um meio e não como um fim. Seguindo aquela lógica da “caixa mágica”, um curso superior, por exemplo, é basicamente tratado como uma etapa, ou melhor, uma corrida de cavalo, onde no dia-a-dia da luta pelas notas, a linha de chegada se torna o diploma e a cerimônia de formatura. Isso entra em contraste com o panorama, na medida em que se finda ali um arreio cego de cavalo que, como besta domada, só tem sua fronte estreita como uma saída. Infelizmente, hoje, o conhecimento é muito mais um status ou um troféu de corrida, do que um valor.
Conhecimento, dissoluto e abrangente na sociedade, seria um remédio para todos os males. E mais importante ainda, acho que não poderá haver de forma alguma “harmonia espiritual” entre os homens dessa terra, enquanto eles não compreenderem que o próprio conhecimento que dentro deles mesmos jaz, encerra consigo um valor em si só.
Por isso, meus caros leitores, para concluir, eu vos digo
com a mais absoluta certeza que o futuro, ou melhor, o bom futuro, ele é,
inexoravelmente, panorâmico...
Stugbit Fernandez.